Economia

Nubank fecha pregão com valor superior ao do Itaú pela primeira vez em dois anos

Matheus Piovesana 28/05/2024
Nubank fecha pregão com valor superior ao do Itaú pela primeira vez em dois anos
Nubank fecha pregão com valor superior ao do Itaú pela primeira vez em dois anos - Foto: Reprodução/internet

O Nubank fechou o pregão desta terça-feira, 28, como a instituição financeira brasileira mais valiosa pela primeira vez desde 21 de fevereiro de 2022. Desde então, a fintech havia encerrado as sessões das Bolsas com valor inferior ao do Itaú Unibanco, que é o maior banco da América Latina, embora durante os pregões, tenha ultrapassado o conglomerado de forma pontual ao longo da última semana.

O Nubank é avaliado em US$ 58 bilhões, o equivalente a R$ 299,2 bilhões pelo câmbio desta terça. O Itaú vale R$ 288,6 bilhões, sendo o banco mais valioso entre os que são listados na B3. O Nu tem listagem somente na Bolsa de Nova York.

No primeiro trimestre, o Nubank teve lucro líquido de US$ 378,8 milhões, equivalente a R$ 1,952 bilhão, e um retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) de 23%. O Itaú teve resultado de R$ 9,771 bilhões no mesmo período, com ROE de 21,9%. Os números, porém, não são diretamente comparáveis: o Itaú tem licenças bancárias, o que gera maiores exigências de capital, além de atuar em um espectro mais amplo de atividades do que o Nubank.

As tendências distintas dos dois ativos explicam o "encontro" e a ultrapassagem do Nubank após dois anos e três meses. Neste ano, a ação do Itaú cai 3,2%, em linha com o movimento do Ibovespa. Os grandes bancos são portas de entrada e também de saída de investidores na Bolsa brasileira, dada a forte liquidez de seus papéis e, na frente operacional, sua correlação com a economia brasileira.

O Nubank, por outro lado, tem alta de 46,2% neste ano, uma das maiores no setor financeiro brasileiro. Embora esteja submetido às mesmas condições macroeconômicas dos bancos ao emprestar dinheiro no Brasil, que é seu maior mercado, o banco digital é negociado por um perfil distinto de investidor, que busca empresas de tecnologia e de forte potencial de crescimento.

A fintech tem demonstrado este crescimento. A carteira de crédito do Nubank, em dólares, cresceu 87% entre o primeiro trimestre de 2023 e o mesmo período deste ano, para US$ 9,7 bilhões, sendo que a maior parte deste total está no Brasil, embora a fintech não detalhe quanto vem de cada país. Neste mesmo intervalo, o crédito do Sistema Financeiro Nacional teve alta de 8,2%, para R$ 5,806 trilhões, de acordo com o Banco Central.

O efeito colateral do forte crescimento tem sido o índice de inadimplência, que no caso do banco digital era de 6,3% em março, contra 4,5% do crédito livre no País. A fintech tem dito que a prioridade é crescer e não controlar os atrasos, uma visão que os investidores que olham para a tese no exterior chancelam.

Reflexo desta visão são as perguntas que a fintech recebe ao fazer reuniões periódicas com investidores no exterior, os chamados "non-deal roadshows". Relatórios de bancos de investimento e relatos de fontes que participam dessas conversas apontam que a prioridade de fundos é saber sobre as oportunidades no México, país que é visto como a principal fronteira de crédito do negócio nos próximos anos.

No começo do mês, o Nubank atingiu a marca de 100 milhões de clientes em suas três operações: Brasil, México e Colômbia. São 92 milhões de clientes em solo brasileiro, quase 7 milhões no México e cerca de 1 milhão na Colômbia.

No exterior, a aposta é no crescimento que o Nubank poderá atingir, em especial no México. No Brasil, reside em sua capacidade de extrair mais receitas da base de clientes. Como o Nu praticamente não cobra taxas e tarifas, analistas apontam que a via é a concessão de crédito, com uma diversidade maior de linhas que o cartão de crédito roxo.

"A base de 90 milhões de clientes do Nubank no Brasil não vai crescer para sempre, mas pode certamente ser mais explorada do que é hoje", disse em relatório divulgado na segunda o analista Pedro Leduc, do Itaú BBA. "O aumento do uso do crédito pelo cliente é o ponto em que os conhecimentos em dados e a conexão com os usuários do Nubank podem ser mais rentáveis, e estamos começando a ver exatamente isso."