A cinco meses das eleições municipais em Recife, a federação entre Rede Sustentabilidade e PSOL travam um impasse para definir quem irá representar as siglas nas urnas. Na última sexta-feira, o diretório unificado oficializou a deputada estadual e líder da oposição à governadora Raquel Lyra (PSDB), Dani Portela (PSOL), o que gerou reação. A Rede emitiu nota afirmando desconhecer a decisão, enquanto o deputado federal Túlio Gadêlha culpou até mesmo o prefeito João Campos (PSB).

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Há meses, Portela e Gadêlha se dizem pré-candidatos, cada um por sua sigla, mas precisam entrar em um consenso, pois só um nome poderá disputar o pleito. Em março, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, esteve na capital para lançar seu aliado. Nos bastidores, contudo, a maior representatividade do PSOL na federação indica que Portela tem mais chance de vencer a disputa interna.

Após a oficialização na semana passado, contudo, a Rede afirmou respeitar o trabalho da deputada, mas não reconhecer a escolha de seu nome como candidata da federação. "O prazo para a realização das convenções partidárias ainda não teve início e, até lá, esse debate ainda seguirá nas instâncias competentes de acordo com as normativas internas", diz o posicionamento.

Já Túlio Gadêlha usou a proximidade de Dani Portela com o prefeito João Campos para fazer acusações. Quando vereadora na Câmara Municipal, a psolista integrava a oposição ao PSB, mas as diferenças diminuíram em 2022, quando ambos os partidos apoiaram a eleição de Lula (PT).

Em fevereiro deste ano, Campos foi a sua casa para conhecer seu filho mais novo, Jorge, de três meses, e lhe teceu elogios. Os dois tem em comum a governadora enquanto adversária.

— Conhecendo o pequeno Jorge, filhinho recém-nascido da deputada Dani Portela e de Jesualdo, e desejando muita saúde, felicidade e uma vida maravilhosa pra ele. Seja bem-vindo, Jorge! E saiba que você tem mãe guerreira e muito orgulhosa com a sua chegada — disse João Campos à época.

Segundo articuladores, para o prefeito seria melhor enfrentar a psolista, que estaria com menos pontos percentuais nas pesquisas internas.

Neste contexto, Gadêlha disparou contra Portela e afirmou que esta não é a primeira vez que o PSB estaria inviabilizando sua pré-candidatura. Segundo ele, em 2020, a sigla entregou a vice-prefeitura ao PDT, do qual era filiado à época, para que ele não participasse do pleito.

— Tentam fazer isso com o PSOL, partido da nossa federação e que historicamente sempre foi oposição ao PSB em Pernambuco. Se a avaliação do prefeito está tão boa, não entendo o medo em discutir o Recife conosco. Seguimos firmes com nossa pré-candidatura — disse.

'Machismo e racismo'

Dani Portela, por sua vez, rebateu as declarações do deputado federal e disse ser vítima de racismo e machismo.

— Chamar toda a minha trajetória de candidatura laranja e afirmar que o partido não faz oposição em Recife, é de um profundo desrespeito com toda a nossa história (...) Tulio rasga o estatuto da Federação, desrespeitando todas as decisões colegiadas, numa tentativa de ter seu desejo atendido a qualquer custo — afirma.