Internacional

Biden relembra Holocausto com discurso duro contra retórica de ódio nos campi universitários: 'Não somos um país sem lei'

Presidente americano também advertiu que, apenas sete meses após o ataque terrorista do Hamas a Israel, o mundo já está se esquecendo do que aconteceu

Agência O Globo - 07/05/2024
Biden relembra Holocausto com discurso duro contra retórica de ódio nos campi universitários: 'Não somos um país sem lei'
Biden relembra Holocausto com discurso duro contra retórica de ódio nos campi universitários: 'Não somos um país sem lei' - Foto: Reprodução / internet

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden fez um discurso duro, nesta terça-feira, para marcar o Dia da Lembrança para os sobreviventes do Holocausto, no Capitólio, em Washington, e condenou a retórica de ódio nos campi universitários do país, que há várias semanas foram tomados por protestos e ocupações pró-Palestina, com milhares de manifestantes detidos.

— Não somos um país sem lei — declarou. — Ninguém deveria ter que se esconder apenas para ser ele mesmo.

Biden também advertiu que o país e o mundo correm o risco de esquecer as lições do Holocausto e fez um breve histórico de como os nazistas se moveram em direção ao massacre de judeus em campos de concentração.

— Muitas pessoas negam, minimizam e racionalizam os horrores do Holocausto. Para mim, nunca mais é não esquecer — enfatizou. — Mas aqui estamos nós, sete meses depois, e as pessoas já estão se esquecendo que o Hamas fez e continua fazendo reféns. Isso é absolutamente desprezível e precisa acabar.

Segundo Biden, o ódio contra judeus "continua a habitar profundamente os corações de muitas pessoas no mundo", citando os assassinatos de 7 de outubro como um exemplo primordial desse antissemitismo contínuo.

O discurso ocorreu após semanas de protestos nos campi universitários americanos contra a guerra de Israel em Gaza, com estudantes exigindo que o governo pare de enviar armas para o exército israelense. Em alguns casos, as manifestações incluíram retórica antissemita e assédio contra estudantes judeus. Mais de 2 mil pessoas foram presas, segundo um levantamento.

Desde o mês passado, dezenas de campi nos EUA viram os protestos contra a guerra em Gaza ganharem força, a começar pela Universidade Columbia, em Nova York, onde um acampamento foi desmantelado pela polícia e mais de 100 pessoas foram presas. No Texas, a Guarda Nacional do estado foi acionada e, além das prisões, houve agressões contra estudantes e professores, algumas delas gravadas e divulgadas em redes sociais.

As falas do presidente americano também chegam em um momento crítico para Biden. Em meio a uma acirrada campanha eleitoral, ele tem tentado se equilibrar entre o seu apoio à guerra de Israel contra o Hamas e a indignação popular sobre o preço cobrado dos civis em Gaza, enquanto grupos judaicos pressionam o governo a tomar medidas mais firmes para combater o antissemitismo.

Nos campi, o nome de Biden não é mencionado de forma positiva por seu apoio quase irrestrito a Israel, que incluiu a aprovação recente de um pacote de ajuda de US$ 14 bilhões (R$ 71,59 bilhões), além de mais de 100 vendas de armas, incluindo equipamentos e bombas usados em Gaza. Ao ser questionado, na semana passada, se os protestos mudaram sua posição sobre o conflito que deixou mais de 34,5 mil mortos no enclave palestino, respondeu que não.

Durante meses, o democrata enfrentou críticas ferozes sobre seu apoio a Israel, mesmo dentro de seu próprio partido. Ele se manteve na corda bamba ao responder aos protestos nos campi, denunciando a violência e o comportamento de assédio e, ao mesmo tempo, tentando reconhecer a raiva pelas condições em Gaza. As autoridades de Saúde do enclave governado pelo grupo terrorista Hamas dizem que o número de mortos ultrapassou 34 mil palestinos, e as agências humanitárias alertam que os residentes estão à beira da fome. (Com The New York Times)