Economia

Moody's está mais otimista com Brasil do que economistas do País, diz Maílson da Nóbrega

Francisco Carlos de Assis 01/05/2024
Moody's está mais otimista com Brasil do que economistas do País, diz Maílson da Nóbrega
Moody's está mais otimista com Brasil do que economistas do País, diz Maílson da Nóbrega - Foto: Reprodução/internet

Ao confirmar o rating BA2, elevar o outlook da dívida soberana de médio e longo prazos do Brasil e atestar que a perspectiva de crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) do País hoje é mais robusta do que na pré-pandemia, a agência de classificação de riscos Moody's se mostra mais otimista que os economistas brasileiros. A análise, feita ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) é do ex-ministro da Fazenda e atual sócio da Tendências Consultoria Integrada Maílson da Nóbrega.

Na avaliação dele, a ação da Moody's acaba sendo uma surpresa sobretudo porque todas as análises disponíveis são praticamente unânimes em afirmar que o Brasil não conseguirá estabilizar a sua relação dívida/PIB pelo menos ao longo dos próximos dez anos.

"As previsões para a dívida proporcionalmente ao PIB para o período varia de 81% a 84%, a depender da composição da taxa de juro. Todos que acompanham de perto o fiscal falam isso", disse Maílson, acrescentando, contudo, que de qualquer forma é uma notícia positiva se trata de uma grande e importante agência de classificação de riscos endossando melhoras na economia brasileira. "O governo tem mais é que comemorar muito mesmo esta notícia. O difícil será conseguir de volta o grau de investimento. Isso não ocorrerá nem neste e nem no próximo governo porque houve uma piora considerável da rigidez orçamentária, o que impede o governo de gerar superávits primários e reduzir a dívida. E para estabilizar a dívida precisaria de superávits seguidos de 1,5% a 2% do PIB", ponderou o ex-ministro.

Maílson diz ainda que não consegue ver como o governo poderia atacar a questão da dívida, com crescentes reduções da dívida por conta, entre outras coisas, dos reajustes dos salários defasados do funcionalismo publico.

"Uma das razões para o governo ter reduzido para zero a meta do resultado primário para 2025 foi para ter margem de manobra para aliviar a pressão dos órgãos gastadores e poder mandar dinheiro para ciência e tecnologia, educação, etc. Mas daqui a pouco vamos ter Polícia Federal reclamando que não tem dinheiro para passaportes, Ibama dizendo que não vem recursos para fazer as fiscalizações", preveniu Maílson, acrescentando que a Moody's não deve ter avaliado corretamente a incapacidade do Brasil de estabilizar a relação dívida/PIB.