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Você aquece água no micro-ondas? Veja os riscos e a forma mais segura de fazer isso

Criado em 1945, ele pode gerar consequências para a saúde se não for utilizado de maneira correta

Agência O Globo - 27/04/2024
Você aquece água no micro-ondas? Veja os riscos e a forma mais segura de fazer isso

Não há dúvida de que o micro-ondas é um dos grandes aliados da cozinha. Um eletrodoméstico de múltiplas utilizações que tira qualquer pessoa da rotina diária em poucos minutos: descongela, aquece e ajuda na preparação de alimentos e bebidas. Para muitos, ele é essencial, embora a sua utilização esconda algumas peculiaridades que é importante levar em conta.

É fundamental ter cuidado com os recipientes que são introduzidos, pois nem todos são seguros. Existem materiais que podem deformar-se com o calor e libertar substâncias que contaminam os alimentos e podem danificar o aparelho. Justamente por isso, se recomenda a utilização de vidro e cerâmica, que são os materiais que melhor se adaptam.

Ao falar sobre seu funcionamento, Diana Miriam Kabbache, nutricionista com especialização no estudo dos alimentos e seus perfis nutricionais, explica que o magnetron é o principal componente do micro-ondas que transforma energia elétrica em energia eletromagnética, cria ondas muito pequenas. Estas, que interagem com as moléculas de água dos alimentos, gerando calor e consequente aumento de temperatura.

O micro-ondas surgiu em 1945 como uma invenção revolucionária de Percy LeBaron Spencer, um cientista americano que trabalhava na Raytheon Manufacturing Company, empresa dedicada à eletrônica militar. A origem desta descoberta foi totalmente espontânea. Aconteceu quando este homem caminhava por um dos laboratórios da empresa e por acaso passou em frente a um magnetron aceso: um aparelho base para radares do exército, que nada mais fez do que amolecer a barra de chocolate que guardava no bolso.

Surpreso com o que acabara de acontecer, Spencer começou a experimentar diferentes alimentos até entender por que e como ocorreu essa transformação. Ele experimentou um ovo que explodiu assim que foi cozido, também experimentou com uma chaleira com água que ferveu rapidamente. Isso lhe deu a oportunidade de usar esse elemento e criar o micro-ondas que lançou no mercado dois anos depois pelo preço de US$ 3 mil (cerca de 15 mil reais).

O micro-ondas também é equipado com ventilador, elemento que segundo reportagem da National Geographic é essencial, pois ajuda a distribuir as ondas eletromagnéticas por todo o aparelho, evitando que se concentrem em uma única direção e aqueçam apenas uma pequena porção do alimento ou bebida. No entanto, como estas ondas muitas vezes ricocheteiam nas paredes do aparelho e reduzem a zona de impacto, as micro-ondas incorporam frequentemente uma placa rotativa para garantir um aquecimento mais uniforme.

Água e micro-ondas combinam?

Aquecer água no micro-ondas é diferente de fazer no fogão convencional, onde o líquido é aquecido de baixo para cima, fazendo com que o líquido se mova e evapore aos poucos, como aponta o engenheiro Patricio Sorichetti.

— No micro-ondas, o processo de fervura ocorre de cima para baixo, de modo que o fluido permanece parado e não evapora tão rapidamente. Isso exige cautela ao retirar o copo ou caneca do micro-ondas, pois o movimento brusco do líquido e sua evaporação abrupta podem causar o estouro do recipiente — explica o especialista.

Porém, Sorichetti sugere não se alarmar e incentiva a tomar alguns cuidados ao aquecer água no micro-ondas, por exemplo, para fazer chá. Uma de suas sugestões é colocar o saquinho de chá diretamente na xícara para ajudar a movimentar o líquido e evitar que o calor se concentre apenas na superfície. Além disso, propõe colocar uma colher (própria para micro-ondas) dentro do recipiente com água para facilitar a movimentação do fluido e sua consequente evaporação.

— Se quiser aquecer alimentos, é muito provável que uma parte fique mais quente que a outra dependendo da área que tem mais água — explica o engenheiro.

Por outro lado, quando questionado sobre o mito de que os alimentos mudam de sabor quando expostos ao micro-ondas, Kabbache esclarece que há simplesmente mudanças químicas, assim como quando você cozinha algo no forno ou na grelha porque os aminoácidos e as proteínas que compõem os alimentos passam por transformações.

Ao cozinhar um ovo no micro-ondas, prática comum, os especialistas recomendam retirar a casca e colocá-la em um recipiente. Se aquecido em seu invólucro original, pode explodir.

— A mesma coisa acontece com a água fervente: o líquido dentro dela não se move — explica Sorichetti.

Objetos proibidos no microondas

Em linhas gerais, os produtos habilitados são, segundo os especialistas consultados, recipientes de vidro e cerâmica, pois toleram muito bem o calor e não liberam compostos prejudiciais à saúde e aqueles que possuem o rótulo “adequado para micro-ondas”.

Abaixo estão os itens que não são recomendados para serem aquecidos:

Recipientes de alumínio ou metal: Para Sorichetti, tanto as bandejas quanto o papel alumínio que costuma embrulhar os alimentos congelados não devem ser colocados no micro-ondas, pois podem causar faíscas e problemas elétricos a ponto de superaquecer o aparelho e fazer com que ele pare de funcionar. Especificamente, este tipo de material é condutor de eletricidade, portanto não tem capacidade de absorver ondas eletromagnéticas.

Plástico: Quando este material é de má qualidade ou não é adequado para microondas, pode acabar derretido ou derretido e contaminar os alimentos. “É preciso ter cuidado para que não se deforme porque nesse estado as partículas podem passar para o alimento e é perigoso”, diz Kabbache.

Utensílios de madeira: Este produto é sensível ao calor, portanto pode ser altamente inflamável. Porém, Sorichetti esclarece que depende da espessura e do tipo de madeira com que é feito, pois “nem todos são iguais nem têm as mesmas características”.

Itens de cerâmica ou porcelana com esmalte: Esses tipos de utensílios costumam ser revestidos com esmaltes que, se expostos ao calor, além de derreterem, podem gerar faíscas. Isso não afetará apenas o formato do elemento, mas o micro-ondas poderá quebrar.

Sacolas de papel: Esse tipo de embalagem, muito utilizada para congelar alimentos no freezer até para guardar compras de supermercado, geralmente não resiste muito bem a altas temperaturas e consequentemente, derrete ou libera substâncias químicas prejudiciais ao organismo.

Objetos de poliestireno: Esses elementos costumam ser encontrados nos supermercados: são as bandejas que acompanham, por exemplo, peixes, carnes ou frutas e legumes. Um recipiente com estas características não está preparado para suportar altas temperaturas; Se exposto ao microondas, liberará aditivos químicos.