Internacional

Estudantes de universidade em Paris aderem aos atos pró-Palestina, e instituição na Califórnia cancela formatura por 'medida de segurança'

Entrada da prestigiada Escola Superior de Ciências Políticas de Paris foi bloqueada, mas movimento segue restrito à capital, diz presidente do Conselho Representativo das Instituições Judaicas de França (Crif)

Agência O Globo - 26/04/2024
Estudantes de universidade em Paris aderem aos atos pró-Palestina, e instituição na Califórnia cancela formatura por 'medida de segurança'

Um grupo de estudantes bloqueou, nesta sexta-feira, o prestigiado Instituto de Estudos Políticos (Sciences Po Paris) para exigir uma “condenação clara das ações de Israel” na Faixa de Gaza. O ato ocorre na sequência dos protestos pró-Palestina nas universidades americanas que, apesar da forte repressão policial e das centenas de detenções registradas desde a semana passada, têm se avolumado. Na Universidade do Sul da Califórnia (USC), em Los Angeles, onde 93 estudantes foram detidos, a sua principal e tradicional cerimônia de formatura foi cancelada devido a "novas medidas de segurança".

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As manifestações em frente à Escola Superior de Ciências Políticas de Paris começaram na quinta-feira à noite. Os manifestantes bloquearam a entrada do edifício histórico com materiais de construção e caixotes do lixo. Nesta manhã, os estudantes que pernoitaram podiam ser vistos pelas janelas do centro, com kufiyas na cabeça, bandeiras palestinas penduradas nas grades e slogans de apoio à sua causa.

Assim como suas homólogas americanas, o comitê Palestina do Instituto de Estudos Políticos pede “a condenação clara das ações de Israel” em Gaza e o “fim da colaboração” com todas as “instituições” consideradas cúmplices da “opressão sistémica do povo palestiniano”.

O grupo também apela ao fim da “repressão das vozes pró-palestinas no campus”, depois do centro ter sido acusado de permitir o florescimento do antissemitismo. A AFP não conseguiu entrar em contato com a direção do centro. Segundo o Le Monde, a direção do Instituto organizou uma reunião com representantes dos estudantes.

O presidente do Conselho Representativo das Instituições Judaicas de França (Crif), Yonathan Arfi, qualificou esta mobilização como “perigosa”, embora tenha reconhecido que não é “massiva”, em declarações ao canal LCI.

Evento cancelado

O movimento na França ocorre no momento em que os protestos pró-Palestina se multiplicam nas universidades dos Estados Unidos. Apesar da prisão de mais de 400 pessoas desde semana passada, violência policial, e até ameaças de expulsão de alunos envolvidos nos atos, como na Universidade Princeton, Nova Jersey, os acampamentos espalhados pelos campi se avolumaram, e mais de 20 instituições de ensino superior aderiram ao movimento que pressiona por um cessar-fogo em Gaza e por medidas efetivas de suas reitorias para cortar laços com empresas que apoiam a guerra de Israel contra o Hamas no enclave palestino.

Diante das manifestações, algumas universidades suspenderam as aulas presenciais, enquanto outras sugeriram a professores e alunos utilizarem meios digitais para não prejudicar o andamento do semestre, que deve encerrar nas próximas semanas. Na Universidade do Sul da Califórnia (USC), a cerimônia tradicional, que congrega 65 mil estudantes, familiares e amigos ao mesmo tempo durante 1h30, foi cancelada. "Compreendemos que isto é decepcionante", escreveu a universidade em um comunicado divulgado na quinta-feira.

Os ritos não deixarão de ocorrer, mas foram fragmentados em pelo menos 23 cerimônias de formatura satélite nas escolas e faculdades segundo a programação, além de recepções menores segundo cada departamento. Ainda assim, algumas medidas foram implementadas para evitar distúrbios, como a emissão de bilhetes (cada aluno poderá reservar gratuitamente entradas para até oito convidados) e a revista de bolsas e malas.