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'Guerra civil': saiba como foi feita a sequência final do filme (SPOILERS)

Filme que imagina conflito armado que divide os Estados Unidos no caos estreia no Brasil nesta quinta (18)

Agência O Globo - 17/04/2024
'Guerra civil': saiba como foi feita a sequência final do filme (SPOILERS)

ATENÇÃO: SPOILERS PARA O FILME 'GUERRA CIVIL'

Quando Alex Garland estava escrevendo o roteiro de "Guerra Civil", começou com ideias para os últimos momentos da história.

— De certa forma, o filme foi feito com uma engenharia reversa a partir do final — disse ele, também diretor do longa que estreou semana passa no topo da bilheteria nos EUA e chega aos cinemas brasileiros nesta quinta (18).

O caminho para esse final mostra as Forças Ocidentais rebeldes chegando a Washington, sitiando a Casa Branca e encurralando o presidente (Nick Offerman), tudo isso enquanto os jornalistas no centro do filme capturam tudo com suas próprias lentes. São 20 minutos de tela implacáveis e barulhentos, durante os quais o Lincoln Memorial é explodido. Garland disse que queria que o público sentisse "aversão e consternação".

Também foi um desafio de produção intrincado, que envolveu a recriação digital de Washington, filmagens em cenários em toda a área de Atlanta e execução de coreografias detalhadas que Garland comparou a "jogadas de futebol". (Garland é britânico, mas ele observou que "football" pode se referir ao futebol ou ao futebol americano. "É como pequenos círculos, triângulos e flechas", acrescentou).

Desde o início de "Guerra Civil", dois jornalistas — Lee (Kirsten Dunst), uma fotógrafa, e Joel (Wagner Moura), um correspondente — querem chegar à Casa Branca para uma audiência com o presidente. Eles chegam lá ao lado de Jessie (Cailee Spaeny), uma fotógrafa mais jovem e novata que idolatra Lee. No final, é Jessie quem consegue a foto mais importante.

Mas, antes disso, eles precisam passar por uma operação militar traiçoeira em ruas próximas à Casa Branca.

Casa Branca reconstruída em estacionamento

O processo de criação da sequência começou com uma viagem a Washington com os membros da equipe, incluindo Garland, o diretor de fotografia Rob Hardy e o supervisor de efeitos visuais David Simpson. A equipe percorreu a rota da invasão, disse Simpson, mapeando como as tropas se deslocariam do memorial até a Casa Branca.

A princípio, a ideia era encontrar locações em Atlanta que pudessem funcionar como Washington, mas isso se mostrou muito complicado, de acordo com Simpson. Em vez disso, eles construíram três cenários em um estacionamento em Stone Mountain, Geórgia, cercados por milhares de metros de tela azul. O exterior da residência do presidente foi representado por uma réplica que existe nos estúdios Tyler Perry, mas Garland usou apenas alguns dos interiores de Perry. Em vez disso, eles construíram seu próprio corredor, com quartos ao lado, que levavam ao Salão Oval. A designer de produção Caty Maxey disse que o próprio Salão Oval foi alugado, para que eles pudessem ajustá-lo mais facilmente às suas especificações.

"Tivemos muito cuidado para obter o tom certo da Casa Branca real", disse Maxey. "Mas como não queríamos que ela fosse vinculada a nenhum partido político, presidente ou ex-presidente, mantivemos deliberadamente a neutralidade." A ideia era replicar a objetividade dos jornalistas protagonistas.

Para todos os departamentos, a meta era fazer com que o ataque a Washington parecesse o mais real possível.

— Deliberadamente, nos afastamos de qualquer coisa que parecesse muito hollywoodiana ou cinematográfica — disse Simpson. — Queríamos que parecesse que você tinha visto uma reportagem.

A responsabilidade de Simpson era criar uma versão digital inteira de Washington como uma zona de guerra, desde o Lincoln Memorial até os postes de iluminação pública e os interiores dos escritórios. Quando chegou a hora de demolir o memorial, Simpson e sua equipe encontraram vários exemplos do que um míssil javelin faria, selecionando uma explosão antes de recriá-la "meticulosamente".

'Dava para sentir a tensão se tornando palpável'

Além da especificidade digital, a logística do ataque foi mapeada de várias maneiras. Garland não fez o storyboard, mas pegou seu telefone durante a entrevista para mostrar os diagramas que usou para traçar o movimento de veículos e personagens. Maxey disse que eles usaram modelos dispostos em uma mesa de conferência para garantir que todas as partes diferentes se encaixassem.

Garland filmou o filme em ordem cronológica, ou seja, Washington ficou no final. À medida que o tempo se aproximava, Hardy disse que a expectativa aumentava.

— Dava para sentir a tensão se tornando palpável — disse ele. — Havia uma sensação real de que a hora estava chegando.

Hardy queria que o público mergulhasse na luta. Isso também significava obter as imagens que os jornalistas da história estão capturando, que são mostradas durante a ação. Enquanto os atores filmavam com as câmeras nas mãos, a equipe de Hardy usava uma câmera para capturar imagens.

Embora a experiência de ver a capital do país se transformar em um campo de batalha em "Guerra Civil" seja um pesadelo, para Hardy foi mais como um balé:

— Preparamos tudo com tanto afinco que, quando começamos a filmar, todos sabiam onde o Humvee iria parar, todos sabiam onde o tanque estava chegando, todos sabiam quando a Besta iria atravessar as portas e onde iria aterrissar. Meu trabalho é sentir como se estivesse realmente acontecendo naquele momento.