Internacional
Sem energia da Colômbia, Equador suspende jornada de trabalho por dois dias devido ao déficit hidrelétrico
Medida também impacta o sistema educacional do país; alunos de escolas e faculdades públicas, privadas, municipais e comunitárias não assistirão às aulas na quinta e sexta-feira
O presidente do Equador, Daniel Noboa, decretou nesta quarta-feira a suspensão por dois dias das atividades laborais no setor público e privado, diante da crise energética causada por um déficit histórico nos reservatórios que abastecem as represas hidrelétricas do país e de seu principal fornecedor, a Colômbia. A medida também impacta alunos de escolas e faculdades públicas, privadas, municipais e comunitárias, que não assistirão às aulas nos mesmos dias.
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Noboa decretou a "suspensão da jornada de trabalho" na quinta e na sexta-feira, informou a Presidência em um comunicado, acrescentando que os setores estratégicos do Poder Executivo "estarão operacionais e 100% focados na tarefa de resolver a crise energética" durante a paralisação obrigatória. O presidente equatoriano indicou ainda que "a jornada de trabalho será recuperada no setor público com uma hora adicional nos dias subsequentes", enquanto no setor privado a fórmula de compensação "será determinada de comum acordo entre empregadores e trabalhadores".
— O decreto prevê a suspensão dos dias de trabalho. Os professores são funcionários públicos, portanto, isso também se aplica ao sistema educacional — afirmou um porta-voz do Ministério da Educação durante entrevista coletiva nesta quarta-feira, segundo o jornal local La Hora.
A decisão não responde apenas "às circunstâncias ambientais", mas a "atos de corrupção e negligência sem precedentes", afirmou a Presidência. Após uma "investigação preliminar" sobre as ações do Ministério de Energia e Minas, foram encontrados indícios de que funcionários de alto nível dessa pasta estatal ocultaram informações sobre a situação real da crise energética.
De acordo com o comunicado, as autoridades do ministério "suprimiram e desfizeram avisos e alertas ao Comitê de Crise Energética, de modo que essa grave situação não fosse conhecida para a tomada de decisões oportunas".
Corte colombiano
Na terça-feira, o presidente já havia decretado emergência no setor elétrico e pedido a renúncia da então ministra da energia, Andrea Arrobo. A pasta foi entregue ao diretor de transportes e obras públicas, Roberto Luque, e uma investigação sobre suspeitas de corrupção que afetariam a produção de eletricidade foi ordenada.
A decisão foi tomada um dia após a Colômbia informar que deixou de exportar energia para o Equador como medida para fazer face à grave seca associada ao fenômeno El Niño, que também atinge o país e deixou os reservatórios colombianos abaixo de 30% da sua capacidade.
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Diante da crise energética, Noboa garantiu que em abril será cobrado apenas 50% da conta de luz das residências. O governo, contudo, não especificou quando os cortes de energia serão interrompidos.
Durante o governo de seu antecessor, Guillermo Lasso, o Equador enfrentou cortes de energia de até quatro horas devido às baixas vazões nos rios que alimentam as usinas hidrelétricas. Na ocasião, o Equador chegou a um acordo com a Colômbia para a compra de energia.
A operadora que administra os reservatórios colombianos registrou em março a exportação de 129 gigawatts/hora para o Equador, que aumentou suas importações de energia no final de 2023, também devido às secas associadas ao El Niño (que terminou na terça-feira) e ao aquecimento global.
Seca prolongada
A Colômbia também tem sido castigada por uma seca que deixou várias hidrelétricas próximas de níveis críticos, o que levou à interrupção da exportação de energia para o Equador.
— Desde a Páscoa limitamos a exportação de energia para o Equador. Neste momento não estamos exportando energia — disse à imprensa o ministro de Minas e Energia da Colômbia, Andrés Camacho.
No meio de uma seca prolongada, a Colômbia, que depende em grande parte da produção hidroelétrica, adotou "todas as medidas" para evitar a suspensão do serviço energético.
— Temos todas as [centrais] térmicas no máximo — explicou Camacho, acrescentando que o país também recorre a fontes "renováveis" e "centrais hidráulicas" para suprir a necessidade dos seus 50 milhões de habitantes.
Os reservatórios do país estão atualmente com 29,8% de sua capacidade, segundo a operadora do sistema, XM — e perto do nível "crítico" de 27%. (Com AFP)
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