Internacional
Mais de 50 mil soldados russos morreram desde o início da guerra na Ucrânia, aponta relatório que usou imagens de satélite de cemitérios
Contagem observou um aumento de 25% frente ao número de militares mortos no 2º ano de guerra; mais de 15 pessoas morreram em bombardeio cidade histórica ucraniana
Mais de 50 mil soldados russos teriam morrido desde o início da invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022, de acordo com uma contagem do serviço em russo da BBC e do site russo Mediazona. A estimativa, publicada nesta quarta-feira após pesquisa conjunta desde fevereiro de 2022 e finalizada em 7 de abril de 2024, baseia-se em várias fontes de informação, incluindo comunicados de imprensa oficiais, relatórios de imprensa e mídia social — e até imagens de satélite dos cemitérios russos para estimar o número de novas sepulturas.
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Nem a Ucrânia nem a Rússia publicaram relatos oficiais de suas perdas desde o início da guerra, portanto, ambas as mídias alertam que sua contagem não pretende ser exaustiva. No final de fevereiro, a Ucrânia em uma rara declaração oficial estimou em 31 mil o número de soldados mortos, enquanto o exército russo evita relatar suas perdas militares.
Em agosto passado, o New York Times, citando autoridades dos EUA, estimou as perdas militares russas em 120 mil soldados mortos. Em 29 de janeiro, em uma resposta por escrito a um deputado, o ministro da Defesa britânico, James Heappey, estimou o número de soldados russos mortos ou feridos em 350 mil. O número de 50 mil, além disso, é oito vezes maior do que um balanço divulgado em setembro de 2022 pelo Ministério da Defesa.
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O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em resposta ao relatório, invocou nesta quarta-feira a "lei sobre segredos de Estado" e o "caso particular" da invasão da Ucrânia pela Rússia para justificar a falta de comunicação oficial sobre as perdas militares de seu exército. Segundo a BBC, além dos documentos, os envolvidos contaram novas sepulturas em 70 cemitérios russos, e as imagens aéreas mostram que eles foram ampliados significativamente.
Custo humano de conquistas
Em seu trabalho, a BBC Russian e a Mediazona estavam particularmente interessadas no destino dos prisioneiros russos recrutados para lutar no front. Dezenas de milhares de prisioneiros foram recrutados nas prisões russas em troca de uma promessa de libertação.
De acordo com a investigação das duas mídias, de uma amostra de mais de mil prisioneiros, metade dos recrutados pelo exército russo morreu dois meses depois de ser enviada para o front. Os recrutados pelo grupo paramilitar Wagner geralmente morriam três meses após o alistamento.
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Os dois meios de comunicação também observam que mais de 27,3 mil soldados russos morreram no segundo ano do conflito, um aumento de 25% em relação ao primeiro, "ilustrando o enorme custo humano dos ganhos territoriais" obtidos pelo exército enviado pelo governo de Vladimir Putin.
No ano passado, a Rússia lançou uma ofensiva em grande escala em Donetsk, e novamente meses depois, no ano passado, durante a batalha pela cidade de Bakhmut, uma das mais violentas e prolongadas do conflito. Moscou também reivindicou, em fevereiro deste ano, a conquista de Avdiivka — epicentro dos combates mais ferozes da guerra na Ucrânia.
Cidade histórica atingida
Também nesta quarta, um bombardeio russo deixou pelo menos 17 pessoas mortas e 60 feridos, incluindo três crianças, em Chernígov, uma cidade no norte da Ucrânia, disse o serviço de situação emergência do país. Mísseis russos danificaram a infraestrutura social, um centro educacional, um hospital e 16 prédios residenciais.
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O prefeito de Chernígov, Oleksandr Lomako, disse à mídia estatal que o bombardeio atingiu uma área "densamente povoada" da cidade e atingiu um prédio civil. Fotos oficiais mostram poças de sangue. Uma moradora relatou à AFP que se abrigou com os filhos no corredor de seu prédio quando o primeiro míssil explodiu.
— Começamos a gritar para que todos fossem para o chão. Houve mais duas explosões — disse Olga Samoïlenko, de 33 anos.
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O presidente Volodymyr Zelensky afirmou, em uma publicação no Telegram, que o ataque poderia ter sido evitado se a cidade tivesse recebido defesas antiaéreas suficientes "e se a determinação do mundo em resistir ao terror da Rússia fosse suficiente". O líder ucraniano tem reiterado seu apelo por mais ajuda das potências ocidentais para lidar com a invasão russa.
A cidade de Chernígov,, localizada em uma região homônima que faz fronteira com a Bielorrússia, estava sob ocupação no início da invasão russa da Ucrânia em 2022, mas após a retirada das tropas de Moscou há cerca de dois anos, não houve mais combates. A região é uma das mais antigas do país, fundada há quase mil anos, está localizada a 145 quilômetros ao norte de Kiev e tinha uma população de 285 mil antes da guerra.
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