Esportes
Disputa por R$ 750 mil agrava crise administrativa no CSE e expõe ingerência da Prefeitura
Atual presidente Barbosa expõe ligação familiar entre o clube e o prefeito que deseja outro nome no comando do clube
A crise administrativa no Clube Sociedade Esportiva (CSE) de Palmeira dos Índios atingiu um novo patamar com a disputa por uma possível premiação de R$ 750 mil que o clube poderá receber da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) pela participação na Copa do Brasil de 2025. Essa quantia significativa tornou-se o centro de uma batalha pelo controle do clube, evidenciando a ingerência política da prefeitura local e ameaçando o futuro do CSE no cenário futebolístico alagoano.
A expectativa pelo montante está atrelada à possível classificação do Fortaleza entre os seis primeiros colocados do Campeonato Brasileiro de 2024, o que abriria uma vaga adicional para clubes alagoanos na Copa do Brasil. Caso isso se concretize, o CSE seria beneficiado financeiramente, tornando-se alvo de disputas internas e externas.
Eleições conturbadas e estatuto em debate
Uma eleição para a nova presidência do CSE está marcada para a próxima quinta-feira, 8 de novembro. No entanto, o processo eleitoral tem sido alvo de controvérsias. Conforme anunciado pelo radialista Antônio Oliveira no programa "Bola na Rede", o pleito será realizado por um universo restrito de eleitores: apenas os sete sócios fundadores remanescentes, uma vez que três já faleceram. Essa disposição está de acordo com o estatuto do clube, datado de 1997, que confere direito a voto apenas aos membros beneméritos.
A chapa liderada por Carlos Guruba, apoiada pelo prefeito Júlio Cezar, surge como principal concorrente. O prefeito, conhecido como "imperador", tem manifestado interesse direto na direção do clube, apoiando Guruba e o vice Antônio Umbelino, ambos candidatos a vereador derrotados no último pleito. Outros nomes, como o atual presidente José Barbosa e Roberval Cavalcante, também demonstraram interesse em concorrer, embora haja dúvidas sobre a elegibilidade de alguns candidatos conforme o estatuto. Após uma conversa, Barbosa e Roberval se uniram, sendo Roberval nomeador Diretor de Futebol do clube.
José Barbosa, por sua vez, alega ter o respaldo da Federação Alagoana de Futebol (FAF) e da CBF para permanecer no cargo até 2026, baseado em um parecer jurídico emitido por advogados contratados pela diretoria. O documento argumenta que as eleições deveriam ter ocorrido em junho, conforme o estatuto, e que uma chapa de oposição apresentada fora desse prazo seria considerada intempestiva.
Ingerência política e transparência financeira
A situação se agrava com a revelação feita por José Barbosa no programa "Bola na Rede". Ao ser questionado sobre a prestação de contas do clube, que depende em cerca de 95% de recursos públicos, Barbosa afirmou que José Alves, diretor do CSE e primo do prefeito Júlio Cezar, é quem entrega as contas diretamente à prefeitura. Essa proximidade familiar levanta suspeitas sobre a transparência financeira do clube.
O vereador Toninho Garrote tentou instaurar uma investigação sobre as contas do CSE na Câmara Municipal, mas o requerimento foi rejeitado pelos vereadores alinhados ao prefeito. Além disso, a recente renúncia de Onofre Raimundo, presidente do Conselho Deliberativo do clube, deixou uma vacância num momento crítico, aumentando as incertezas sobre a governança do CSE.
Possíveis consequências e o futuro do clube
A crise administrativa coloca em risco não apenas a participação do CSE em competições futuras, mas também sua própria existência. A falta de transparência na prestação de contas e a possível violação do estatuto podem resultar em sanções severas por parte dos órgãos reguladores do futebol, incluindo a FAF e a CBF.
Enquanto isso, a torcida assiste apreensiva aos desdobramentos. A perspectiva de receber R$ 750 mil deveria representar um avanço para o clube, possibilitando investimentos em infraestrutura e elenco. No entanto, a disputa pelo controle desses recursos expõe fragilidades institucionais e coloca em xeque a gestão do CSE.
A eleição marcada para 8 de novembro será decisiva. Caso não haja um consenso e a crise persista, o clube corre o risco de sofrer intervenções ou até mesmo ser impedido de participar de competições oficiais. A comunidade esportiva de Palmeira dos Índios espera que prevaleça o interesse coletivo pelo fortalecimento do futebol local, acima de disputas políticas e pessoais.
A batalha pelo controle do CSE, impulsionada pela possibilidade de receber R$ 750 mil da CBF, escancara os problemas estruturais e a interferência política no clube. Transparência, respeito ao estatuto e afastamento de influências externas são essenciais para que o CSE retome o caminho do sucesso e continue sendo motivo de orgulho para Palmeira dos Índios.
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