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De Dubai ao Afeganistão, fortes chuvas deixam mais de 150 mortos, ruas inundadas e casas destruídas; vídeos

Especialistas afirmam que caso pode ser resultado das mudanças climáticas; mais precipitações devem ocorrer nesta quarta-feira

Agência O Globo - 17/04/2024
De Dubai ao Afeganistão, fortes chuvas deixam mais de 150 mortos, ruas inundadas e casas destruídas; vídeos

As fortes chuvas que têm atingido Dubai, Paquistão, Afeganistão e Oman nos últimos dias já mataram mais de 150 pessoas, segundo as autoridades locais. Apenas no Afeganistão, de acordo com relatórios preliminares, ao menos 23 províncias foram inundadas e 66 pessoas morreram. Outras 36 ficaram feridas, e 600 animais foram mortos. Somado a isso, mais de 1,2 mil casas foram destruídas. Em Dubai, os 254 milímetros de chuva reportados foram equivalentes a dois anos de precipitações nos Emirados Árabes Unidos.

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O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários no Afeganistão anunciou, nesta terça-feira, que a ONU e seus parceiros estão “avaliando o impacto e as necessidades relacionadas e fornecendo assistência”. Conforme publicado pela CNN, o Afeganistão tem sofrido com anos de conflitos e desastres naturais, embora a crise econômica e humanitária tenha sido intensificada a partir de 2021, quando o grupo fundamentalista Talibã assumiu o controle do país, 20 anos depois de seu regime ter sido derrubado pelos EUA.

No Paquistão, 65 pessoas morreram e quase 170 casas foram completamente destruídas. As residências parcialmente danificadas somam mais de 1,2 mil. O escritório meteorológico do país alertou que mais chuvas devem ocorrer na província de Baluchistão nesta quarta-feira, estendendo-se para o restante do país na quinta — previsões incomuns para a região nesta época do ano. Um dos países mais vulneráveis ao clima no mundo, o Paquistão tem enfrentado condições extremas, com ondas de calor e inundações catastróficas.

— Todas as fatalidades resultaram do desabamento de paredes e telhados — disse à AFP Anwar Khan, porta-voz da autoridade de gestão de desastres da província de Khyber Pakhtunkhwa, acrescentando que pelo menos 29 pessoas morreram por raios na região, e que moradores foram forçados a buscar refúgio em terrenos mais altos, incluindo nos acostamentos de rodovias, criando tendas improvisadas.

Em 2022, as fortes chuvas mataram mais de 1,1 mil paquistaneses, varreram casas e destruíram terras agrícolas. Um terço do país ficou “submerso”, e a ministra da Mudança Climática, Sherry Rehman, classificou a situação como “uma crise de proporções inimagináveis”. Na ocasião, a ONU e o governo local, que chegou a declarar estado de emergência, lançaram um pedido de ajuda estimado em US$ 160 milhões (R$ 841,3 milhões). Mais de 33 milhões de pessoas — uma em cada sete paquistaneses — foram afetadas pelas enchentes, e quase um milhão de residências foram completamente destruídas ou danificadas.

‘Condições desafiadoras’

Em Dubai, as gigantescas rodovias foram congestionadas por causa das inundações, e os passageiros do aeroporto foram aconselhados a ficar longe da região nesta quarta-feira. A companhia aérea Emirates, a principal da região, cancelou todos os check-ins. Pelo menos uma pessoa morreu após ter o carro arrastado pela chuva. As tempestades que atingiram os Emirados Árabes Unidos foram as mais severas desde o início dos registros, em 1949. Elas afetaram a região após terem passado por Oman, onde 19 pessoas morreram, incluindo crianças.

Ainda em Dubai, vídeos mostram carros submersos em rodovias congestionadas, além de aviões deixando ondas em pistas alagadas. Em Oman, inundações repentinas e generalizadas ocorreram, e autoridades precisaram fechar escolas e escritórios do governo. Nesta quarta-feira as chuvas intensas haviam diminuído, mas moradores ainda receberam alertas, e alguns funcionários do governo foram instruídos a trabalhar em casa. Tanto Oman quanto nos Emirados Árabes Unidos, que sediaram as conversas sobre o clima da COP28 da ONU no ano passado, já alertaram que o aquecimento global deve levar a mais inundações.

Especialista em avaliar o papel das mudanças climáticas em fenômenos meteorológicos extremos, a climatologista alemã Friederike Otto, do Instituto Grantham para Mudanças Climáticas no Imperial College London, reforçou a probabilidade de o aquecimento global ter desempenhado um papel importante na precipitação extrema registrada na região. (Com AFP e New York Times)