Internacional
'Tel Aviv é nosso campo de batalha': Em meio a expectativa de retaliação de Israel, iranianos se dividem sobre ataque
Mensagens contra o governo ganharam as ruas e as redes sociais iranianas, enquanto o regime e seus apoiadores tentam passar a ideia de vitória
O ataque aéreo contra Israel em retaliação pelo bombardeio de sua embaixada na Síria e a expectativa de uma réplica nos próximos dias expôs divisões internas da sociedade iraniana. Enquanto apoiadores do governo teocrático comemoraram a ação, que envolveu 330 drones e mísseis e foi considerada um sucesso pelo comando militar, opositores políticos criticaram a ação, acusando o regime dos aiatolás de colocar atraírem uma guerra inevitável ao país.
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Sinais de divisão podem ser vistos em espaços públicos das principais cidades do país. Outdoors pró-governo espalhados por Teerã exaltam as capacidades ofensivas da Guarda Revolucionária e o ataque do fim de semana. Um deles, com imagens de mísseis sendo disparados, diz: "Israel é mais fraco que uma teia de aranha". Em outra, a mensagem é ainda mais direta: "Tel Aviv é nosso campo de batalha".
Horas após a confirmação do lançamento do ataque contra Israel, no sábado, apoiadores do governo saíram às ruas da capital para comemorar a ação contra Israel, visto pela linha-dura iraniana como uma ocupação ilegal e representante do imperialismo americano na região. A visão, contudo, não representa a totalidade da população iraniana, que dá sinais de insatisfação.
Pichações em cidades iranianas contavam um pouco da insatisfação. "Israel, bombardeie a casa do líder supremo", dizia, em referência ao aiatolá Ali Khamenei. Em outra, lia-se: "Israel, acerte eles. Eles não tem coragem de retaliar". As pichações foram registradas em foto pela rede britânica BBC.
Em uma reportagem publicada no domingo, a Iran International, rede de notícias em farsi com sede em Londres, apontou para uma preocupação inicial que levou cidadãos do país a estocarem alimentos e combustível — prevendo um futuro próximo de escassez, em caso de uma escalada israelense. Há relatos locais de um aumento da presença ostensiva de forças de segurança nos espaços públicos, para evitar tumultos e atos contra o governo.
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À disputa narrativa também se estendeu para as redes sociais. Tendências anti-governo surgiram nas redes sociais, em postagens com uso de hashtags como “Vença-os, Israel!” e "Obrigado, Israel", em farsi, e "IRGC terrorista", em inglês. Apoiadores do regime publicaram com hashtags opostas, como "Faça-os se arrependerem" e "Punam os agressores".
Ainda de acordo com a rede de notícias especializada, a Inteligência da Guarda Revolucionária do Irã emitiu um aviso, convocando os cidadãos a denunciarem manifestações online de apoio a Israel.
Analistas apontam que a capacidade do Irã de fazer prevalecer sua versão de que o ataque a Israel foi um sucesso e angariar apoio falhou. Embora redes estatais e semiestatais tenham divulgado uma série de mensagens nas redes sociais árabes e na rede de televisão al-Alam, transmitida para todo o Oriente Médio, a percepção parece ter sido abaixo do esperado.
De acordo com a FilterLabs AI, uma empresa que rastreia a opinião pública monitorando painéis de mensagens locais e mídias sociais em vários países, os públicos na Jordânia, na Arábia Saudita e em outras partes do Oriente Médio aparentemente não ficaram impressionados com os ataques iranianos e não compraram a campanha iraniana.
Os modelos do FilterLabs analisam se as pessoas estão reagindo às informações de forma positiva ou negativa. É difícil saber quantas pessoas tiveram acesso às mensagens iranianas transmitidas na televisão ou transmitidas no Telegram, mas o al-Alam tem apenas uma pequena fração da audiência da al-Jazeera, a emissora sediada no Catar, ou RT, o canal controlado por Moscou. (Com NYT)
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