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Irã diz que navio cargueiro 'vinculado' a Israel seguirá retido para investigações após suposta 'violação das leis marítimas'

O mundo acompanha com atenção e preocupação os próximos movimentos de Teerã, o que, segundo o presidente dos EUA, Joe Biden, podem ocorrer "mais cedo do que se espera".

Agência O Globo - 15/04/2024
Irã diz que navio cargueiro 'vinculado' a Israel seguirá retido para investigações após suposta 'violação das leis marítimas'

O navio de carga apreendido pelo Irã no último fim de semana passará pelas “investigações necessárias”, segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país, Nasser Knani. A embarcação é vinculada a um empresário israelense, e o episódio ocorreu em meio aos ataques coordenados de Teerã sobre Israel em resposta ao ataque aéreo atribuído ao país contra o Consulado do Irã em Damasco, na Síria.

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"O Irã se esforça para criar um ambiente de navegação seguro no estreito de Hormuz e no Golfo. O navio foi desviado para as águas territoriais do Irã devido à violação das leis marítimas e à ausência de resposta às chamadas feitas pelas autoridades iranianas", disse Kanani a jornalistas. "Não há dúvida de que esse navio pertence ao regime sionista", disse o representante de Teerã.

Em vídeos divulgados nas redes sociais, soldados iranianos aparecem descendo por cordas para uma pilha de contêineres no convés da embarcação. Um membro da tripulação no navio avisa: "Não saiam". Em seguida, outra pessoa orienta seus colegas a irem para a ponte do navio. Segundo a agência Associated Press, o navio é associado à empresa Zodiac Maritime, que faz parte do Grupo Zodiac do bilionário israelense Eyal Ofer.

O navio do vídeo corresponde a detalhes conhecidos do MSC Aries. O helicóptero usado também seria um Mil Mi-17 de era soviética, que tanto a Guarda quanto os Houthis do Iêmen apoiados pelo Irã têm usado para realizar ataques em navios.

De acordo com a agência oficial Irna, "o navio cargueiro chamado 'MCS Aries' foi apreendido por forças especiais marítimas" como parte de "uma operação realizada com um helicóptero perto do Estreito de Ormuz". A agência confirmou que o navio tem "bandeira portuguesa e [é] operado pela empresa Zodiac, pertencente a Eyal Ofer" e que estava "dirigido para águas territoriais" iranianas.

Em um comunicado no sábado, a MSC confirmou que autoridades iranianas embarcaram no navio e que "ele foi desviado de sua rota em direção ao Irã".

"Lamentamos confirmar que o MSC Aries... foi abordado por autoridades iranianas por meio de helicóptero enquanto passava pelo Estreito de Hormuz, aproximadamente às 02h43 UTC desta manhã", disse o grupo em um comunicado. "Ela tem 25 tripulantes a bordo, e estamos trabalhando em estreita colaboração com as autoridades relevantes para garantir o bem-estar deles e o retorno seguro do navio, diz a nota do grupo de transporte marítimo italo-suíço.

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O contra-almirante Daniel Hagari, porta-voz das Forças de Defesa de Israel, divulgou uma resposta em vídeo de um minuto à captura iraniana do navio. "O Irã sofrerá as consequências por escolher escalar a situação ainda mais", disse ele. "Aumentamos nossa prontidão para proteger Israel de mais agressões iranianas. Também estamos preparados para responder."

Potencial das forças iranianas

Ao longo dos anos, boa parte dos confrontos entre Irã e Israel ocorreu sob uma lógica de guerra fria, por meio de ataques aéreos, marítimos, terrestres e ciberataques. E, na visão do professor associado de assuntos de segurança nacional na Escola Naval de Pós-Graduação e especialista nas forças armadas de Teerã, Afshon Ostovar, há um motivo pelo qual o Irã não é atingido.

— Não é que os adversários do Irã temam o Irã. É que eles percebem que qualquer guerra contra o Irã é uma guerra muito séria.

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As forças armadas do Irã estão entre as maiores do Oriente Médio. São pelo menos 580 mil funcionários na ativa e cerca de 200 mil na reserva treinados, divididos entre o exército tradicional e a Guarda Revolucionária, de acordo com uma avaliação anual feita no ano passado pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos.