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Como se mede um terremoto? Entenda a escala que examina a força dos abalos sísmicos

Terremoto de magnitude 4,8 atingiu a cidade de Nova York, nos Estados Unidos, na manhã desta sexta-feira

Agência O Globo - 06/04/2024
Como se mede um terremoto? Entenda a escala que examina a força dos abalos sísmicos

Dois terremotos registrados em diferentes partes do mundo chamaram atenção durante a semana. O primeiro e mais grave aconteceu em Taiwan, país asiático, que atingiu magnitude 7,5 e foi considerado o mais forte em 25 anos. Nesta sexta-feira, um abalo sísmico de menor intensidade — 4,8 — também atingiu a cidade de Nova York, nos Estados Unidos.

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A força de um terremoto é registrada no que é chamada de "escala de magnitude de momento", que mede a quantidade de energia liberada quando as rochas ao longo de uma falha tectônica se movem. A magnitude é calculada usando dados de uma rede de instrumentos, chamado sismógrafo, que registram a energia se espalhando a partir da origem do terremoto, em forma de ondas de movimento no solo.

Até a década de 1970, uma escala diferente era usada, desenvolvida por um sismólogo americano, Charles Richter. Essa escala foi considerada imprecisa para terremotos muito grandes.

A escala de magnitude de momento é logarítmica — ou seja, cada número inteiro de magnitude representa cerca de um aumento de 30 vezes na energia liberada. Portanto, um terremoto de magnitude 9.5 — como o que ocorreu no Chile em 1960, o mais forte já registrado — é mais de 30 mil vezes mais poderoso do que um terremoto de magnitude 6.5, que por si só pode ser muito destrutivo.

A quantidade de tremor que um terremoto causa é medida em escalas separadas, como a Escala de Mercalli Modificada. Esse valor varia de lugar para lugar e depende da geografia da área, junto com a força e profundidade do terremoto. Usando essa escala, o Serviço Geológico dos Estados Unidos relatou um valor máximo de tremor um pouco acima de 6 — ou “forte” — perto do epicentro, na sexta-feira, e as pessoas sentiram tremores em toda a região.

Mundialmente, a frequência de terremotos permaneceu largamente inalterada ao longo das décadas. Em média, há cerca de 1,5 mil terremotos de magnitude 5,0 ou mais a cada ano. Destes, cerca de 15 são de magnitude 7 ou mais. Teoricamente, um terremoto de magnitude 10 é possível, mas a falha teria que ter cerca de 12,8 mil quilômetros de comprimento, ou um terço da circunferência da Terra.

Magnitude está longe de ser uma medida completa da destrutividade de um terremoto. Outros fatores geológicos, como localização, profundidade da falha, tipo de rochas e solo, podem afetar quanta destruição um terremoto pode causar. Métodos e qualidade de construção também desempenham um papel importante no número de vítimas, assim como o momento do evento e se as pessoas estão em casa, no trabalho ou na rua.

Terremoto em Nova York

Um terremoto de magnitude 4,8 atingiu a cidade de Nova York, nos Estados Unidos, na manhã desta sexta-feira. O epicentro dos tremores foi a região próxima ao distrito de Lebanon, em Nova Jersey, 64 quilômetros a oeste da cidade de Nova York.

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O evento sísmico sacudiu edifícios em toda a região da cidade pouco depois das 10h20, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos, e o abalo foi sentido em cidades como Filadélfia e Boston.

Vários aeroportos da Costa Leste emitiram paradas terrestres e interromperam o tráfego aéreo imediatamente.

A educadora ambiental Jocelyn Perez-Blanco, de 35 anos, estava plantando carvalhos na Ilha Randall quando seu telefone começou a vibrar. Seu marido mandou uma mensagem de seu apartamento em Astoria, no Queens, dizendo que sua coleção de estatuetas Funko Pop havia caído das prateleiras.

Seu pai também mandou uma mensagem perguntando se ela estava bem. Depois, outros familiares.

— Meus irmãos estão me escrevendo, meu pai. Não tenho a menor ideia — disse ela em voz alta, olhando para o telefone: — Meu marido disse que nossos gatos estão pirando.

A bailarina brasileira Ingrid Silva também escreveu sobre o terremoto em seu perfil na rede X (antigo Twitter). “Nunca achei que viveria”, escreveu Ingrid, que diz ter sido retirada de um prédio devido aos tremores.

Com que frequência Nova York tem terremotos?

A cidade de Nova Iorque pode não ser conhecida pela sua atividade sísmica, mas, na realidade, a área sofre numerosos pequenos terremotos todos os anos, de acordo com Thomas Pratt, pesquisador geofísico do Serviço Geológico dos EUA.

A maioria das pessoas não notaria um terremoto de magnitude 1,7, disse Pratt. Os terremotos geralmente começam em qualquer lugar entre 2,5 e 20 quilômetros de profundidade, explicou ele, e o terremoto do Queens se originou a cerca de cinco quilômetros de profundidade.

Embora a maioria dos terremotos no Nordeste passe despercebida, ao longo dos anos os nova-iorquinos sentiram vários terremotos. Um terremoto de magnitude 2,2 sacudiu partes de Nova York e Nova Jersey em maio do ano passado, e um terremoto de magnitude 3,6 abalou a cidade de Adams Center no mês anterior.

Em 2011, um terremoto de magnitude 5,8 na Virgínia levou à evacuação da Prefeitura e dos edifícios de escritórios do centro de Manhattan.

Os tremores mais significativos registrados na cidade de Nova York ocorreram em 1884, disse Pratt, quando um terremoto de magnitude 5,2 ressoou abaixo de Coney Island.