Internacional
Antes de uma iminente ofensiva de Israel em Rafah, OMS diz que 9 mil pacientes precisam sair de Gaza
Chefe da organização diz que apenas 10 hospitais estão em condições 'minimamente funcionais'; jornal revela transferência bilionária de armas aos israelenses
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, afirmou neste sábado que nove mil pacientes em Gaza precisam ser retirados com urgência do território, no momento em que uma ofensiva israelense contra o sul do enclave parece iminente. Ao mesmo tempo, o governo de Joe Biden, nos EUA, se vê sob Críticas após a revelação de que liberou novas transferências de armas para Israel.
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Em publicação no X, o antigo Twitter, Tedros Adhanom afirma que apenas 10 hospitais estão “minimamente funcionais” em Gaza, “privando milhares de pacientes de assistência médica”.
“Cerca de 9 mil pacientes precisam urgentemente ser retirados para o exterior para serviços médicos de máxima importância, incluindo tratamento para o câncer, ferimentos causados pelos bombardeios, hemodiálise e outras condições crônicas”, escreveu o chefe da OMS.
Tedros Adhanom disse que 3,4 mil pacientes deixaram Gaza através de Rafah, no sul do território, “mas muitos mais precisam ser retirados”, se referindo aos outros nove mil que se encontram nas poucas instalações ainda em funcionamento.
“Nós pedimos que Israel acelere as aprovações para as retiradas, para que pacientes em estado crítico possam ser tratados. Cada minuto importa”, concluiu o diretor-geral da OMS. O governo de Israel não se pronunciou.
Desde o início da operação militar de Israel contra o grupo terrorista Hamas, iniciada após os ataques de 7 de outubro do ano passado, a Faixa de Gaza foi submetida a um bloqueio quase que completo, com severos controles sobre quem pode entrar ou sair do território, assim como sobre a entrada de insumos básicos, incluindo equipamentos médicos.
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Além da escassez de itens como medicamentos e bandagens, os hospitais se tornaram alvos de operações militares, sob alegação de que o Hamas usaria os locais como bases operacionais para lançar ataques contra Israel. Os centros médicos hospitais também são usados como refúgio por milhares de civis, que se viram no meio do fogo cruzado quando as instalações foram invadidas pelos israelenses.
— Nós não pudemos parar por um minuto sequer porque era horrível, havia muitos mortos e feridos pelo caminho, e ninguém podia alcancá-los e resgatá-los — disse à CNN Yasmin Hamdan, que conseguiu escapar do Hospital al-Shifa, na Cidade de Gaza. — Não temos mais ninguém, nem nossos maridos, nossas famílias ou vizinhos. Nos separamos e nos perdemos, estamos andando mas não sabemos para onde.
'Não tinha escolha'
Em meio a uma crise humanitária cada vez mais grave, o governo israelense sinaliza que deve iniciar, em breve, uma ofensiva contra a cidade de Rafah, no Sul de Gaza, onde estão centenas de milhares de civis que fugiram dos combates em outras áreas do enclave.
Na quarta-feira, falando a um grupo de congressistas americanos, o premier Benjamin Netanyahu afirmou que “não tinha escolha” a não ser avançar sobre a cidade, uma vez que, para ele, a “existência de Israel estava em jogo”. Ele também afirmou que os civis abrigados em Gaza poderiam “sair de Rafah” com suas tendas — em outubro do ano passado, nos primeiros momentos da guerra, Israel ordenou que 1,1 milhão de civis em Gaza se deslocassem para o sul do território, antes do início da ofensiva terrestre.
— Há toda a Faixa de Gaza ao norte de Rafah — disse Netanyahu aos congressistas, citado pela CNN. — As pessoas podem se mover para baixo, elas podem se mover para cima.
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Na segunda-feira, depois que os EUA não vetaram uma resolução do Conselho de Segurança da ONU defendendo um cessar-fogo em Gaza ao menos até o fim do mês sagrado do Ramadã, que termina em 9 de abril, Netanyahu cancelou a viagem de uma delegação a Washington para discutir a ofensiva. A Casa Branca tem demonstrado publicamente uma preocupação com os planos de Netanyahu para Rafah, e a decisão de não vetar o texto foi interpretada como mais um sinal dos ruídos entre os dois aliados.
Contudo, como revelou o jornal americano Washington Post, se nos discursos o clima está tenso, tudo permanece como de hábito quando o assunto é o fornecimento de armas para Israel. Segundo reportagem publicada na sexta-feira, a Casa Branca aprovou a transferência de “bilhões de dólares” em armamentos e equipamentos militares, incluindo bombas usadas em ataques aéreos contra áreas residenciais.
O pacote, afirma o jornal, inclui ainda 25 caças F-35A, de quinta geração. Segundo fontes ouvidas pelo Post, os envios foram liberados pelo Congresso há alguns anos, mas liberados apenas agora pelo Executivo americano. A iniciativa, como se esperava, foi marcada por críticas.
“Os EUA não podem implorar para que Netanyahu pare de bombardear civis um dia e no próximo enviem milhares de bombas de 900kg que podem nivelar quarteirões inteiros. Isso é obsceno”, escreveu no X o senador independente Bernie Sanders. “Precisamos encerrar nossa cumplicidade: sem mais bombas para Israel.”
O Ministério das Relações Exteriores da Autoridade Nacional Palestina afirmou, em comunicado, que “pedir a Netanyahu que pare de matar civis e fornecer armas para ele é uma contradição moral e de princípios sem precedentes”. O texto ainda lamenta que o Conselho de Segurança da ONU e a Corte Internacional de Justiça — onde Israel é investigada pelo suposto crime de genocídio — não façam o suficiente para garantir que os israelenses respeitem suas decisões.
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