Política

Lula sugere que 'candidato como ele' teria vencido em 2018 se tivesse no lugar de Haddad

Levy Teles 28/03/2024
Lula sugere que 'candidato como ele' teria vencido em 2018 se tivesse no lugar de Haddad
Lula sugere que 'candidato como ele' teria vencido em 2018 se tivesse no lugar de Haddad - Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu nesta quinta-feira, 28, que o PT poderia ter vencido o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se um "candidato como ele" tivesse competido na eleição à Presidência em 2018 no lugar de Fernando Haddad, seu atual ministro da Fazenda.

Haddad é criticado por ala do partido pela condução da política econômica, inclusive em manifestações públicas, e já era visto com desconfiança no passado, pelo desempenho quando concorreu a prefeito da capital paulista.

"Sinceramente, não sei se aqui no Brasil a gente tivesse um Lula para indicar no meu lugar, e não um Haddad para indicar, se a gente teria ganhado", afirmou Lula em entrevista a jornalistas ao lado do presidente da França, Emmanuel Macron, que visita o País.

Quase seis anos atrás, Haddad teve 44,87% dos votos válidos ante 55,13% de Bolsonaro e foi derrotado no segundo turno. Foi o próprio Lula quem orientou o PT a escolher o atual ministro como candidato à Presidência da República em 2018. Ele era o plano B caso Lula, àquele momento condenado e preso na Operação Lava Jato, não pudesse ser o nome para a eleição presidencial.

Um grupo do partido se opôs ao nome dele, mas quando a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, anunciou no dia da convenção nacional do partido, em agosto de 2018, que ele comporia a chapa de Lula como vice e virtual substituto de Lula, Haddad foi aclamado e discursou em tom de agradecimento.

A decisão foi confirmada um mês depois, em 11 de setembro daquele ano. O aval de Lula para o nome de Haddad só ocorreu no último dia do prazo dado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para o partido definir o substituto do então ex-presidente na disputa.

Na ocasião, o TSE, com base na Lei da Ficha Limpa, barrou a candidatura de Lula por causa de sua condenação em segunda instância por corrupção passiva e lavagem de dinheiro - julgamento posteriormente anulado, em 2021.

Haddad era alvo de críticas internas por ter perdido a eleição para prefeito de São Paulo no primeiro turno, em 2016, mas ele foi empoderado por Lula como coordenador do programa de governo petista.

O atual ministro da Fazenda conseguiu receber, parcialmente, a transferência de voto do eleitor que desejava optar por Lula no pleito e ir ao segundo turno, mas Bolsonaro sagrou-se vencedor.

Uma revanche entre Bolsonaro e o PT ocorreu em 2022 - dessa vez, Lula pôde disputar a eleição e venceu com 50,83% dos votos válidos ante 49,17% do seu rival.

Haddad continua alvo de críticas do PT por trabalho no ministério da Fazenda

Gleisi, presidente nacional do PT, e Haddad trocaram farpas em 2023 em razão da condução da política econômica nacional. A divergência continua em 2024. No episódio mais recente, já em janeiro, Gleisi disse, ao jornal O Globo, que criticar as decisões do ministro da Fazenda é "um dever" e faz parte da tradição do partido.

A postura provocou críticas de um dos quadros mais importantes e principais analistas do PT, o ex-ministro José Dirceu. Ele disse que foi "quase uma covardia" não ter havido total apoio às propostas econômicas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

"Outro papel do partido é sustentar o governo, apoiar o governo. Quando o governo apresenta uma política, nosso papel é apoiar", afirmou. "No caso do Haddad, é quase uma covardia não dar apoio total a ele para aprovar todas as medidas que ele queria. Porque todas as medidas que ele queria, transforma o déficit zero num mal menor."