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‘Cabeça de Ozempic’: tamanho do rosto pode não acompanhar o emagrecimento? Entenda efeito que repercutiu nas redes

Especialista explica que sensação de desproporção pode ser resultado de uma perda de peso excessiva, mas que não tem relação com o remédio em si

Agência O Globo - 28/03/2024
‘Cabeça de Ozempic’: tamanho do rosto pode não acompanhar o emagrecimento? Entenda efeito que repercutiu nas redes
Ozempic - Foto: Arquivo/CFF

O termo “cabeça de Ozempic” tem viralizado nas redes sociais por internautas que fazem referência a artistas e influenciadores que surgiram mais magros e com a cabeça aparentemente desproporcional em relação ao restante do corpo.

O nome do remédio é utilizado devido ao seu eficaz efeito para uma rápida perda de peso – a semaglutida, princípio ativo do medicamento, foi inclusive aprovada pelas agências reguladoras, como a Anvisa no Brasil, para o tratamento da obesidade.

Não se sabe se parte das celebridades que chamaram a atenção nas redes de fato aderiu ao remédio, mas a diretora do departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Simone Van de Sande Lee, explica que esse efeito não seria também uma consequência da medicação em si, mas sim do emagrecimento.

— O emagrecimento excessivo pode levar a uma desproporção entre a cabeça e o corpo, dar essa sensação de que a cabeça é maior. Mas isso com certeza não tem nenhuma relação direta com o uso do medicamento, não existe nada nele que possa justificar uma desproporção corporal. Isso certamente se deve à perda excessiva de peso — diz.

Essa desproporção chama mais atenção especialmente quando ocorre uma redução rápida do número na balança. Esses casos tem sidos ligados ao Ozempic pela eficácia da semaglutida: um estudo publicado na revista científica JAMA mostrou que os pacientes perdem em média 17,4% do peso após 68 semanas.

Durante esse processo de emagrecimento, seja com o remédio ou não, é possível que alguns locais percam gordura de forma um pouco mais acentuada, mas a diretora da SBEM destaca que ela vai ocorrer em todos os lugares – não existe o caso de o corpo perder peso, mas o rosto não.

— Isso tem um pouco a ver com a tendência individual. Tem pessoas que tendem a acumular gordura mais na região abdominal, na do pescoço, na face, é uma tendência genética de cada pessoa. Essa perda pode ser um pouco maior em determinado local em relação ao outro. Mas, quando você perde gordura, você perde em todos os lugares, é algo generalizado — afirma.

Para ela, algo que pode estar acontecendo agora é que o uso ampliado do medicamento, assim como de outros que atuam com mecanismos semelhantes, como o Mounjaro, esteja levando mais pessoas públicas a alcançarem esse emagrecimento excessivo e, consequentemente, levarem o assunto às redes.

— Essa desproporção causada pela perda excessiva não era algo que se comentava muito sobre na internet, mas esse uso disseminado e muitas vezes inadequado, sem necessidade ou sem o acompanhamento profissional, acaba levando a um aumento desses relatos — conta.