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Haiti: vácuo no poder abriu espaço para criminosos, diz especialista

liliane.farias 04/03/2024
Haiti: vácuo no poder abriu espaço para criminosos, diz especialista

Um vácuo de poder abriu espaço para gangues criminosas agirem contra as instituições de estado haitianas, na opinião de um dos principais especialistas brasileiros sobre o Haiti.

Nesse fim de semana, criminosos atacaram duas penitenciárias na região de Porto Príncipe, libertando cerca de quatro mil presidiários.

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Para o doutor em Relações Internacionais e autor de três livros sobre o Haiti, Ricardo Seitenfus, o que aconteceu já vinha sendo gerado desde o assassinato em 2021 do presidente Jovenel Moïse.

"Houve um vazio de poder. Houve uma contestação do primeiro-ministro designado pelo então presidente Jovenel Moise antes de ser assassinado. Contestado pelas oposições e que não se entendem com o grupo que está no poder para organizar eleições e para ter um governo de união nacional. É assim que funciona o Haiti. Mais uma anarquia do que uma sociedade organizada do ponto de vista político". 

Para Seitenfus, políticos podem estar se aproveitando das ações das gangues criminosas para chegar ao poder. O que é um erro. "Todos estão de olho no poder sem passar por eleições. Agora é muita ingenuidade confiar nas boas intenções dos chefes de gangues. E isso a oposição está confiando. E dificultou, até o momento, a chegada de uma força multinacional para combater as gangues". 

A nova missão internacional que chegar ao país, vai encontrar uma situação bem pior do que a Minustah, que ficou no país entre 2004 e 2017. "A situação de hoje no Haiti é muito pior do que de 2004. Porque a força multinacional que deverá ir ao Haiti vai encontrar adversários à altura, armados, jovens delinquentes, assassinos frios, sobretudo na região metropolitana de Porto Príncipe. Vai haver combate de rua. Vai haver guerrilha urbana".

O especialista explica que o Haiti não sofre apenas com a violência das gangues. Segundo ele, a população convive com altas taxas de desemprego, analfabetismo e a dificuldade de organizar politicamente o país. O Haiti tem 266 partidos políticos.

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