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Estudo revela que mariposas não são atraídas pelo brilho das lâmpadas como se pensava; entenda

Pesquisadores descobrem o real motivo dos insetos voarem sob lâmpadas: eles não voam diretamente em direção à luz, mas se orientam de tal forma que permanecem perpendiculares a ela

Agência O Globo - 08/02/2024
Estudo revela que mariposas não são atraídas pelo brilho das lâmpadas como se pensava; entenda
Estudo revela que mariposas não são atraídas pelo brilho das lâmpadas como se pensava; entenda - Foto: Reprodução

Durante a noite, é comum encontrarmos mariposas e outros insetos ao redor de uma luz artificial e sempre se acreditou que os insetos eram atraídos pelo brilho das lâmpadas. Um novo estudo publicado em 30 de janeiro pela revista Nature, no entanto, revelou que não é bem assim que as coisas acontecem. Os insetos não voam diretamente em direção à luz, mas se orientam de tal forma que permanecem perpendiculares a ela.

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Utilizando câmeras que capturam o movimento e uma luz infravermelha — para não incomodar a visão dos insetos —, os pesquisadores observaram que aqueles que voavam ao redor de uma fonte de luz artificial, se inclinavam com as costas contra a luz e se mantinham na mesma direção. Ao continuarem assim, criavam órbitas e padrões de voo curiosos.

Compreender os impactos das luzes artificiais nos animais é importante, já que nós, humanos, vivemos uma crescente poluição luminosa — uma das maiores causas da redução das populações globais de insetos.

Insetos desorientados

O estudo identificou que os insetos noturnos mantêm as costas contra a luz, que normalmente está no céu, ao mesmo tempo que posicionam a barriga para o solo. Assim, ficam nivelados durante os voos noturnos. Mas quando passam por uma luz artificial, ficam desorientados e acreditam que a iluminação feita pelo ser humano é o céu.

— Os insetos no ar não sabem inerentemente qual é o caminho para cima, eles não têm uma maneira muito boa de medir isso. Assumem que a luz está acima, mas estão errados. E se você inclinar ela, formará padrões de direções estranhos, assim como se você estivesse andando de bicicleta e se inclinasse para um lado, você pedalaria em um grande círculo — explicou à CNN Samuel Fabian, coautor do estudo e Investigador de pós-doutorado em Bioengenharia no Imperial College London.

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Reações sob luz artificial

Os pesquisadores juntaram centenas de vídeos em câmera lenta capturando o comportamento de borboletas, mariposas, abelhas, vespas, libélulas e libelinhas. Assim, descobriram que os insetos não eram atraídos por luzes mais distantes. Eles só eram atraídos por uma fonte de luz próxima.

— Talvez quando as pessoas percebem, seja ao redor das luzes da varanda ou postes de luz, pode parecer que estão voando direto para luz, mas não é o caso — disse à CNN Yash Sondhi, coautor do estudo e pesquisador de pós-doutorado no Museu de Ciências Naturais da Flórida.

A equipe notou três comportamentos comuns à fonte de luz artificial: orbitar ao redor da luz, parar, o que faz com que eles subam abruptamente acima da luz, e inverter o plano de voo, levando os insentos direto ao chão. Alguns mais rápidos, como as libélulas, permaneceram em órbita por alguns minutos, girando rapidamente ao redor da luminária, relatou Fabian.

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Os pesquisadores imitaram um céu noturno, iluminando um lençol branco e descobriram que os insetos eram capazes de voar sem problemas sob o objeto. Se eles estivessem em busca da luz, teriam batido no lençol, explicou o pesquisador.

— Os comportamentos dos insetos voadores na presença de luz artificial perto do solo não são uniformes e são surpreendentemente complexos de uma forma que não havia sido bem documentada anteriormente — afirmou Floyd Schocley, gerente de coleções do departamento de entomologia do Museu Nacional Smithsonian de História Natural, em Washington, nos EUA. — Os insetos não voam diretamente em direção à luz, mas se orientam de tal forma que permanecem perpendiculares a ela, dando a ilusão de atração.

Poluição luminosa agride insetos

Segundo um artigo publicado na National Wildlife Foundation em 2022, o aumento da iluminação artificial tem diversos efeitos nocivos para a vida selvagem, entre eles a perda ou redução de habitat natural.

Mas o novo estudo, além de destacar os problemas, aponta a poluição luminosa como uma causa crescente do declínio da população de insetos, já que a luz artificial também afeta a reprodução e o desenvolvimento larval das mariposas.

De acordo com os pesquisadores, a ideia é que as novas descobertas possam auxiliar na conservação e manutenção das espécies, contribuindo com informações para minimizar os efeitos da poluição luminosa sobre os insetos.