Internacional

De enfermeira à milionária: quem é a mulher do traficante que causou crise no Equador

Casada com Fito, Inda Tuarez é acusada enriquecimento ilícito e fraude fiscal. Ela foi deportada com os filhos da Argentina

Agência O Globo - 21/01/2024
De enfermeira à milionária: quem é a mulher do traficante que causou crise no Equador

Deportada na última sexta-feira da Argentina para o Equador, Inda Mariela Peñarrieta Tuarez, de 48 anos, está no centro de uma investigação internacional. Em menos de seis anos, a enfermeira de profissão se tornou uma empresária milionária. Inda é a mulher do traficante de drogas José Adolfo Macías Villamar, o Fito, chefe da principal quadrilha de tráfico de drogas equatoriana, a Los Choneros. Há duas semanas ele fugiu da prisão em Guayaquil, onde cumpria uma pena de 34 anos, episódio que deu início a uma onda de violência no Equador e levou o governo a decretar estado de exceção.

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Ao deixar a enfermagem, Inda se tornou empresária e logo começou a acumular bens, a comprar empresas e a fazer depósitos milionários em contas bancárias. Seus principais sócios são familiares dela e do marido. Todos com extensa ficha criminal, por assassinatos, associação criminosa, porte ilegal de armas e roubo.

Em 2020, a polícia e a promotoria do Equador começaram a rastrear as movimentações e conexões financeiras de Inda. A suspeita é que se tratasse de dinheiro do narcotráfico e de extorsões, em ações comandadas por Fito dentro e fora da prisão, segundo o site de notícias equatoriano Primicias.

A Promotoria então decidiu acusar Inda e quatro de seus sócios por lavagem de dinheiro, enriquecimento ilícito e fraude tributária, acusações relativas a depósitos de US$ 2,1 milhões. Num julgamento comandado pelo juiz Juan Eduardo Espinosa Zapata, o promotor acusou Inda de ser a chefe da quadrilha porque controlava os investimentos e era fundadora das empresas Jomavi, de transporte de carga, e Queenwater, de água mineral.

Em 2015, as duas empresas lucraram US$ 344 mil. Porém, declararam apenas US$ 199 mil à Receita. No ano seguinte, os lucros foram de US$ 261 mil, mas somente US$ 97 mil foram declarados. Além disso, a Promotoria obteve provas que mostram que a Jomavi era uma empresa fantasma, que jamais operou.

E dos US$ 2,1 milhões que Inda recebeu entre 2013 e 2019, declarou somente US$ 1,7 milhão. A Promotoria comprovou ainda que os outros quatro acusados tinham patrimônio incompatível com a renda declarada.

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Ao fim do julgamento, em 2022, a Justiça condenou Inda e os outros quatro acusados à prisão. Também confiscou seus bens e congelou suas contas bancárias. Porém, três meses depois o caso foi julgado de novo e os réus foram declarados inocentes e tiveram seus bens e dinheiro devolvidos.

O juiz do caso, Espinosa Zapata, foi destituído. Ele acabou recuperando o posto e a Promotoria agora investiga três juízes que reverteram o primeiro veredito.

Ainda não se sabe qual será a decisão do governo do presidente do Equador, Daniel Noboa, e da Justiça em relação à Inda e aos outros parentes de Fito.

Inda fora para a Argentina com familiares em 5 de janeiro, três dias antes da fuga de Fico da prisão. No total, sete pessoas ligadas a Fico foram deportadas da Argentina na semana passada. Elas estavam numa casa do condomínio de luxo Valle del Golf, em Córdoba, e foram detidas numa operação que envolveu o uso de helicópteros, comandada pela Polícia Antidrogas da Argentina.

Na casa estavam Inda e seus filhos Michelle Jamilet Macias Peñarrietae, de 21 anos, e duas crianças de 12 e 4 anos. Também foram presos uma funcionária identificada como Denny Yadira Laines Basurto, de 22 anos; um sobrinho de Fito chamado Javier Macías Alcivar e o amigo da família Ángel Zambrano.