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'Ratos de trincheira' viram inimigo em comum para militares da Rússia e da Ucrânia na frente de batalha

Roedores aproveitaram outono brando e alimento abundante para se reproduzirem e encontraram nas trincheiras escavadas na linha de frente o ambiente ideal para sobreviver ao inverno

Agência O Globo - 21/01/2024
'Ratos de trincheira' viram inimigo em comum para militares da Rússia e da Ucrânia na frente de batalha
Rússia - Foto: Reprodução

Com o inverno congelante adicionando uma camada extra de dificuldade para qualquer movimento na linha de frente da guerra na Ucrânia, tropas russas e ucranianas estão combatendo um inimigo em comum nos momentos de pausa nas agressões mútuas: a proliferação de ratos e camundongos nas trincheiras do leste do país.

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Os roedores se tornaram uma ameaça real à saúde dos soldados nos últimos meses, com relatórios de serviços de inteligência que acompanham o conflito apontando para as graves consequências da superpopulação dos pequenos mamíferos nas trincheiras desde dezembro. Vídeos compartilhados nas redes sociais por soldados ucranianos mostram a quantidade descomunal de camundongos e ratos encontrados em mochilas, casacos, cobertas e quase todos os lugares imagináveis da linha-de-frente.

Um relatório de inteligência do Ministério da Defesa do Reino Unido publicado em dezembro apontava como explicação para a superpopulação de ratos o "outono ameno" do ano passado e a "abundância de comida" provocada pela falta de colheita nos campos, atrapalhada pelos combates. À medida que o clima esfriou, explicaram os britânicos, os roedores encontraram nas trincheiras o calor e os recursos que precisavam para resistir ao inverno.

Uma militar ucraniana ouvida pela rede americana CNN relatou que as táticas utilizadas nas trincheiras são numerosas e variadas: desde aplicação de veneno e instalação de ratoeiras até à tentativa de manter um gato sempre por perto, mas nada parece adiantar diante do número crescente de roedores.

— Tínhamos uma gata chamada Busia, e no início ela também ajudava e comia os ratos. Mais tarde, porém, havia tantos deles que ela recusou. Um gato pode pegar um ou dois ratos, mas se houver 70 deles, não é possível — contou a militar, acrescentando que, com sorte, os soldados conseguem dormir duas ou três horas sem ser despertados pelos roedores.

A privação de sono é apenas uma das consequências da infestação. Um relatório da inteligência ucraniana, também produzido em dezembro, apontava para um surto de "febre do rato" entre tropas russas estacionadas em Kharkiv. Sem especificar exatamente a doença a qual se referiam, as autoridades ucranianas mencionaram sintomas como vômito e sangramentos nos olhos.

Os chamados "ratos de trincheira" não são um fenômeno observado apenas durante a guerra na Ucrânia. Sobretudo na Primeira Guerra Mundial, que ficou para a História como a "Guerra de Trincheiras", a presença dos roedores ficou marcada em relatos de soldados e oficiais.