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Avaliado em um milhão de euros, castelo onde nasceu D'Artagnan, que seria museu, pode virar propriedade privada

Construção onde nasceu mosqueteiro que inspirou o personagem de Alexandre Dumas, em Gers, no sudoeste da França, recebeu proposto do presidente de uma multinacional da distribuição

Agência O Globo - 18/01/2024
Avaliado em um milhão de euros, castelo onde nasceu D'Artagnan, que seria museu, pode virar propriedade privada
Avaliado em um milhão de euros, castelo onde nasceu D'Artagnan, que seria museu, pode virar propriedade privada - Foto: reprodução

Nascido em Gers, no sudoeste da França, a cerca de 120 quilômetros de Toulouse, Charles de Batz de Castelmore, o homem conhecido como D'Artagnan, inspirou um dos personagens mais conhecidos de Alexandre Dumas, em seu clássico romance "Os Três Mosqueteiros". Morto em 1673, D'Artagnan ainda é capaz de gerar tramas quase literárias, na vida real. O castelo onde ele nasceu, o Chateau de Castelmore, no povoado de Lupiac, em Gers, estava à venda há mais de dois anos, pela sua proprietária, Jeanine Espié, de 84 anos, que não consegue mantê-lo.

Com quase 700 metros quadrados e avaliado em um milhão de euros, o castelo seria adquirido pela cidade de Gers, para se tornar um centro cultural. A iniciativa era também apoiada pelo então primeiro-ministro francês, Jean Castex, natural da região. Mas a oferta, feita em 2022, não foi concretizada porque a proprietária pediu o dobro do valor, quantia à qual ainda seria acrescida as obras de restauro necessárias.

Enquanto associações locais avaliavam possibilidades de novas ofertas, em 19 de dezembro do ano passado o negócio ganhou um virada digna dos romances de Dumas, quando Yves Claude, presidente do gigante da distribuição Auchan Retail, fez uma oferta, prevendo "um projeto de moradia privada" no local. E a Sociedade de Ordenação da Terra e de Assentamento Rural (Safer) de Gers, que tem uma direito preferencial sobre o castelo devido aos 150 hectares de terrenos agrícolas que o rodeiam, interessou-se pela proposta de compra do presidente da empresa de comércio alimentar, fundada na França em 1960 e atualmente presente em 13 países.

A possibilidade de o castelo não se tornar um centro cultural foi mal recebida por autoridades políticas locais:

- Me surpreende que entre um projeto de interesse geral para nosso território e um projeto privado, por respeitável que seja, a Safer não prefira o projeto de interesse geral - lamentou o deputado Jean René Cazeneuve.

A opinião foi endossada por Muriel Abadie, vice-presidente da região da Ocitânia, no Sul da França, encargada do turismo:

- Seria realmente uma lástima que um patrimônio deste tipo passado a mãos do setor privado.

Uma associação criada em 2023, ano do 350º aniversário da morte do mosqueteiro, cahamada "Autour de D’Artagnan" ("Perto de D’Artagnan", em tradução livre), ainda mantém esperanças que o negócio não seja concretizado com Yves Claude. Uma decisão pode sair na próxima segunda (22).