Internacional

Venezuela irá com 'grandes expectativas' à reunião presidencial com a Guiana, diz chanceler

Nicolás Maduro e Irfaan Ali irão discutir a disputa territorial pelo Essequibo; ministro das Relações Exteriores venezuelano afirmou que seu país tem 'muita vontade de paz'

Agência O Globo - 11/12/2023
Venezuela irá com 'grandes expectativas' à reunião presidencial com a Guiana, diz chanceler
Maduro - Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Arquivo Agência Brasil

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, estará presente nesta quinta-feira em São Vicente e Granadinas para um encontro com seu homólogo da Guiana, Irfaan Ali. No encontro, eles irão discutir a controvérsia territorial entre os dois países, afirmou o chanceler da Venezuela, Yván Gil, nesta segunda-feira. Possíveis “fórmulas de cooperação em petróleo e gás” podem ser discutidas, declarou Gil em uma coletiva de imprensa.

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— Vamos a São Vicente com grandes expectativas, com muita alegria e com muita vontade de paz, conciliação e trabalho — disse o ministro das Relações Exteriores, destacando que a Venezuela trabalhou “com todos os governos que estavam na Guiana até 2015, ano em que a gigante americana ExxonMobil descobriu vários depósitos de petróleo em águas disputadas.

Gil ainda afirmou que a Venezuela “nunca colocou a controvérsia territorial como obstáculo à integração regional, mas sempre esteve firme em reivindicar o que lhe pertence”. O encontro de Maduro e Ali em São Vicente e Granadinas é promovido pela Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e pela Comunidade do Caribe (Caricom).

A reunião ocorre em meio ao aumento das tensões pelo Essequibo, um território de 160 mil quilômetros quadrados rico em petróleo e recursos naturais administrado por Georgetown. Em 3 de dezembro, o governo de Maduro promoveu um referendo consultivo que aprovou a proposta de criar na região uma província venezuelana — o estado de Guiana Essequiba — e conceder nacionalidade a seus habitantes.

Nicolás Maduro ainda deu três meses às petrolíferas presentes na área para se retirarem. Como resposta, Ali classificou os anúncios como “uma ameaça direta”, e sua administração levou o caso ao Conselho de Segurança da ONU, ao mesmo tempo em que intensificou os contatos com os Estados Unidos, que realizaram exercícios militares na região na semana passada.

Fim da escalada

— O diálogo deve acabar com a escalada — disse Gil. — A simples convocação e a aceitação para participar do diálogo já são um grande sucesso — continuou ele, acrescentando que as “fórmulas” de cooperação energética podem fazer parte da agenda.

Gil lembrou dos acordos do Petrocaribe, onde a Venezuela fornecia petróleo a preços preferenciais para países do Caribe, e dos acordos de gás com Trinidad e Tobago, considerando-os como “exemplos concretos” que “poderiam ser úteis na mesa para futuros acordos com a República Cooperativa da Guiana”.

O chanceler também apelou para “eliminar a interferência de elementos que não têm relação com a região”, referindo-se aos Estados Unidos.

A Venezuela afirma que o Essequibo faz parte de seu território, assim como em 1777, quando era uma colônia espanhola. Apela ao acordo de Genebra, assinado em 1966, antes da independência da Guiana do Reino Unido, que estabeleceu bases para uma solução negociada e anulou um laudo de 1899. A Guiana defende esse laudo e deseja que seja ratificado pela Corte Internacional de Justiça (CIJ).