Internacional

Embaixada dos Estados Unidos no Brasil defende 'resolução pacífica' entre Venezuela e Guiana

Nota foi divulgada no mesmo dia em que americanos participaram de exercício militar no país aliado

Agência O Globo - 07/12/2023
Embaixada dos Estados Unidos no Brasil defende 'resolução pacífica' entre Venezuela e Guiana

A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil informou nesta quinta-feira que apoia uma "solução pacífica" entre Venezuela e Guiana sobre a região de Essequibo. Mais cedo, os americanos participaram de um exercício militar com as forças de Georgetown, o que foi considerado, no meio diplomático, um aviso ao regime de Nicolás Maduro.

A mobilização é um recado para que a Venezuela não empregue o uso da força. Nos últimos dias, o presidente da Guiana, Irfaan Ali, demonstrou preocupação com a possibilidade de a Venezuela tomar uma atitude mais drástica, ou seja, de agressão contra a soberania do país.

Em nota enviada ao GLOBO, a embaixada americana no Brasil ressalta também a necessidade de respeito às leis internacionais.

"Os Estados Unidos apoiam uma resolução pacífica da disputa da fronteira entre Venezuela e Guiana, inclusive por meio da Corte Internacional de Justiça", informou a embaixada dos EUA.

Guiana e Venezuela participam de processo sobre a disputa de Essequibo, alvo de referendo venezuelano, no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), vinculado às Nações Unidas. O governo de Caracas, porém, não confere legitimidade a qualquer decisão do organismo internacional.

No Rio de Janeiro, diplomatas brasileiros passaram o dia negociando a aprovação, pelo Mercosul, de um texto que também pede a resolução pacífica do conflito.

O documento, apresentado por Luiz Inácio Lula da Silva, tenta evitar uma escalada na tensão, mas não faz referência ao tribunal internacioal.

"Os Estados Partes do MERCOSUL manifestam sua profunda preocupação com a elevação das tensões entre a República Bolivariana da Venezuela e a República Cooperativa da Guiana. A América Latina deve ser um território de paz e, no presente caso, trabalhar com todas as ferramentas de sua longa tradição de diálogo. Nesse contexto, alertam sobre ações unilaterais que devem ser evitadas, pois adicionam tensão, e instam ambas as partes ao diálogo e à busca de uma solução pacífica da controvérsia, a fim de evitar ações e iniciativas unilaterais que possam agravá-la", diz a declaração conjunta.

Segundo fontes do Itamaraty, é natural que a proximidade da Guiana com os Estados Unidos seja usada em momento de tensão como esse. Isso porque a a Venezuela possui aparato militar muito superior ao do país vizinho.

Desde o início da crise, auxiliares de Lula no Palácio do Planalto, porém, acreditam que a influência dos Estados Unidos na região pode se tornar um combustível para a crise. Isso porque Maduro adota um tom anti-imperialista e antiamericano para justificar suas ações e ganhar apoio interno.

Mais cedo, em comunicado da Embaixada dos Estados Unidos na Guiana, os americanos informaram que aviões da Força Aérea dos EUA sobrevoariam, nesta quinta-feira, o país aliado. A rota dos voos não foi divulgada. Em resposta, Caracas classificou a ação como "provocação". Na sexta-feira, o Conselho de Segurança se reunirá a portas fechadas e a pedido da Guiana para abordar o tema.

— Hoje o secretário de Estado Antony Blinken conversou com o presidente Mohamed (Irfaan Ali) sobre o nosso apoio à soberania da Guiana e a nossa sólida cooperação econômica e de segurança. Esperamos continuar nossa forte parceria assim que a Guiana aderir ao Conselho de Segurança em 2024 — disse o porta-voz americano Matthew Miller.

Além desse exercício, os Estados Unidos afirmaram que continuarão com a colaboração com o governo da Guiana nas áreas de preparação para desastres, segurança aérea e marítima e combate às organizações criminosas transnacionais. Os dois países têm parceria militar desde 2022.

"Os EUA continuarão seu compromisso como parceiro de segurança confiável da Guiana e na promoção da cooperação regional e da interoperabilidade", afirmou a embaixada americana em nota.