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Pasta de amendoim é boa para pré-treino? Proteste avalia a composição de 17 marcas do produto

Pesquisa analisou teores de proteínas, gorduras saturadas e fibras totais dos produtos, além da presença de aditivos alimentares, bactérias e micotoxinas

Agência O Globo - 06/12/2023
Pasta de amendoim é boa para pré-treino? Proteste avalia a composição de 17 marcas do produto
Foto: Reprodução

A pasta de amendoim é considerada uma aliada para os adeptos da dieta com baixo teor de carboidratos, ou low carb, por proporcionar saciedade e ser uma impulsionadora natural de energia. Mas, ao contrário do que muitos pensam, a pasta de amendoim não é fonte de proteínas.

Para avaliar a qualidade das pastas de amendoim integrais disponíveis para compra, a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor testou 17 lotes de marcas de amendoim integrais disponíveis no mercado. Os produtos tinham um só ingrediente na composição: o próprio grão do amendoim, que é triturado até chegar à consistência certa.

A Proteste analisou o teor de proteínas, gorduras saturadas e fibras totais dos produtos, além da presença de aditivos alimentares, bactérias e micotoxinas, que podem gerar contaminação. As marcas avaliadas foram: Fit Food, Santa Helena, Luke Overrun, Holy, Power1one, Eat Clean, Tocca, Taeq, Vita Power, Mandubim, Amendo Lovers, Castanmaria, Bio2, Nutríssima, Da Colônia Amendo Power, Oner e La Ganexa.

Melhor do teste

A pasta de amendoim Fit Food foi considerada a melhor do teste, com 96 pontos na avaliação geral. O produto apresentou altos teores de proteína e fibras, além de ter o menor de gorduras saturadas. A marca Mandubim também se destacou pela alta qualidade com preço acessível. Enquanto um pote de 450 g da primeira varia entre R$ 15 e R$ 25, uma embalagem da segunda custa em torno de R$ 5,50 a R$ 11. A Mandubim se destacou por apresentar a quantidade exata de proteínas na tabela nutricional e no laboratório, mas precisa de ajustes no rótulo.

'Não é fonte de proteína'

Pela legislação, para ser considerado fonte de proteína, um produto precisa conter no mínimo 10% do Valor Diário Recomendado (VDR) para consumo, que é uma ingestão de 50 g/dia. Uma porção de referência da pasta de amendoim integral — uma colher de sopa (15 g) — precisaria de 5 g do nutriente. Na avaliação, todos os produtos apresentaram 4 g de proteínas, em média.

A nutricionista e pesquisadora da PROTESTE Fernanda Taveira explica que, apesar de não serem consideradas fontes de proteína, as pastas podem contribuir para o alcance da quantidade recomendada diariamente.

— As fontes principais de proteínas são carnes e feijões. Em relação ao pré e pós-treino, vai depender do objetivo de ada um. Se for ganho de massa muscular, em que devem ser consumidos, em média, 23 g de proteína, o consumo exclusivo de pasta de amendoim não compensa. É possível encontrar pastas que sejam fontes de proteína, mas seriam as que têm whey protein, proteínas de ervilha ou de arroz, que aumentam o teor proteico do produto e não foram avaliadas — explica Fernanda.

A nutricionista ressalta que é recomendado um consumo moderado, já que o produto é rico em gordura saturada. Em dose equilibrada, ela chega a ser benéfica e necessária, mas, em excesso, contribui para o aumento do colesterol LDL, popularmente conhecido como colesterol "ruim".

Embalagens sem lupa

Comprados de maneira anônima nos estabelecimentos, os lotes foram levados a um laboratório credenciado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e acreditados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A Proteste analisou o teor de proteínas, gorduras saturadas e fibras totais dos produtos, além da presença de aditivos alimentares, bactérias e micotoxinas, que podem gerar contaminação.

Fernanda Taveira conta que não foi verificada nenhuma contaminação nem aditivos nos lotes analisados, mas, por outro lado, a nova rotulagem nutricional frontal dos produtos tem problemas.

— Já é esperado que a pasta de amendoim seja alta em gorduras saturadas. A nova legislação de rotulagem diz que, se o produto apresentar quantidade maior ou igual a 6 g em 100 g de produto, ele deve receber a lupa "Alto em gordura saturada". A pasta de amendoim tem cerca de 8 g em 100 g — detalha.

No entando, o anexo XVI da Instrução Normativa n.º 75/2020 estabelece uma lista de alimentos para os quais a declaração da rotulagem nutricional frontal é proibida. Por ser uma leguminosa, o amendoim está listado e a lupa que indica que o produto é rico em gorduras saturadas é vedado.

O relatório da PROTESTE alerta que as pastas de amendoim integrais não tem aditivos, ao contrário das saborizadas, com gosto de cookies, coco ou chocolate. Dependendo da concentração de gordura saturada, os produtos devem receber o alerta de lupa. Isso porque, com a adição e quantidade de outros ingredientes em suas fórmulas, as pastas não se enquadram na legislação.

— Se for maior de 6 g em 100 g de produto, as embalagens devem conter a lupa, mesmo que tenham um teor menor que a pasta de amendoim integral. Na mesma gôndola do mercado, as pastas de amendoim ficam juntas e sem distinção. Os consumidores devem prestar atenção a isso, na hora de comprar — reforça.

Ricas em fibras

De acordo com o levantamento, em média, os lotes apresentaram 1,2 g de fibras em uma porção de 15 g (equivalente a uma colher de sopa), o que representa 8% da recomendação de consumo diário. As marcas Tocca e Vita Power se destacaram e podem usar, inclusive, a alegação “Fonte de fibras” no painel frontal, porque têm mais de 10% do VDR para o nutriente. O lote da marca LA Ganexa foi o que menos apresentou fibras na sua tabela nutricional: cerca de 5% do VDR.

— A recomendação diária é de 25 g de fibra. A Tocca tem 3 g de fibra na composição, enquanto a Vita Power tem 2,5 g em uma colher de sopa. Isso é muito legal e passa despercebido pelas pessoas, na hora de comprar a pasta de amendoim. As fibras auxiliam no emagrecimento e na redução do colesterol, além de melhorarem o funcionamento do intestino — afirma Fernanda Taveira.

Como escolher a melhor pasta de amendoim

Para ajudar os consumidores na seleção do produto ideal, a nutricionista e pesquisadora da PROTESTE deu algumas dicas. Além de consultar os testes disponíveis no site e no aplicativo da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, as pessoas devem prestar atenção ao rótulo e dar preferência às pastas de amendoim integrais.

— Também é importante olhar formas de conservação na embalagem, que, geralmente é manter o produto fechado em ambiente aberto e, depois de aberto, consumir em até 20 dias. Os consumidores também precisam verificar se o produto está vedado e sem nenhum dano.

*Estagiária sob a supervisão de Adriana Dias Lopes