Brasil
Após chuva deixar mais de 200 mil sem luz em SP, prefeito pede cancelamento do contrato com a Enel
Ricardo Nunes fez pedido a agência nacional de energia, que é responsável por fiscalizar contratos. No dia seguinte a novo apagão, 64 mil locais permanecem sem luz
No dia seguinte após parte da capital paulista ficar novamente sem luz, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), pediu nesta quinta-feira para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) o cancelamento do contrato de concessão da Enel, empresa responsável pela distribuição de energia elétrica na capital paulista e em mais 23 municípios da região metropolitana. A informação foi divulgada inicialmente pela rádio CBN e confirmada pelo EXTRA.
A ação contra a concessionária ocorre no dia seguinte após a capital paulista e região ficarem ficarem sem energia elétrica, após a forte chuva que atingiu a região metropolitana após um dia de calor intenso. O número de residências afetadas foi informado pela Enel na manhã desta quinta-feira. Ao menos 64 mil locais permanecem sem luz.
— Eles precisam melhorar bastante, a gente está cobrando muito. O que eu pedi para a Agência Nacional de Energia Elétrica é que cancelasse o contrato com a Enel, tal é a nossa inconformidade. Não é só por conta dessas chuvas de 3 de novembro. A gente já vinha há muito tempo discutindo com a Enel uma série de questões. O problema com a Enel é grave.
Apesar de operar nos municípios, a Enel tem contrato de concessão com a União e é fiscalizada por entes federais. A empresa herdou contrato assinado em 1998 com a Eletropaulo e o acordo tem vigência até 2028.
De acordo com Nunes, outros prefeitos da região metropolitana manifestaram insatisfação com a atuação da empresa durante reunião ocorrida no Palácio dos Bandeirantes na segunda-feira:
— É inaceitável a gente ter uma empresa que não tem um pingo de respeito com a população e que deixou as pessoas sem energia quase uma semana.
Antes de acionar a Aneel, Nunes já havia notificado o Procon e entrado com uma ação na Justiça contra a distribuidora de energia. A Enel também é alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal de São Paulo.
Procurada pelo EXTRA, a Enel não se manifestou até a publicação desta reportagem.
No dia 6 deste mês, o presidente da Enel, Max Xavier Lins, disse que a empresa se comprometia a apresentar, no prazo de 30 dias, uma proposta para ressarcir prejuízos que consumidores tiveram por conta do apagão do dia 3. Também naquela data, o diretor-geral da Aneel, Sandoval de Araujo Feitosa Neto, disse que serão estudadas formas de permitir que mais de uma distribuidora de energia atue na mesma região em momentos de crise energética, para minimizar suas consequências. Sandoval afirmou também que sanções administrativas contra as empresas que demoraram a restabelecer a energia elétrica em São Paulo seriam estudadas:
— O trabalho que está sendo feito aqui em São Paulo será objeto de apuração da Aneel e também da Arsesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo). No seu devido momento, vamos apurar as responsabilidades, vamos apurar o que pode ser melhorado.
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