Internacional

Bombardeio israelense no maior campo de refugiados de Gaza deixa ao menos 50 mortos e 150 feridos

Três escolas administradas pela ONU ficam no local e estavam servindo de abrigo para deslocados; antes da guerra, 116 mil já viviam no campo, segundo a organização

Agência O Globo - 31/10/2023
Bombardeio israelense no maior campo de refugiados de Gaza deixa ao menos 50 mortos e 150 feridos

O Ministério da Saúde de Gaza afirmou nesta terça-feira que pelo menos 50 pessoas morreram e quase 150 ficaram feriadas em um bombardeio israelense contra o campo de refugiados Jabalia — o maior entre os oito abrigos localizados no enclave palestino. Segundo a pasta, "pelo menos 20 edifícios" foram destruídos.

"Mais de 50 mártires, quase 150 feridos e dezenas de pessoas estão sob os escombros devido a um massacre israelense atroz que atingiu uma grande área de casas no acampamento de Jabalia", informou o ministério em um comunicado.

Marwan Sultan, diretor do Hospital Indonésio, que fica próximo ao campo de refugiados e trabalha com capacidade limitada, disse que a unidade estava recebendo centenas de feridos e que outras dezenas de pessoas estavam mortas.

Imagens de vídeos feitas pela AFP mostram os corpos de ao menos 47 pessoas sendo retirados dos escombros por voluntários, que se debruçavam sobre os blocos de concreto em busca de sobreviventes.

Segundo a ONU, há cerca de 116 mil refugiados palestinos morando no campo de Jabalia, que cobre uma área de apenas 1,4 km². O local abriga três escolas administradas pela agência das Nações Unidas para refugiados palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), que foram convertidas em abrigos para centenas de famílias deslocadas.

Há registros de ataques no local desde o início da guerra, informou a al-Jazeera, listando bombardeios nos dias 9, 12, 19 e 22 de outubro que tiveram o campo de Jabalia como alvo. De acordo com a ONU, o campo sofre com superlotação.

"Os abrigos são construídos muito próximos uns dos outros e há uma falta geral de espaço social e de recreação. Em muitos casos, os residentes tiveram que acrescentar andares extras aos seus abrigos para acomodar suas famílias. Muitas vezes, esses andares não têm um projeto adequado. Muitos vivem em condições precárias", afirma um relatório da UNWRA.

Um morador do campo de refugiados, Ragheb Aqal, 41 anos, comparou a explosão a "um terremoto" e falou à AFP de seu horror ao ver "casas enterradas sob os escombros e partes de corpos, mártires e feridos em grande número".

Israel não comentou sobre as explosões ou sobre o número de mortos em Jabalia, localizada no norte do enclave palestino, fora da Cidade de Gaza — para onde as autoridades israelenses pediram que os civis palestinos se deslocassem para fugir dos bombardeios. Nos últimos dias, as Forças Armadas de Israel também promoveram incursões terrestres na área.

Israel lançou a maior campanha militar da história em Gaza após o ataque terrorista orquestrado pelo Hamas em 7 de outubro, que deixou cerca de 1,4 mil israelenses mortos e milhares de feridos. Do lado palestino, mais de 8 mil pessoas morreram e milhares ficaram feridas, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas.

O ataque ocorreu em meio a alertas internacionais sobre a escalada da violência e a crescente crise humanitária em Gaza, em um dia em que tropas israelenses e combatentes do Hamas se envolveram em "batalhas ferozes" no norte. Segundo Israel, dois dos seus soldados foram mortos no enclave nesta terça-feira.