Internacional
George Santos se declara inocente de novas acusações, mas Câmara dos EUA ainda pode expulsá-lo; entenda
Deputado de origem brasileira é processado por fraude, lavagem de dinheiro, desvio de verbas públicas e mentir perante o Congresso; julgamento foi marcado para setembro de 2024
O deputado George Santos, acusado de cometer fraude, lavagem de dinheiro, desvio de verbas públicas e mentir perante o Congresso dos Estados Unidos, se declarou inocente à Justiça americana nesta sexta-feira. Na próxima semana, porém, ele pode enfrentar um voto de expulsão da Câmara.
De origem brasileira, o republicano de Nova York compareceu a um tribunal federal em Long Island e se declarou inocente de 10 novas acusações criminais, tendo sido marcada a data do julgamento para setembro de 2024. Mas em Washington, uma audiência mais imediata parece estar se aproximando.
O deputado Anthony D'Esposito, um republicano que representa um distrito vizinho de Long Island, apresentou formalmente uma resolução na quinta-feira para expulsar Santos do cargo, um esforço que poderia ser levado ao plenário já na próxima semana.
A iniciativa enfrenta um destino incerto no Congresso. Para expulsar Santos, é necessária uma maioria de dois terços; para que isso aconteça, todos os democratas teriam que votar a favor da expulsão e dezenas de republicanos teriam que se voltar contra seu colega.
Santos manteve-se firme em sua própria defesa, rejeitando as acusações contra ele e declarando sua intenção de buscar a reeleição em 2024. Pouco depois que a moção de seu colega foi lida em ata na quinta-feira, Santos declarou na rede social X (antigo Twitter), que ele não estava renunciando e que tinha "direito ao devido processo e não a um resultado predeterminado como alguns estão buscando".
As últimas acusações contra Santos foram apresentadas no início deste mês em uma ação revisada que estabelece um novo e amplo padrão de supostas atividades criminosas, incluindo um empréstimo pessoal fraudulento de US$ 500 mil e dezenas de milhares de dólares em cobranças não autorizadas nos cartões de crédito dos doadores.
Esperava-se que a audiência desta sexta-feira no Tribunal Distrital dos EUA em Central Islip, Nova York, fosse relativamente movimentada, mas o processo transcorreu sem problemas, com pouco drama. Após sua confissão, Santos e o governo concordaram em marcar o julgamento para 9 de setembro do próximo ano.
Santos também solicitou que suas condições de fiança fossem alteradas para permitir que ele entrasse em contato com vários parentes identificados como testemunhas no caso. Um juiz concordou.
A maior parte da audiência foi dedicada a saber se Santos manteria seu advogado de defesa, Joseph Murray, cujos laços com outras testemunhas no caso, incluindo Nancy Marks, ex-tesoureira de campanha de Santos, podem ser vistos como possíveis conflitos de interesse.
Murray levantou a questão para os promotores, revelando também que havia sido consultado por outra pessoa envolvida no caso, identificada nos documentos como "Pessoa nº 1", um agente político do Queens que, segundo os promotores, ajudou Santos a solicitar US$ 50 mil em doações falsas.
A revelação e uma carta dos promotores desencadearam uma audiência extra na semana passada. Nela, Murray anunciou sua intenção de trazer dois novos advogados para a equipe de defesa e se proteger de possíveis conflitos.
Santos renunciou ao seu direito a um novo advogado, mantendo Murray. A decisão significa que Santos também renunciou ao direito de levantar a questão na apelação. Murray disse ao Newsday em uma entrevista antes do processo que Santos estava ciente dos conflitos e não se incomodou.
— Eu deixei isso claro para ele logo de cara, e ele não teve nenhum problema — declarou.
Ainda não foi decidido como os republicanos da Câmara, que acabaram de sair de um drama prolongado sobre a presidência da Casa, lidarão com a moção para expulsar Santos. A cadeira de Santos, em um distrito que o presidente Biden venceu em 2020, já era um alvo para os democratas.
O recém-eleito presidente da Câmara, Mike Johnson, não fez nenhuma declaração pública sobre o assunto, apesar do apoio vocal de Santos à sua candidatura.
A resolução menciona tanto o processo criminal contra Santos quanto suas volumosas mentiras biográficas, desde seus supostos laços com o Holocausto até o tiroteio na boate Pulse em Orlando e os ataques de 11 de setembro, declarando que ele "não está apto a servir seus eleitores como representante dos Estados Unidos".
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