Internacional
Número de bombardeios israelenses em Gaza bate recorde e supera ofensiva americana contra o Estado Islâmico
Segundo o Exército israelense, mais de 7 mil alvos foram atingidos em 20 dias, tornando a operação a campanha militar mais dura contra o enclave palestino da História e uma das maiores do século XXI
Em 20 dias de guerra entre Israel e Hamas, o Exército israelense afirma ter atingido mais de 7 mil alvos na Faixa de Gaza. O número é maior do que qualquer campanha militar anterior no enclave palestino — e também supera o mês mais intenso de bombardeios americanos contra o Estado Islâmico, de acordo com o Airwars, um monitor de guerra britânico.
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Os ataques aéreos israelenses na Faixa de Gaza também já são uma das campanhas militares mais intensas do século XXI — levando a um crescente escrutínio da comunidade internacional quanto a sua amplitude, propósito e o custo em vidas humanas. Palestinos acusam Tel Aviv de atacar indiscriminadamente instalações civis, enquanto autoridades israelenses asseguram que os bombardeios têm como alvo a infraestrutura militar do grupo terrorista.
Para os palestinos, a escala dos bombardeios parece vingativa e sem foco, matando residentes de um amplo espectro da sociedade civil e destruindo áreas residenciais. O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, afirma que os ataques israelenses vitimaram mais de 6,5 mil pessoas, um número que, se confirmado, transforma o conflito no mais mortal para palestinos desde a guerra do Líbano, em 1982.
Do ponto de vista israelense, os ataques são necessários, seguem um método e não se tratam de retaliação, mas de defesa. A campanha, segundo as autoridades israelenses, está concentrada na destruição da infraestrutura militar do grupo, que geralmente é construída perto de casas e instituições civis. Analistas alertam que uma possível invasão terrestre de Gaza poderia ser ainda mais sangrenta do que a guerra aérea.
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Israel afirma ter atacado dezenas de lançadores de foguetes palestinos, centros de comando e fábricas de munição. Também usou bombas para danificar a complexa rede de túneis — com centenas de quilômetros de extensão — que o Hamas construiu debaixo de Gaza.
Mesmo com o uso de armas de precisão, Israel tem adotado uma definição mais ampla do que configura um alvo militar. Caças destruíram a Universidade Islâmica em Gaza porque Israel disse que o campus havia sido usado para treinar agentes de inteligência. Mesquitas também foram atacadas sob a justificativa de que serviam como depósitos de armas e centros de operações. Casas de comandantes do Hamas também foram alvo.
Os ataques parecem ter conseguido reduzir a capacidade de disparo de foguetes do grupo. Israel ainda não divulgou números exatos, mas o número de sirenes de alerta para ataques aéreos em território israelense ficou abaixo de 20 na quarta-feira (25), em comparação com centenas nos primeiros dias da guerra.
Apesar disso, Israel continua bombardeando o enclave palestino. Na terça-feira (24), o Ministério da Saúde de Gaza disse que 704 pessoas haviam sido mortas nas últimas 24 horas. Se confirmado, esse seria o dia mais mortal da guerra.
Para muitos moradores de Gaza, o alto número de mortos indica que Israel está promovendo uma punição coletiva aos palestinos, e não apenas ao Hamas, que controla a região desde 2007 e é considerado uma organização terrorista pelos Estados Unidos e pela União Europeia.
Para Yousef Al-Akkad, diretor do Hospital Europeu em Gaza, no sul do território palestino, os ataques constituem "uma tentativa de satisfazer o instinto de vingança e revanche da sociedade israelense, elevando o número de mártires a níveis sem precedentes".
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Mas as Forças Armadas de Israel afirmam que, mesmo depois de atingir dezenas de lançadores de foguetes, ainda restam muitos alvos militares — incluindo líderes do Hamas e bunkers subterrâneos. Na quarta-feira, as forças israelenses afirmaram ter assassinado um comandante sênior do grupo no sul de Gaza e eliminado um esquadrão do Hamas que emergiu de um túnel no norte do enclave.
A guerra aérea, explicou o major Nir Dinar, porta-voz militar israelense, é "parte da campanha para preparar o terreno para uma invasão". Segundo ele, o objetivo dos bombardeios é "destruir os túneis e matar o maior número possível de terroristas pelo ar".
Os ataques destruíram bairros residenciais que haviam sofrido apenas danos leves durante as campanhas aéreas anteriores. As bombas mataram jornalistas, profissionais de saúde, professores, membros da equipe das Nações Unidas e 2,7 mil crianças, de acordo com o Ministério da Saúde em Gaza.
Acredita-se que dezenas de milhares de homens armados do Hamas estejam à espreita em caso de uma incursão terrestre, a maioria deles nas vastas redes de túneis do grupo. Analistas esperam que o Hamas tente retardar o avanço de Israel explodindo alguns túneis.
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