Internacional

Israel x Hamas: Brasil volta a negociar manifestação na ONU após veto dos EUA

Americanos vetaram proposta de resolução brasileira que teve 12 dos 15 votos no Conselho de Segurança

Agência O Globo - 19/10/2023
Israel x Hamas: Brasil volta a negociar manifestação na ONU após veto dos EUA
Bandeiras de Israel e da Palestina

Depois de os Estados Unidos vetarem, na quarta-feira, a resolução costurada pelo Brasil no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) sobre a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, a delegação brasileira em Nova York iniciou uma série de consultas com os demais membros do órgão.

A ideia é que saia, o quanto antes, uma manifestação formal que ajude a evitar uma piora considerável na crise humanitária que atinge mais de 2 milhões de pessoas que vivem na Faixa de Gaza.

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Segundo integrantes do governo brasileiro, há risco concreto de a situação se agravar, se houver invasão da Faixa de Gaza por tropas israelenses. O principal argumento usado para justificar a urgência de uma negociação é a questão humanitária, incluindo a libertação dos reféns que estão nas mãos do Hamas.

As conversas nos bastidores da ONU estão a pleno vapor, mas não há definição se será apresentada uma proposta de resolução, ou uma declaração consensual e formal do Brasil, que neste mês preside o Conselho de Segurança. Também não foi estabelecido um prazo para a conclusão das conversas.

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Existe, ainda, uma tendência de que o tema seja levado para a Assembleia Geral da ONU — que não tem poder de obrigar o cumprimento de resoluções, como o CSNU, e ainda faria com que os debates ganhassem a participação de mais de cem países. Esse caminho não é visto como o melhor pelo Brasil.

Para o governo brasileiro, negociar um novo texto consensual é um grande desafio, uma vez que uma nova rejeição dos americanos, ou de outro membro permanente do órgão (além dos EUA, Rússia, China, França e Reino Unido) seria um fracasso diplomático. Um interlocutor afirmou que não se pode correr o risco de surgir uma outra resolução com menos votos do que os obtidos na reunião de quarta-feira, quando a proposta do Brasil teve 12 votos favoráveis, três acima do mínimo necessário.

Na última quarta-feira, a proposta de resolução apresentada pelo Brasil não passou por causa de um veto. Contudo, os dez membros não permanentes do conselho, todos eleitos com mandato de dois anos, votaram a favor do texto. Entre os permanentes, apoiaram a iniciativa China e França, enquanto Reino Unido e Rússia se abstiveram.

De acordo com um importante interlocutor da área diplomática, essa divisão entre os membros permanentes é inédita e ao mesmo tempo delicada. Daí a necessidade de uma negociação que traga resultados positivos.

A proposta do Brasil chamava de terroristas os ataques do Hamas. Também pedia o fim das hostilidades, segurança para crianças e idosos, libertação dos reféns, liberação de estrangeiros e permissão para a entrada de recursos assistenciais para a população.