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Quem era Bruna Valeanu, segunda brasileira encontrada morta após ataque a rave em Israel

Bruna Valeanu participava de evento interrompido por grupo terrorista no sábado; o gaúcho Ranani Glazer também estava no evento e teve a morte confirmada por parentes

Agência O Globo - 10/10/2023
Quem era Bruna Valeanu, segunda brasileira encontrada morta após ataque a rave em Israel

Familiares confirmaram, nesta terça-feira, a morte da brasileira Bruna Valeanu, que também estava desaparecida após o festival de música eletrônica interrompido por ataque de terroristas do Hamas, em Israel. A jovem de 24 anos era natural do Rio de Janeiro, e sua última comunicação com a família aconteceu no sábado, por volta das 9h.

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Bruna tinha dupla nacionalidade, era brasileira-israelense, e havia completado 24 anos há duas semanas, em 26 de setembro. No último contato com família, contou ter testemunhado disparos e mortes à sua volta. Na segunda-feira, a irmã de Bruna, Nathalia Valeanu, chegou a dizer, em entrevista ao g1, que torcia para que a jovem tivesse sido feita refém e mantida viva.

“Sendo muito sincera, a minha melhor esperança é que ela tenha sido sequestrada. Porque se não, eu acho que é isso, ela não sobreviveu”, disse.

Uma brasileira segue desaparecida

Última brasileira identificada, Karla Stelzer Mendes, de 41 anos, segue desaparecida. Ela também participava do festival de música, e seu sumiço chega ao quarto dia nesta terça-feira. O evento onde elas estavam, intitulado Universo Paralello, foi alvo do ataque do Hamas no último sábado. Desde então, Karla não deu notícias.

Karla também tem nacionalidade israelense. A mulher é mãe de um jovem de 19 anos, membro do exército de Israel. Ela estava na rave com o namorado, Gabi Azulay, que também não foi mais visto deste a investida do grupo terrorista.

"Alguém conhece esse casal? Sabem alguma coisa sobre eles? Eles estavam em uma festa no sul. Por favor, se alguém souber qualquer coisa ou tenha visto eles nos informe", escreveu uma amiga da brasileira, no Facebook.

Após a investida do grupo terrorista, as forças israelenses fizeram uma contraofensiva. Os conflitos já deixaram milhares de mortos. Participantes do festival precisaram correr pelo deserto para escapar das bombas e tiros.

Vídeos compartilhados nas redes sociais registraram o momento em que pessoas que estavam na festa foram sequestradas pelos terroristas. Não há confirmação de que os brasileiros foram feitos reféns.

Gaúcho também foi morto

O brasileiro-israelense Ranani Nidejelski Glazer, de 23 anos, também teve morte confirmada por parentes na noite desta segunda-feira. Ele era natural do Rio Grande do Sul, mas morava em Israel há sete anos e chegou a prestar serviço militar no país.

Glazer era uma das pessoas que estava na rave Universo Paralello, que foi invadida por combatentes no sábado. O evento acontecia no deserto de Negev, perto de Re-im, no sul de Israel, a menos de 20 quilômetros da Faixa de Gaza.

— O Exército de Israel foi até a casa do meu irmão, pai do Ranani, que também mora em Israel. É tudo o que sabemos. Não temos informações de como e onde (o corpo foi encontrado) — conta Karen Glazer, tia de Ranani.

Nos últimos dias, Glazer havia feito uma série de publicações em suas redes sociais de eventos em Tel Aviv, capital de Israel. Em seu perfil no Instagram, há postagens recentes nos stories em que ele compartilhou vídeos da rave da qual participava, marcando a localização, Gaza. Pouco tempo depois, haveria a invasão ao local, com um tiroteio que causou correria e fuga das pessoas presentes ao evento.

Invasão à festa

O embate entre o Exército de Israel e os terroristas do Hamas parou a edição israelense da rave Universo Paralello, neste fim de semana. A festa foi criada por Juarez Petrillo, pai de Alok, e teve o nome licenciado para produtores de evento israelenses.

Participantes do evento precisaram correr pelo deserto para escapar das bombas e tiros. Juarez chegou a registrar, em seu perfil no Instagram, o momento em que a festa precisou ser interrompida.

Petrillo havia licenciado os direitos de uso do nome do Festival Universo Paralello para a produtora israelense Tribe of Nova, que organizou o evento. Conhecido como DJ Swarup, ele participava do festival na condição de artista contratado para uma apresentação.

"Toda a responsabilidade de organização, logística, divulgação ou quaisquer outras questões relacionadas à execução do evento, é de responsabilidade da produtora israelense Tribe of Nova", informou a assessoria de Petrillo.

Alok usou as redes sociais para comentar o caso: "Meu pai foi contratado para se apresentar em um evento que licenciou os direitos de uso do nome do festival, como já aconteceu em vários outros países. A produtora israelense licenciou o uso da marca e organizou o evento de forma independente, tendo meu pai como uma das atrações. Historicamente, eventos acontecem na região e, no dia anterior, houve outro festival no mesmo local", escreveu.

Operação de resgate

O Ministério das Relações Exteriores anunciou, nesta segunda-feira, que os sobrevoos e pousos das aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) para repatriação de brasileiros foram autorizados por Israel. Em nota, o órgão afirmou que "segue acompanhando a situação dos turistas e das comunidades brasileiras em Israel e na Palestina".

O Brasil iniciou, neste domingo, uma operação com seis aeronaves da Força Aérea (FAB) para repatriar os brasileiros que estão em áreas de conflito em Israel. O primeiro avião, um KC-30, decolou às 18h e chegou em Roma, na Itália, às 2h48 desta segunda-feira (horário de Brasília). A aeronave aguardava autorização para seguir ao destino.

No mesmo comunicado emitido nesta segunda, o Ministério afirmou que "desaconselha quaisquer deslocamentos não essenciais para a região". Declarou, ainda, que a Embaixada em Tel Aviv recolheu, por meio de formulário online, os dados de cerca de 1,7 mil brasileiros que manifestaram interesse na repatriação, sendo a maior parte turistas.