Internacional
Ministra do Interior do Reino Unido acusa oposição de querer 'abrir as fronteiras' do país e alerta para 'furacão de imigração'
Suella Braverman é crítica do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, que inviabilizou o projeto britânico de enviar a Ruanda os imigrantes que chegam ilegalmente ao país
A ministra do Interior britânica, Suella Braverman, alertou nesta terça-feira que um "furacão de imigração está chegando", acusando a oposição trabalhista de querer "abrir as fronteiras" do país. No terceiro dia do congresso do Partido Conservador, em Manchester, norte do Reino Unido, a chefe do Ministério do Interior, de origem indiana, estimou que "o vento de mudança que levou os meus pais a sair pelo mundo no século XX é apenas uma rajada de vento comparado ao furacão que chega".
Contexto: O Ocidente não quer mais imigrantes. Mas Ruanda está disposta a recebê-los
Travessia arriscada: Apesar de perigos e patrulhamento, imigrantes desesperados mantêm plano de cruzar o Canal da Mancha
"A procura superará sempre a oferta", declarou, levantando o espectro de "milhões" de migrantes adicionais que chegam às costas britânicas, um fluxo "descontrolado e incontrolável", a menos que o governo no poder aja no próximo ano.
A ministra também se vangloriou de uma diminuição de 20% no número de imigrantes que chegam ao Reino Unido em pequenos barcos em relação ao ano passado (segundo os últimos números, esse montante chegou a 25 mil).
No ano passado: Boris assina acordo para enviar a Ruanda, com passagem só de ida, imigrantes que pedem asilo ao Reino Unido
Sempre crítica do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, que inviabilizou o projeto britânico de enviar a Ruanda os imigrantes que chegam ilegalmente ao país, Suella Braverman lançou um ataque contra "regras internacionais concebidas para outra época".
A ministra criticou ainda o discurso utilizado pela esquerda, opondo os britânicos "que respeitam as leis" e "trabalham arduamente", a uma "minoria [progressista] privilegiada, com crenças luxuosas", que apoia os militantes climáticos que "bloqueiam a ruas" nas manifestações, a quem descreveu como "eco-imbecis".
Programa polêmico
Assim como seus predecessores Boris Johnson e Liz Truss, o primeiro-ministro conservador britânico Rishi Sunak, neto de imigrantes indianos, tem como prioridade reduzir a imigração para o Reino Unido, uma das grandes promessas do Brexit. Seu governo quer proibir os pedidos de asilo daqueles que chegam ao país de forma irregular e enviar essas pessoas para países "seguros", como Ruanda.
Com o programa polêmico, o governo britânico busca desestimular imigrantes a fazerem a travessia irregular, que começa na costa francesa, em pequenas embarcações. Essa é uma das rotas mais perigosas do mundo, devido ao grande tráfego de navios cargueiros, cujo número disparou nos últimos anos. Mais de 45 mil imigrantes chegaram irregularmente à costa inglesa em 2022, um aumento de 60% em relação a 2021. Desde o início de 2023, já foram mais de 11 mil pessoas.
O projeto de lei está atualmente sendo debatido no Parlamento e, para convencer os legisladores, o governo publicou uma avaliação de seu impacto financeiro em junho, observando que o custo inicial de mover uma pessoa para lá seria de cerca de £ 169 mil (R$ 1 milhão), incluindo o pagamento de £ 105 mil (R$ 640 mil) para o país, passagens aéreas e taxas administrativas.
Também foi prevista uma ajuda de £ 106 mil (R$ 650 mil) em quatro anos para cada refugiado que não chegasse ao solo britânico ou fosse transferido para outro país.
O relatório especifica, no entanto, que estes são números "muito incertos" e que será preciso reduzir em 37% o total de imigrantes em condição irregular hoje para conseguir esta economia.
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