Internacional
McCarthy entra na mira de ala do Partido Republicano e depende de democratas para se manter no cargo
Deputado aliado apresentou moção para retirar presidente da Câmara da função após negociação bipartidária que impediu apagão no governo Biden

O presidente da Câmara dos Estados Unidos, Kevin McCarthy, tornou-se alvo de uma iniciativa movida por integrantes do próprio Partido Republicano para retirá-lo da presidência da Casa. Pouco depois de atuar em uma negociação bipartidária que impediu um "apagão" no governo Biden — que ficaria sem verbas para manter a atuação de serviços federais — McCarthy entrou na mira da ala mais radical dos republicanos, que tentam forçar a escolha de um novo líder, e pode precisar de um apoio incerto dos democratas para sobreviver politicamente.
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A proposta foi apresentada na noite de segunda-feira pelo legislador Matt Gaetz, da Flórida. A moção, que requer o apoio da maioria para ser aprovada, pretende "declarar vago o cargo de presidente da Câmara dos Representantes". Proeminente dentro do pequeno grupo de extrema direita do partido, Gaetz era um dos deputados que se recusavam a aprovar o novo financiamento federal sem cortes profundos nos gastos. O bloco também se opunha ao envio de ajuda adicional à Ucrânia em seu conflito com a Rússia, alegando que o dinheiro seria melhor utilizado na luta contra a imigração ilegal.
Para obter o cargo, McCarthy foi obrigado a fazer concessões ao bloco extremista do Partido Republicano, incluindo uma mudança que permite qualquer legislador (como Gaetz) a apresentar esse tipo de moção. A Câmara deve realizar uma votação dentro de dois dias, com prioridade na agenda legislativa. A continuidade ou não de McCarthy na Presidência será decidida por por maioria simples.
Gaetz disse no domingo que acredita ter apoio republicano suficiente dentro do Partido Republicano para destituir o presidente da Câmara, ao passo que não está claro se os democratas irão ou não apoiar a continuidade de McCarthy — o que pode ser essencial para suas pretensões.
A curta maioria republicana e o tamanho do grupo rebelde de direita no partido mostram que McCarthy tem poucas hipóteses de sobreviver a uma votação para manter o seu cargo sem pelo menos algum apoio dos democratas.
Mas é quase inédito que membros da minoria votem no candidato do partido adversário a presidente da Câmara. Os principais líderes do partido sugerem que, dadas as múltiplas agressões partidárias de McCarthy — o presidente dos EUA, Joe Biden, o criticou recentemente por não cumprir um acordo feito meses atrás em relação à crise da dívida — seria extremamente improvável que o fizessem agora sem um compromisso claro da sua parte em envolver mais os democratas no governo.
Com a possível votação já nesta terça-feira, o deputado Hakeem Jeffries, líder da minoria, e os seus tenentes democratas ainda não decidiram como proceder. Suas escolhas incluem ficar do lado dos detratores de direita de McCarthy na votação para destituí-lo, juntar-se à maioria dos republicanos em seu apoio ou ajudá-lo de maneiras mais passivas: ou não comparecer à votação ou votar “presente”, ambos os quais seriam reduzir o limiar necessário para que ele obtenha a maioria e mantenha o cargo.
Embora o antagonismo em relação a McCarthy seja forte entre os democratas, alguns deles também temem que depor o presidente desta forma possa prejudicar a instituição e impedir que a já quase paralisada Câmara realize muitas realizações legislativas, quando os legisladores agora enfrentam um prazo de meados de novembro para financiar o governo. Eles também se preocupam com o que e quem poderá vir a seguir.
— Não sou um acompanhante barato — disse o deputado James P. McGovern ao The New York Times, alegando ter sérios problemas de confiança com o presidente da Câmara.
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Vários democratas disseram que esperavam assumir uma posição unificada sobre o destino do presidente da Câmara e que se reuniriam na manhã de terça-feira para iniciar o processo de determinação do que fariam.
— Vamos ver o que acontece — disse o deputado Steny H. Hoyer, democrata de Maryland, ex-líder do partido que teve uma relação de trabalho com McCarthy no passado.
Autoridades democratas disseram que, na ausência de algum tipo de concessão tangível e executável de McCarthy que os beneficiasse, não poderiam imaginar um número suficiente de apoiadores para compensar as deserções republicanas.
— Sou um democrata que não está com muita vontade de ajudá-lo — disse o deputado Jamie Raskin, democrata de Maryland. — Os republicanos do MAGA (Make America Great Again, movimento político ligado ao ex-presidente Donald Trump) têm que resolver os problemas que os republicanos do MAGA criam.
(Com AFP e The New York Times)
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