Internacional

‘Fantasma de Bakhmut’: atirador voluntário na Ucrânia afirma ter matado 113 russos

Voluntário conta que unidade em que opera eliminou '558 alvos' nos últimos nove meses

Agência O Globo - 03/10/2023
‘Fantasma de Bakhmut’: atirador voluntário na Ucrânia afirma ter matado 113 russos

Usando um boné e cobrindo parte do rosto com uma bandana com estampa de caveira, um atirador voluntário descreve como age desbravando florestas e descampados em busca de inimigos para, segundo ele, serem abatidos. A ação ocorre nos arredores de Bakhmut, na Ucrânia, palco do combate urbano mais letal e prolongado da Europa desde a Segunda Guerra Mundial, com dezenas de milhares de baixas estimadas em ambos os lados.

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“Não é nada como os filmes americanos que romantizam o trabalho dos atiradores de elite e o mostram como muito glamoroso. Trabalhamos 24 horas por dia, não diferenciamos entre dia e noite. Não há finais de semana. Você está totalmente exausto, toda a sua energia foi espremida”, diz o comandante do grupo, que atende pela alcunha de “Ghost” (fantasma, em inglês), ao jornal Insider.

À publicação, ele conta que a unidade em que opera eliminou “558 alvos” nos últimos nove meses e que ele seria pessoalmente responsável por 113 — números os quais a publicação não conseguiu verificar de forma independente. Esse número de combatentes equivaleria à quantidade de soldados de um batalhão inteiro.

A equipe que atua nas sombras da região se auto-apelidaram de “Os Fantasmas de Bakhmut”. Em julho deste ano, uma equipe da rede britânica BBC visitou um dos acampamentos usados pelo grupo. Um membro afirmou, na ocasião, que os principais alvos eram “alvos de alto valor”, e, após cumprir esse objetivo, passa a eliminar qualquer outro oponente que esteja nas proximidades.

“Somos jogados nos pontos mais quentes”, conta um dos agentes. "Quando há uma ofensiva ou contraofensiva planejada, a nossa tarefa é entrar primeiro e limpar a área.”

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Após a entrevista à Insider, o grupo seguiu para uma ação com Humvees, veículos blindados usados na guerra, avançando também a pé por um território silenciosamente em direção aos seus alvos. Os disparos são registrados eletronicamente através da mira dos rifles, mas, por segurança, a equipe continua observando o alvo por três a cinco horas após o abate “para ter certeza de que está morto”.

Para fazer parte da frente ucraniana, a unidade treinou de maneira intensiva durante 10 meses antes de chegar a Bakhmut, em fevereiro, onde permanece desde então. Segundo Ghost, 10% do treinamento é focado em aprender a atirar e 90% em aprender a sobreviver.

Ele admite, também, que todas as suas missões são perigosas, e as mais difíceis são quando o alvo é outro atirador.

“É a tarefa de caçar o caçador”, disse ele, cuja equipe atinge alvos a distância, começando em 70 metros, mas atingindo pontos a 2,5 km, segundo Ghost.

O grupo usa armas como o Barrett M107A1 e o MRAD, além de rifles ucranianos, incluindo o UAR-10 e o Snipex Alligator. Com esse equipamento, ele diz, com convicção, que não se incomoda em tirar vidas, porque, como afirma, é motivado por um propósito superior.

“Não sofremos psicologicamente porque protegemos a nossa casa e fazemos uma ação nobre. Além disso, é apenas um trabalho”, disse. “Somos absolutamente autossuficientes.”