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Em aniversário de anexações, ex-presidente promete novas 'regiões russas' na Ucrânia

Conhecido por suas declarações duras sobre a guerra, Dmitri Medvedev disse que Moscou chegará à 'vitória'; Putin faz discurso pautado pelo nacionalismo para marcar a data

Agência O Globo - 30/09/2023
Em aniversário de anexações, ex-presidente promete novas 'regiões russas' na Ucrânia
Ex-presidente da Rússia, Dmitri Medvedev - Foto: Reprodução

O ex-presidente da Rússia, Dmitri Medvedev afirmou neste sábado que o país vai anexar novas regiões da Ucrânia, e que as tropas que desde fevereiro do ano passado protagonizam uma invasão do território ucraniano chegarão à "vitória" contra o que chamou de "regime nazista de Kiev". As declarações foram feitas no dia que marca um ano da anexação das regiões de Donetsk, Luhansk, Zaporíjia e Kherson por Moscou, um movimento que não foi reconhecido internacionalmente e que também não se concretizou no domínio de fato de todas essas áreas.

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"Há um ano, em referendos, seus moradores tomaram uma decisão fatídica - estar com sua pátria. Esta escolha tornou-se um símbolo não só da restauração da justiça histórica, mas também da unidade do povo russo, da sua colossal vontade e dedicação", escreveu Medvedev, hoje vice-presidente do Conselho de Segurança russo, no Telegram. "A operação militar especial continuará até que o regime nazista de Kiev seja completamente destruído e os territórios russos originais sejam libertados do inimigo."

Ao fim da mensagem, ele faz uma promessa: "A vitória será nossa. E novas regiões se unirão à Rússia".

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Medvedev, que sempre figura em listas dos políticos mais odiados da Rússia, é uma das vozes mais vocais da defesa da guerra na Ucrânia, e um de seus temas favoritos é a ameaça do uso de armas nucleares — em julho, ele disse que se a reação ucraniana no campo de batalha fosse bem sucedida, o governo russo poderia fazer uso de seu vasto arsenal de armas atômicas. Apesar do tom elevado, sua influência dentro do Kremlin é questionada por analistas.

Há um ano, o presidente Vladimir Putin oficializou a anexação de Donetsk, Luhansk, Zaporíjia e Kherson, após a realização de referendos contestados internacionalmente e que contaram com relatos de opressão por parte das forças de ocupação russa. Em determinadas regiões, os russos conseguiram estabelecer e manter o controle de fato, impondo mudanças nos sistemas jurídicos, econômicos, educacionais e até de telefonia, com a adoção do código internacional russo, o +7. Contudo, bolsões de resistência ainda são vistos em cidades como Melitopol e Donetsk, além dos combates que devolveram ao controle ucraniano áreas no Leste do país.

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Além de Medvedev, a data, oficialmente conhecida como Dia da Reunificação com a Rússia, foi marcada por um discurso gravado do presidente Vladimir Putin. Ele celebrou os referendos realizados em setembro do ano passado, fez críticas ao governo de Kiev, e não economizou nas declarações nacionalistas.

— Há um ano, em referendos históricos, as pessoas expressaram e confirmaram novamente a sua vontade de estar com a Rússia, apoiaram os seus compatriotas, aqueles que, através de trabalho árduo e feitos reais, conquistaram a confiança do povo — disse Putin. — Obrigado por, apesar de todas as provações, vocês [populações de áreas ocupadas] terem preservado e transmitido aos seus filhos o amor pela Pátria. Graças a vocês, à sua firmeza e determinação, a Rússia tornou-se ainda mais forte. Somos um só povo e juntos superaremos tudo e responderemos a quaisquer desafios.