Internacional
Com ex-premier pró-Rússia em vantagem, Eslováquia escolhe novo governo neste sábado
Ex-premier e admirador de Viktor Orbán está na frente nas pesquisas, e promete cortar ajuda militar a Kiev; discussões sobre formação de Gabinete devem se estender além da votação
Eleitores na Eslováquia participam neste sábado de uma votação que pode ter impactos bem além das fronteiras do país do Leste Europeu. Na disputa estão o vice-presidente do Parlamento Europeu Michal Simecka, de centro e que conta com os votos dos moderados, e o ex-premier Robert Fico, dono de posições que vêm causando algum arrepio entre setores mais liberais da sociedade e que aparece na frente nas pesquisas.
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Fico, de 59 anos, comandou o país em dois períodos, de 2006 a 2010 e 2012 a 2018, quando renunciou. Nos últimos meses, vem sendo uma das principais vozes contra a maciça ajuda europeia à Ucrânia, e expressou posições pró-Rússia recentemente — em um discurso, disse que, caso fosse eleito, não mandaria “uma bala sequer” a Kiev. Ele também chamou as sanções aplicadas contra a Rússia de “inúteis”, e deixou clara suas visões sobre o Ocidente em um comício.
— A guerra sempre vem do Ocidente. E a liberdade e a paz sempre vêm do Leste — afirmou a apoiadores. Na mesma fala, reiterou a promessa de vetar a candidatura da Ucrânia para entrar na Otan. A Eslováquia integra a aliança militar, que é o principal pilar de apoio aos ucranianos desde o início da invasão russa.
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Posturas contra a guerra também estão sendo vistas em discursos eleitorais em outros países europeus, como a Polônia. Mas o que deixou analistas e políticos em alerta, além das falas de Fico, são as alianças que ele pretende formar caso retorne ao cargo. O ex-premier se diz um admirador do líder da Hungria, Viktor Orbán, e pode fortalecer posições contrárias às defendidas por Bruxelas, inclusive sobre a Ucrânia.
Fico também é um vocal opositor de políticas voltadas à população LGBTQIAP+ — o casamento entre pessoas do mesmo sexo não é previsto pela lei eslovaca, e o candidato chegou a dizer que relações do tipo são “uma perversão”. Em um dos anúncios de campanha, apresentou um personagem parecido com o rival, Michal Simecka, parado diante de dois banheiros, aparentemente sem saber em qual ir.
— Enquanto o progressista Misho (Michal) decide se ele é um menino, uma menina ou um helicóptero hoje, para nós a ideologia de gênero é inaceitável, e o casamento é uma união única entre um homem e uma mulher — diz Fico, olhando para a câmera.
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Já Simecka, de 39 anos e jornalista de formação, defende a manutenção das atuais linhas de política externa da Eslováquia, fortalecendo o apoio à Ucrânia, com quem divide uma fronteira de 97 km, além da ampliação dos laços com Bruxelas. Sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo, o programa do candidato promete “a extensão do casamento a todos os casais, algo que consideramos ser a concretização do princípio da igualdade”, mas sem qualquer garantia de cumprimento. Em 2015, um referendo sobre a proibição do casamento gay chegou a ser realizado, mas foi invalidado por causa do baixo comparecimento às urnas.
Segundo as pesquisas de boca de urna, nenhuma coalizão deve conseguir maioria para formar um governo por conta própria, e deverá buscar outras siglas para garantir o direito de indicar o primeiro-ministro. Um dos pesos nessa balança deve ser o Hlas, de centro-esquerda, comandado pelo ex-premier Peter Pelegrini. Na semana passada, ele disse que não havia definido para quem seria seu apoio, mas deixou escapar uma preferência inicial por Fico.
Segundo as pesquisas, o OLaNO, que venceu as eleições de 2020, deve ser o maior perdedor da votação — nas sondagens, ele aparece um pouco acima dos 5% das intenções de voto, a barreira mínima para integrar o Parlamento. A sigla perdeu apoio durante os momentos mais agudos da pandemia da Covid-19, e entrou em uma espiral de crises no ano passado, em boa parte ligadas à alta da inflação. Em dezembro, a coalizão desmoronou depois de ser derrotada em um voto de não confiança, que levou às eleições deste sábado.
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