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Conheça o ponteiro Lukas Bergmann, irmão de Júlia e novato na seleção brasileira que disputará o Pré-olímpico no Rio

Ponteiro de 19 anos ganhou vaga na seleção de Renan dal Zotto por causa do pedido de dispensa de atletas na mesma posição

Agência O Globo - 30/09/2023
Conheça o ponteiro Lukas Bergmann, irmão de Júlia e novato na seleção brasileira que disputará o Pré-olímpico no Rio

Lukas Bergmann, de 19 anos, ponteiro do Sesi, disputará o primeiro torneio com a seleção brasileira principal, o Pré-olímpico, que começa neste sábado e vai até o dia 8, no Maracanãzinho. Irmão de Júlia Bergmann, de 22 anos, atleta que se consolidou na seleção feminina e jogará no turco THY com o técnico José Roberto Guimarães, ele também nasceu na Alemanha e mudou-se para Toledo, no Brasil, em 2011. Os irmãos são unidos e costumam trocar conselhos esportivos. Mesmo que por mensagem de texto.

— O que os Bergmann têm? Acho que eles têm vontade de jogar vôlei, o selo de garantia Bergmann — brinca a mãe Neide, de 52 anos, que completa: — Além, é claro, do tipo físico. Eles sempre eram os maiores da turma. E nós, os pais, sempre jogamos vôlei na Alemanha. Mas nada profissional. Acho que passaram a gostar da modalidade por nossa causa.

Na Alemanha, Lukas e Julia começaram na natação. Neide, que é brasileira e professora de alemão, conheceu o marido André, alemão de 55 anos e que trabalha com TI, jogando vôlei. Segundo Neide, as crianças gostavam de acompanhá-los na quadra. Quando a família mudou-se para o Brasil, todos passaram a bater bola na areia.

Ela conta que levava Lukas, aos 8 anos, em seus treinos. Ele ficava sozinho. Até que o professor Luiz Fernando Viaro, que era um estagiário da Prefeitura, passou a treiná-lo na praça, numa quadra de areia em frente ao clube. Disse ainda que Julia foi levada para a equipe de vôlei por uma professora que ao vê-la em sala de aula, com as pernas enormes para fora da carteira, disse "Ih, deve ser atrasada... coitada."

Júlia atuou em Brusque, na Superliga B, e depois foi jogar e estudar na Universidade de Georgia Tech, nos Estados Unidos. Sua primeira convocação para a seleção foi em 2019.

Lukas, por sua vez, jogava em Toledo. O ponteiro atuou na seleção do Paraná e em seleções de base. Disputou mundiais pelas seleções sub-19 e sub-21. Atleta do Sesi, ele jogou a Copa Pan-Americana com a seleção B, no México (o Brasil foi prata e perdeu o ouro para o Canadá). Lukas e Julia chegaram a ter o mesmo técnico na quadra, em Toledo (Marcos Alexandre Guez Assunção).

— Não falamos muito com o Lukas esses dias porque ele está bem focado com o grupo. Lógico que na estreia a adrenalina estará lá em cima. A gente tinha a expectativa de vê-lo em quadra, na seleção B, que vai aos Jogos Pan-americanos. O Pré-olímpico antecipou tudo. Estamos muito felizes. — diz Neide, que elogia o filho: — Ele é focado, faz exatamente o que o treinador pede. Ele é persistente e dedicado.

Neide comenta que até hoje eles gostam de jogar vôlei entre eles. Lukas disse que prefere montar dupla com a mãe "para ganhar do pai e da irmã". A rivalidade sempre foi brincadeira: os irmãos são unidos e se ajudam até hoje. Gostam de trocar conselhos via Whatsapp. Lukas contou que pediu conselhos recentes a irmã para "aliviar a pressão".

Ele disse ao Globo que ficou surpreso com a convocação para o time principal do Brasil. Mas que irá aproveitar o máximo que puder.

— Estou um pouco nervoso porque "foi do nada para mim" (que chegou na seleção principal adulta). Tinha jogado na seleção do Paraná e de base... Mas é uma oportunidade, algo muito bom para o meu progresso e aprendizado e vou para a luta — falou o atacante. — Sou tímido, não sou muito de falar mas em quadra é outra história. Ali estou para dar o meu máximo e invoco outra pessoa (risos). Uma pessoa diferente, não sei bem quem. Foco no objetivo, que é ganhar o jogo, e bato na bola.

Julia e a seleção feminina já conquistaram vaga para os Jogos Olímpicos de Paris-2024. Falta agora Lukas e o time masculino. O Brasil estreia neste sábado contra o Catar. Lukas é o quarto ponteiro da seleção de Renan dal Zotto, que tem Adriano, Honorato e Lucarelli. Os ponteiros Leal (lesão) e Arthur (lesão) e o oposto Felipe Roque (questões familiares) pediram dispensa.

— Será um sonho vê-los em Paris-2024, achamos mais seguro pensar em Los Angeles-2028. Mas nada é impossível. A chance está aí para cada um — diz Neide. — Sinto o maior orgulho deles... Eles se dedicam muito e sabem que às vezes pode não dar certo, mas que o importante é se dedicar e aproveitar as oportunidades.