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Crianças sedentárias têm mais AVC na fase adulta, revela novo estudo; entenda

A pesquisa encontrou evidências que a falta de exercícios físicos na infância apresenta riscos de derrame e problemas cardíacos a longo prazo

Agência O Globo - 23/08/2023
Crianças sedentárias têm mais AVC na fase adulta, revela novo estudo; entenda

A falta de atividades físicas na infância pode levar a um cenário de derrames e ataques cardíacos no início da vida adulta, como mostra uma pesquisa apresentada na edição deste ano do Congresso Europeu de Cardiologia. Este é o primeiro estudo a investigar os efeitos acumulativos do tempo sedentário com dados recolhidos por um smartwatch, e também dos danos cardíacos a longo prazo.

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A pesquisa foi conduzida com smartwatch com rastreador de atividades por sete dias em 766 crianças, das quais 55% eram meninas e 45% eram meninos. A primeira vez que receberam foi aos 11 anos de idade. Em seguida, aos 15 anos e mais uma vez aos 24. O peso do ventrículo esquerdo do coração foi avaliado por ecocardiografia, uma espécie de ultrassonografia, aos 17 e 24 anos de idade foram relatado em gramas em relação à altura (g/m).

Os pesquisadores então analisaram a associação entre o tempo sedentário nos 11 e 24 anos de idade e medidas cardíacas entre 17 e 24 anos de idade após ajuste para fatores que poderiam influenciar a relação, incluindo idade, sexo, pressão arterial, gordura corporal, tabagismo, atividade física e status socioeconômico.

Aos 11 anos, o sedentarismo era, em média, de 362 minutos por dia, subindo para 474 minutos por dia na adolescência (15 anos de idade) e 531 minutos por dia aos 24 anos. Ou seja, houve um aumento de 169 minutos (2,8 horas) por dia entre a infância e a idade adulta jovem.

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Dessa forma, o estudo chegou à conclusão que a cada aumento de um minuto no tempo sedentário houve também um crescimento de 0,004 g/min na massa ventricular esquerda entre os 17 e os 24 anos de idade. Após cálculos, levando em conta a inatividade adicional, os pesquisadores chegaram a um equivalente de 3 gramas na massa ventricular esquerda a mais (ou 0,7 g/m2) nos participantes, entre as medições ecocardiográficas com ganho médio de altura.

Um estudo realizado anteriormente em adultos descobriu que valores semelhantes observados na massa ventricular esquerda (1 g/m2) durante um período de sete anos estava associado a um risco duas vezes maior de doença cardíaca, acidente vascular cerebral e morte.

— Todas essas horas de tela em jovens resultam em um coração mais pesado, o que sabemos por estudos em adultos que aumenta a probabilidade de ataque cardíaco e derrame. Crianças e adolescentes precisam se movimentar mais para proteger sua saúde a longo prazo — explica o autor do estudo, Andrew Agbaje, da Universidade do Leste da Finlândia.