Esportes
Análise: Quem foi bem, quem foi mal e quem deve continuar na seleção brasileira após eliminação da Copa
Seleção teve desempenho fraco e com muitos erros, não saiu do 0 a 0 contra a Jamaica e foi eliminado na fase de grupos do Mundial

A decepcionante campanha do Brasil na Copa do Mundo, a pior em 28 anos, deixa muitas dúvidas para o futuro da seleção brasileira. O elenco, que teve 11 jogadoras estreantes em Copas do Mundo, trouxe a aguardada renovação para a equipe, mas não foi suficiente para avançar na competição. Com alguns destaques para atuações sólidas de jogadoras e outras que deixaram a desejar, veja quem sai bem e quem sai mal do elenco brasileiro no Mundial, e quais as chances delas nas próximas convocações.
Maior artilheira da competição, Marta foi titular contra a Jamaica, mas não conseguiu fazer a diferença e garantir o resultado do Brasil. A camisa 10 afirmou que é o "fim da linha" para ela em Copas, e a permanência na seleção é incerta, já que a treinadora Pia Sundhage disse que, para as próximas listas, "se ela vai ser chamada, temos que ver".
Destaques da campanha
Em seu primeiro desafio como titular em Copas, Letícia teve boas atuações no gol do Brasil, principalmente contra a França, quando fez duas boas defesas e impediu que as francesas ampliassem o placar depois do 1 a 0, permitindo que a seleção continuasse na partida e buscasse o empate. Ela ficou com a vaga após a lesão de Lorena, em março. Quando a goleira do Grêmio voltar aos gramados, as duas devem voltar a brigar pela titularidade na seleção.
Melhor em campo na derrota para a França e no empate com a Jamaica, a zagueira Rafaelle deixa o Mundial em alta, com atuação sólida especialmente na última partida, ao conseguir neutralizar completamente as tentativas de Bunny Shaw, principal jogadora ofensiva jamaicana. Na lateral-direita, Antônia também fez um bom Mundial, trazendo autoridade para a linha defensiva e com boas explorações do corredor na transição ofensiva. A continuidade da dupla na seleção, e na titularidade, está entre as mais prováveis do elenco.
Caçula da seleção, Lauren correspondeu às expectativas nas duas primeiras partidas e sai da competição como uma forte concorrente a manter a vaga na zaga. Única opção do Brasil na lateral-esquerda, Tamires teve bom desempenho nas jogadas ofensivas avançando pelo corredor, apesar de deixar a desejar na marcação. Aos 35 anos, a jogadora do Corinthians está em boa forma física, mas a falta de alternativas para a posição contribui mais para a manutenção da atleta na equipe do que o rendimento em campo.
No meio, Ary Borges sai como a principal força do Brasil no Mundial tanto na criação das jogadas, com boas leituras de jogo e passes na medida, quanto na eficiência para aproveitar as chances e marcar os três gols na estreia. Duda Sampaio, que saiu do banco contra o Panamá e Jamaica, trouxe novo potencial ofensivo à seleção e fez bom uso dos minutos em que esteve em campo. No ataque, Debinha fez a diferença contra a França e deu o passe para abrir o placar na estreia contra a Jamaica, mas foi pouco acionada e bastante marcada na maioria dos minutos em campo. As três saem fortalecidas como presenças importantes na seleção brasileira.
Desempenho intermediário
Algumas jogadoras tiveram um desempenho que não encantou, mas também não decepcionou no Mundial. Foi o caso de Kerolin, que compôs o meio-campo e até teve boa atuação na estreia, mas nos dois outros jogos pouco propôs. Uma das jogadoras estreantes em Copas, e em boa fase no North Carolina Courage, dos EUA, deve continuar tendo oportunidades no pós-Mundial. A zagueira Kathellen, que ocupou a vaga de Lauren no empate com a Jamaica, fez boa partida, mas não foi suficiente para ser um dos destaques do jogo. Titular do Madrid CFF, ela também ser mantida na lista das futuras convocações.
Bia Zaneratto, uma das mais experientes da equipe, marcou quando recebeu assistência de Ary na estreia, mas a expectativa de ser a mulher de referência na área nos ataques do Brasil não foi correspondida. No período de treinamentos, a jogadora de 29 anos foi poupada nos jogos pelo Palmeiras que antecederam a convocação, bem como no amistoso contra o Chile, último teste antes da Copa. Nos treinos na Austrália, também precisou fazer trabalho separado de recuperação física, o que pode ter afetado seu desempenho na competição. Com quatro Copas do Mundo no currículo, a Imperatriz segue como uma das opções mais prováveis de continuar no plantel.
Gabi Nunes e Andressa Alves tiveram poucos minutos para tentar fazer a diferença no ataque do Brasil, mas foram pouco acionadas e deixam o Mundial passando despercebidas. As duas conquistaram as vagas no elenco pelo bom desempenho nos clubes — Andressa pela Roma, mas de saída para o Houston Dash, dos EUA; e Gabi pelo Madrid CFF, mas com destino ao Levante, também da Espanha —, mas a permanência de Gabi, aos 26 anos, é mais provável do que a de Andressa, que tem 30.
A lateral-direita Bruninha fez boa partida quando entrou no lugar de Antônia na estreia, na segunda etapa. A alteração, que não teve tanta repercussão dentro de campo, serviu para que a jogadora tivesse seus primeiros minutos em uma Copa do Mundo. Assim como ela, Ana Vitória teve poucos minutos em campo, mas as duas, que têm 20 e 23 anos, representam a nova geração da seleção brasileira, e devem continuar.
Quem decepcionou
A volante Luana fez um excelente jogo na estreia contra o Panamá, possibilitando a criação das jogadas ofensivas e distribuindo bem a bola para as meias e atacantes. Mas nos dois jogos mais importantes, contra adversários tecnicamente e taticamente superiores ao primeiro desafio, não conseguiu se encontrar dentro de campo. O saldo é negativo, com as atuações sem brilho nos momentos cruciais ofuscando a animação inicial da estreia. Aos 30 anos, o futuro da jogadora na seleção aponta mais para a ausência nas próximas convocações.
Adriana, que fez sua primeira participação em competições importantes depois de ser cortada por lesão na Copa de 2019 e em Tóquio-2020, não conseguiu aproveitar a primeira grande chance pela seleção brasileira. Vindo da vice artilharia da Copa América, empatada com Debinha, ela fica marcada pela finalização desperdiçada no primeiro tempo contra a França, quando ficou de frente para o gol em boa jogada de Debinha e Geyse, pegou mal na bola e isolou. Aos 26 anos e começando uma nova fase da carreira no Orlando Pride — time de Marta e nova casa de Rafaelle —, a presença da jogadora nas próximas listas é incerta.
Geyse representava uma das grandes esperanças do Brasil para acelerar as jogadas e ter bons lances individuais levando perigo ao gol. Mas nas três atuações — saindo do banco contra Panamá e Jamaica, e começando contra a França — não conseguiu ter o desempenho esperado que teve na temporada pelo Barcelona. Na Champions, ela assistência para o gol de vitória na semifinal contra o Chelsea, resultado que garantiu o time catalão na final da competição, e terminou com o título. Apesar de uma competição ruim, Geyse é um dos principais expoentes da renovação da seleção, e é pouco provável que perca a vaga na equipe no futuro.
A zagueira Mônica Hickmann e a goleira Bárbara, maiores surpresas da convocação, não devem ter continuidade na seleção brasileira. Com um elenco de muitas estreantes, a experiência das jogadoras que participaram da quarta e quinta Copas, respectivamente, funcionou mais para a composição do elenco e fortalecimento do vestiário. Mônica chegou a entrar em campo em uma substituição inesperada contra a França, mas pouco conseguiu fazer durante os 15 minutos em que atuou.
Não jogaram
Vista como uma das maiores promessas para a renovação da seleção brasileira e com grande participação no ciclo da Era Pia, Angelina foi a única jogadora de linha que não entrou em campo no Mundial. Inicialmente convocada como suplente, a meia do OL Reign sofreu uma lesão no joelho na final da Copa América, em 2022, e ainda não retornou aos gramados. Mas ela mostrou que estava recuperada nos treinos pré-convocação, na Granja Comary, bem como na preparação na Austrália, e ficou com a vaga de Nycole, cortada por um entorse no tornozelo. Apesar disso, não foi utilizada por Pia como uma das opções para renovar o setor de criação do Brasil durante o torneio.
A goleira Camila não foi utilizada no Mundial, mas deve ser uma das jogadoras que continuam a figurar na lista das convocadas. Com a provável saída de Bárbara, que também não entrou em campo, uma vaga se abre no gol do Brasil, mas além da volta de Lorena, provavelmente em 2024, há disputa pela vaga com Luciana e Natascha.
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