Internacional

Assessor de Zelensky diz que 'mais drones' ainda vão atingir a Rússia; veja mapa com total de ataques ao território russo em 2023

Kiev, no entanto, não confirma ou nega a responsabilidade por nenhum dos atos recentes

Agência O Globo - 01/08/2023
Assessor de Zelensky diz que 'mais drones' ainda vão atingir a Rússia; veja mapa com total de ataques ao território russo em 2023
Assessor de Zelensky diz que 'mais drones' ainda vão atingir a Rússia; veja mapa com total de ataques ao território russo em 2023 - Foto: Reprodução

Alvo de novos ataques nesta terça-feira, incluindo um drone atingindo o mesmo prédio no centro de Moscou pela segunda vez em 48 horas, a Rússia culpa a Ucrânia por atos que chama de "terroristas" em áreas sob o seu controle — só neste ano, já foram mais de 120, segundo um levantamento da BBC. Kiev, por sua vez, geralmente não confirma ou nega a responsabilidade pelos ataques, mas o assessor do presidente Volodymyr Zelensky, ao "ameaçar" a Rússia com a possibilidade de "mais drones não identificados" atingirem o país, deu a entender que os atos podem ser parte da estratégia ucraniana para combater a invasão por Moscou.

Guerra dos drones: Saiba como dispositivos não tripulados se tornaram essenciais para Rússia e Ucrânia

Relembre outros alvos: Ataque com drones em Moscou mostra guerra na Ucrânia cada vez mais dentro da Rússia

Em um tuíte nesta terça-feira, Mykhailo Podolyak disse que Moscou "está se acostumando rapidamente a uma guerra total", embora tenha negado veementemente a responsabilidade de Kiev pelos ataques recentes na capital e no Mar Negro. Ele também disse que "tudo o que acontecerá na Rússia é um processo histórico objetivo. Mais drones não identificados, mais colapsos, mais conflitos civis, mais guerra".

Zelensky, por sua vez, já havia dito no fim de semana, após drones serem abatidos na capital russa, que a guerra "está voltando ao território da Rússia — a seus centros simbólicos e bases militares", chamando tais invasões de "inevitáveis, naturais e absolutamente justas". Apesar da fala do presidente ucraniano, Kiev não reivindicou nenhum dos ataques recentes.

Reação: Rússia bombardeia prédio e universidade na Ucrânia após repelir ataque com drones ucranianos a Moscou

Alvos russos

De acordo com o levantamento da rede britânica, até o momento, mais de 120 ataques de drones contra alvos russos foram lançados desde o início do ano, sobretudo nas regiões de Bryansk e Belgorod, perto da fronteira ocidental com a Ucrânia, além da Península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.

Uma das investidas mais graves ocorreu em maio, quando drones causaram estragos a diversos edifícios na capital e um chegou a atingir um prédio no complexo do Kremlin, residência oficial do presidente Vladimir Putin na capital — algo que os russos classificaram como uma tentativa de magnicídio apesar do presidente estar em outro lugar na ocasião.

Apesar de culparem Kiev pelo ataque, o governo ucraniano sempre negou ter qualquer envolvimento com o ato.

No mesmo mês, mais um suposto ataque de drone feriu pelo menos 10 soldados russos em um campo de treinamento militar na região de Voronej.

Os ataques não cessaram desde então, estendendo-se para os meses seguintes. Entre eles, em junho, dois drones foram abatidos ao se aproximarem dos armazéns de uma base militar no distrito de Naro Fominsk, cerca de 50 quilômetros ao sul da capital russa. Poucos dias depois, no início de julho, cinco foram abatidos nos subúrbios de Moscou, prejudicando as operações no aeroporto internacional de Vnukovo.

Assista: Vídeo mostra momento em que drone atinge Kremlin

O mesmo aeroporto foi fechado brevemente no último domingo, após a defesa russa abater drones na região de Moscou e na Península da Crimeia, em ataques que danificaram duas torres de escritórios na capital.

Nesta terça-feira, dois dias depois dos últimos ataques, o mesmo prédio comercial em Moscou foi novamente atingido, sem deixar vítimas. De acordo com o Kremlin, os dispositivos foram rapidamente neutralizados pelo sistema de defesa antiaéreo. Uma operação similar foi interceptada contra navios da Marinha russa no Mar Negro, onde as tensões vêm escalando desde a revogação do Acordo de Grãos no mês passado.

Os dispositivos teriam sido lançados de navios ucranianos, que estão proibidos de trafegar na região. Em resposta, autoridades ucranianas declararam, mais uma vez, que o país não atacou e não atacará embarcações civis no Mar Negro.

Crimes de guerra

O Kremlin, paralelamente, é com frequência acusado de mirar em infraestruturas civis ucranianas, incluindo prédios residenciais e centros de distribuição de energia e água, em sua operação militar especial, eufemismo russo para a guerra com o país vizinho.

Impressão russa: Moradores de Moscou ficam em choque após raros ataques de drones a áreas civis

As convenções de Genebra, que adquiriram sua forma final após a Segunda Guerra Mundial, que estabelecem os direitos dos civis durante situações de conflito armado, vetam o ataque a infraestrutura civis mesmo em tempos de conflito. Ambos lados são acusados de crimes de guerra nos últimos 17 meses, mas as acusações contra a Rússia são significativamente mais volumosas do que as contra a Ucrânia.