Política

Um jornal a dois passos do centenário: O GLOBO abraça o futuro com a força de sua história

Aos 98 anos, publicação processa as notícias em reportagens, análises, documentários em vídeo, infográficos, podcasts, posts nas redes sociais, alertas de celular e outros formatos

Agência O Globo - 29/07/2023
Um jornal a dois passos do centenário: O GLOBO abraça o futuro com a força de sua história

Era quinta-feira, 28 de maio de 1925. O diário O Jornal publicou em sua página 2 um anúncio com o título (em português da época) “O Baptismo da Sympathia Popular”, divulgando o concurso “Que nome dar ao novo jornal de Irineu Marinho?”. Cartas com as respostas deveriam ser enviadas até 1º de junho à sede da futura publicação, na época situada à Rua Bittencourt da Silva, onde hoje está o Largo da Carioca. O prêmio a quem escolhesse o nome do vespertino seria um mês de assinatura.

No dia 2 de junho, vários jornais do Rio publicaram reportagens com o resultado. Foram 399 títulos sugeridos por 26.520 pessoas. Algumas propostas eram inusitadas, como Vesper, Sombra, O Morcego e O Muque. O nome mais pedido, Correio da Noite, era um tanto conservador e já tinha dono, mas o segundo colocado coube muito bem: O GLOBO.

No dia 29 de julho de 1925, uma quarta-feira, 98 anos atrás, o jornal ganhou a praça com uma manchete da área de Economia: “Voltam-se as vistas para nossa borracha!”. Exatos 33.435 leitores compraram a edição inaugural. Começava o percurso de um jornal que navegou o século crescendo sem parar, tornando-se farol do jornalismo, mesmo com a morte repentina de seu fundador, Irineu Marinho, de um enfarte fulminante, aos 49 anos, 23 dias após o primeiro número.

Em 1931, seu filho mais velho, Roberto Marinho, que se destacava como repórter do GLOBO, assumiu a direção, mantendo a postura do pai de abraçar inovações tecnológicas sem abandonar princípios basilares deixados por ele, como proximidade das ruas, conteúdo calcado em reportagem, cuidado gráfico e a absoluta independência.

Em 98 anos, as mudanças foram muitas. Em 1925, o jornal era impresso numa rotativa Marinoni, fabricada na França, usada na Primeira Guerra Mundial e alugada por dez contos mensais. Hoje, a dois passos do centenário do jornal, a Redação Integrada, que produz os jornais O GLOBO e Extra, da Editora Globo, ocupa dois andares de um prédio inteligente na Cidade Nova, inaugurado em 2017. As páginas são produzidas com softwares avançados e transmitidas via internet para o Parque Gráfico na Rodovia Washington Luís, onde há três modernas rotativas.

A maior parte do conteúdo é pensado e produzido para consumo via internet. Hoje, O GLOBO processa as notícias em reportagens, análises, documentários em vídeo, infográficos, podcasts, posts nas redes sociais, alertas de celular e outros formatos que, diariamente, ganham vida pública em uma enxurrada de informação. No nosso site, há seções que se valem de inteligência artificial para ofertar conteúdo sob medida para cada leitor, baseando-se nas suas escolhas anteriores.

— Mas, mesmo com todas as mudanças ao longo de quase cem anos, aqueles princípios estabelecidos no início continuam de pé — garante o diretor de Redação do GLOBO, Alan Gripp. — Nosso jornalismo tem os pés fincados na reportagem, na abordagem ampla e analítica da notícia e na independência. A disseminação da inteligência artificial nos traz desafios e necessidade de inovação. Mas não abrimos mão de carregar esses valores enquanto adentramos o segundo século de vida desta publicação.

O jornal começou como um vespertino porque, há 98 anos, o carioca gostava de se informar sobre as notícias enquanto voltava do trabalho para casa. Seu Irineu tinha experiência nessa área. Ele havia sido fundador do A Noite, em 1911, que ganhava as ruas às 19h, com o noticiário até 17h30. O GLOBO foi um diário vespertino até 1962. Ao longo desse período, no afã de divulgar a informação mais quente possível, a Redação chegou a produzir oito edições do jornal em um mesmo dia, durante a malfadada Intentona Comunista, em novembro de 1935.

Hoje, quando algo de vulto acontece, seja um dia de eleições presidenciais no Brasil ou um jogo da Copa do Mundo feminina, a Redação veicula em seu site um ambiente de publicação de conteúdo em tempo real, com notícias, análises, vídeos e fotos. Além disso, todos os dias, a equipe monitora métricas de audiência e engajamento na internet para identificar os assuntos que estão mobilizando o leitor. Mas a motivação de entregar a informação precisa, de interesse público e “fresquinha” é a mesma do século passado. Está no nosso sangue. O resultado disso é um jornal líder absoluto em todas as métricas digitais disponíveis, das páginas vistas ao número de assinantes.

Quando o jornal foi criado, Irineu Marinho implementou algo que já vinha promovendo em A Noite, onde tentava romper com a tradição de um jornalismo longe das ruas, baseado em artigos de opinião e declaratórios. Queria o mundo real nas páginas do diário.

O próprio Roberto Marinho gastou muita sola de sapato em tempos de repórter. No dia 24 de outubro de 1930, durante a revolução que deu fim à República Velha, ele fez plantão nos portões do Palácio Guanabara, esperando a saída do presidente deposto Washington Luís, que havia sido preso e seria transferido para o Forte de Copacabana. O jornalista colocou galhos de árvore na rua para retardar o carro. Assim, conseguiu o tempo necessário para o fotógrafo produzir a imagem histórica que estampou metade da primeira página do jornal no dia seguinte: o mandatário deposto ao lado do cardeal Sebastião Leme.

Durante a maior parte de sua história, O GLOBO buscou misturar sua trajetória à do Rio de Janeiro, com uma produção voltada, principalmente, para o morador da Região Metropolitana. O cuidado com o conteúdo local continua, mas o foco mudou. A Redação Integrada prioriza o panorama nacional, com uma constelação de repórteres precisos no trato da notícia e um time de colunistas conhecidos por antecipar novidades de impacto e pelas análises fundamentadas dos acontecimentos, em diferentes áreas. Tudo isso garantiu ao veículo a liderança de mercado. Hoje, somos o maior jornal do Brasil.

Parte dessa identidade nacional está explícita nos eventos que, realizados pelo GLOBO com o apoio de diversas empresas, tornaram-se importante braço de negócios. Esta atividade começou fincada no Rio, em 1933, quando o jornal assumiu a organização do desfile das escolas de samba. No carnaval de 1972, a publicação criou o Estandarte de Ouro e, no mesmo ano, o Projeto Aquarius, série de concertos clássicos que atraiu multidões a locais como a Quinta da Boa Vista e, no ano passado, a Praça Mauá.

Mas o jornal vem expandindo essas fronteiras. Este ano, pela primeira vez, aconteceu, em junho, o SP Gastronomia. Versão paulistana do maior evento de gastronomia do país, realizado no Rio desde 2011, o festival teve a participação de restaurantes e chefs renomados, além de shows. Também em 2023, O GLOBO voltará a promover o Projeto Aquarius em São Paulo, o que não ocorre desde os anos 1980. Importante citar ainda o Vinhos de Portugal, que já acontece no Rio e em São Paulo desde 2017, e o E Agora, Brasil?, realizado no Rio e em Brasília.

O cardápio de projetos de conscientização promovidos pelo jornal também é voltado para um público nacional. Em 2021, O GLOBO aderiu ao movimento Um Só Planeta, maior iniciativa editorial brasileira para produção de conteúdo sobre meio ambiente, que une o portfólio das marcas da Editora Globo e Condé Nast, além da rádio CBN. E, este ano, a Editora Globo, por meio da plataforma Educação 360, participou da segunda edição do Festival LED — Luz na Educação, realizado pela TV Globo e a Fundação Roberto Marinho.

A missa de Ação de Graças pelos 98 anos da fundação do GLOBO será celebrada pelo padre Jorjão na capela Nossa Senhora da Vitória, na Igreja de São Francisco de Paula, no Largo de São Francisco, no Centro do Rio, nesta segunda-feira, às 11h.