Brasil
Afinal, o preço dos carros vai subir ou cair? Mercado já acumula alta de 40%
Pandemia, guerra e dólar nas alturas. Este é o cenário mundial vivido atualmente e que acarreta uma série de consequências para o bolso do brasileiro. Seja pela falta de produtos ou pela alta demanda, a realidade é que o salário não consegue acompanhar a inflação e o trabalhador tem cada vez menos poder de compra.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de junho de 2022 foi de 0,69%. Um aumento de 0,10 ponto percentual em relação à taxa do mês de maio, quando o IPCA-15 foi de 0,59%. No ano, o IPCA-15 acumula alta de 5,65%, já nos últimos 12 meses o aumento foi de 12,04%.
O IPCA-15, em resumo, é uma prévia do indicador oficial de inflação do país, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é calculado com base em uma cesta de consumo de famílias que recebem entre um e 40 salários-mínimos. A alta na inflação, fez com que o Copom (Comitê de Política Monetária) aumentasse a taxa básica de juros, que atualmente está em 13.25% ao ano.
O aumento da chamada taxa Selic acontece para tentar conter o crescimento da inflação no país. Por outro lado, a medida acaba encarecendo os juros, ou seja, conseguir empréstimos pessoais com valores atrativos se torna uma tarefa mais difícil. A alta dos juros também favorece investimentos de renda fixa, fazendo com que os investidores tenham menos incentivos para apostar em renda variável, atrapalhando a roda econômica de empresas listadas na bolsa de valores.
Mesmo com a inflação nas alturas, alguns setores da economia acumularam uma alta de preços que supera o índice, como é o caso do setor automobilístico. O aumento no valor dos automóveis no Brasil foi de cerca de 40% em dois anos, o que justifica a frase dita por muitos brasileiros de que “não existem mais carros populares” no país.
Para efeito de comparação, um carro que antes custava R$ 40 mil reais passa a valer R$ 56 mil. Quanto mais alto o valor do automóvel, mais difícil fica para o consumidor. Por exemplo, um carro que antes valia R$ 80 mil agora é negociado a mais de R$ 110 mil.
Como tudo na economia acontece em cadeia, o aumento de preço dos carros novos fez com que a procura por veículos usados subisse cada vez mais. Com isso, a tabela FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), usada como referência na negociação de veículos usados, também ficou bem mais cara.
Fatores para alta
A inflação em patamares elevados, o dólar negociado acima de R$ 5,00 e a baixa oferta e alta demanda de veículo são alguns dos motivos que acarretaram a forte alta no preço dos carros no Brasil. Outro problema que faz com que a produção de veículos fique comprometida é a falta de semicondutores no mercado global. A peça, que é essencial para produção dos carros, está em falta nas montadoras.
Preços irão baixar ou subir?
A expectativa do mercado é de que o preço dos carros deve continuar, por enquanto, nos patamares atuais. Sobretudo porque, mesmo com mais de 40% de alta, o brasileiro parece não se intimidar com o valor alto e a demanda para compra dos veículos continua nas alturas.
Olhando para a situação sob a ótica das montadoras, é possível perceber que, mesmo que menos pessoas optem por comprar carros, o alto valor faz com que menos vendas precisam ser feitas para que os objetivos de lucro sejam atingidos. Ou seja, quem compra os carros a um preço muito alto acaba compensando aqueles que decidem não pagar os valores dos veículos de quatro rodas.
Para o consumidor comemorar uma baixa no preço de negociação dos veículos, o primeiro passo seria a normalização no fornecimento dos semicondutores nas fábricas, fazendo assim com que a capacidade de produção das montadoras volte ao normal. A notícia ruim é que isso não deve acontecer no curto prazo. A expectativa é de uma melhora apenas a partir de 2023.
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