No ano em que celebra 80 anos, o poeta e ensaísta alagoano radicado no Recife, Ângelo Monteiro, publica nova obra pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe). Trata-se do livro de poesias Entre as ondas, que será lançado durante a I Feira Literária de Penedo (Flipenedo), que ocorre no município alagoano de 28 a 30 de abril.

O escritor, natural de Penedo (AL) – cidade à beira do Rio São Francisco, a 170 quilômetros de Maceió – é um dos homenageados da feira, e não lançava um livro há cinco anos. “Para quem nasceu como eu, na cidade de Penedo, é como se depois de tanto tempo, desde o nascimento, ela me recebesse de novo”, disse Ângelo.

“Em seu novo livro, Ângelo Monteiro continua o caminhar por uma poesia reflexiva, em que a filosofia é indissociável da estética. É mais uma obra do poeta que a Cepe Editora publica – em 2017, a Cepe lançou O Inquisidor e as lições de passagem, um dos títulos da Coleção Poemas”, recorda o editor da Cepe, Diogo Guedes.

Com dezenas de livros publicados, Ângelo é integrante da chamada Geração 65 – da qual também fazem parte nomes como Jaci Bezerra (1944-2020), Alberto da Cunha Melo (1942-2007), Marcus Accioly (1943-2017) e Lucila Nogueira (1950-2016) – costuma discorrer sobre o sentido da vida. Sua poesia é considerada uma das mais enigmáticas do contemporâneo.  “Se a própria vida é um enigma, toda poesia tem uma relação natural com essa natureza enigmática”, reflete o poeta.

Curador da Flipenedo, o jornalista e escritor Maurício Melo Júnior, destaca a valorização da poesia. “A homenagem a Ângelo é uma oportunidade de resgatar suas origens alagoanas. Ângelo é um grande poeta que, com os demais da Geração 65, fizeram um riquíssimo momento da cultura no Recife. Com Entre as Ondas ele mostra mais uma vez sua poética muito forte, marcada pelo hermetismo da alma”, define Maurício. Segundo o curador, o poeta canta o amor, a liberdade, a paixão e, sobretudo, “o sentido da vida, a partir de uma força poética”, derrete-se o jornalista.

Algumas poesias:

AS PALAVRAS PERDIDAS

As palavras hoje ditas

dependem menos de quem as diz

do que daquele que as ouve.

Dependem menos ainda

do dia em que foram ditas

por alguém

que, com certeza,

as esqueceu.

Pois esquecer — apenas esquecer —

tornou-se a forma única de ser.

ESPAÇO & TEMPO

Se cada um só pertence a seu espaço

— e cada espaço tem seu próprio tempo —

somos então prisioneiros?

Ou fora desses limites

não seríamos senão mortos?

A GRANDE PERGUNTA

Se cada homem fosse um espelho das coisas

todas nele durariam

ou morreriam juntas.

Se não somos espelhos mas reflexos

que ficará de nós?

Serviço:

Lançamento do livro Entre as ondas (Cepe Editora)

Quando: durante a Iª Feira Literária de Penedo (Flipenedo), de 28 a 30 de abril

Onde: Penedo, Alagoas

Preço: R$ 25 (livro impresso); R$ 10 ( E-book)