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Opúsculo Histórico

23/04/2022
Opúsculo Histórico

De quando em vez, encontro na orla marítima da Ponta Verde o engenheiro agrônomo Denis Portela de Melo, filho do ex-presidente da Academia Alagoana de Letras, Dr. José Maria de Melo, deputado federal por quatro legislaturas. De imediato, indago-o: Qual será seu próximo livro? Dele recebo permanente resposta: minha memória esgotou na seara linguística.

Quem escreveu as obras Passagem de volta, por linhas tortas, Do fundo da gaveta, De onde venho, Fim de feira poderia brotar de sua privilegiada memória juntando os cacos. Imortalizaria com chave se ouro suas reminiscências e, ao mesmo tempo, satisfaria o amigo-admirador de Paulo Jacinto.

Conversa à parte, viajo na Brevíssima História de Viçosa, com a pretensão de me deleitar lendo essa rápida história da sua terra-mãe, que diz: “A história que aí por volta da penúltima década do século XVIII, todos os anos, pelo Natal, um padre deixava a cidade de Atalaia para ir celebrar a Missa do Galo no povoado de Passagem, situado no vale do rio Paraíba, no hoje município de Quebrangulo”.

Discorrendo sobre a nostalgia, o renomado escritor assegura: “A vila progrediu. Vários engenhos de açúcar (movido a água, o primeiro deles foi o Bananal, pertencente à família Carneiro da Cunha; e movido a vapor, o primeiro foi o São Francisco, pertencente à senhora Glória Brenand, foram surgindo e o comércio se fortaleceu”. Descreve a chegada da estrada de ferro, o surto de progresso se acentuou de tal forma que a Vila Nova de Assembleia passou a ser conhecida como Viçosa.

Notadamente, observa-se que o historiador não se esqueceu de detalhes. Por exemplo:  O cinema, batizado como Cinema Edson, funcionava em um armazém situado na rua do Juazeiro (defronte à atual Assembleia de Deus, estreando com a casa lotada para assistir ao filme A Casa das Janelas Fechadas). Diga-se, de passagem, àquela época, a sétima arte era endeusada quer pelo glamour, quer pelas atrizes que ornamentavam a vida urbana.

Tudo isso, narrado com a eloquência do autor que trouxe à lume um pretérito não muito remoto. Veja o advento importante na cidade que crescia com a força do progresso. ”Um acontecimento digno de nota: em 1917, pela sua organização, adestramento, equipagem e disciplina, o Tiro de Guerra 206 seria convidado pelo Ministério da Guerra a participar da parada militar de 07 de Setembro, no Rio de Janeiro, tendo a corporação seguido para aquela cidade a bordo do navio Itassucé, no dia 01 de setembro daquele ano”.

A explosão do crescimento, fez os viçosenses acreditarem num futuro promissor. ”Durante um período de aproximadamente setenta anos, entre 1873 e 1945, teve Viçosa cerca de quarenta jornais. Em 1921, considerado o ano  áureo  da imprensa viçosense, chegaram a circular na cidade seis jornais e duas revistas”.

No final, presta uma justa homenagem  àqueles que fortalecem a cultura de um município que viveu sua fase gloriosa. Dentre eles, destaco: o poeta Sidney Wanderley (não o conheço pessoalmente), Marcos Vasconcelos Filho – cientista, escritor consagrado no seu tempo, Péricles Brandão de Almeida, o poeta Jader Tenório – que fazem parte da historiografia viçosense.