Brasil
Aprendizado de Máquina e Inteligência Artificial levam a investigação jornalística para o futuro
Pesquisar centenas de milhares de documentos de interesse público em instantes, com uma tecnologia de busca super inteligente, capaz de ler manuscritos e transcrever arquivos de áudios, enquanto faz uma varredura dinâmica e procura pelas informações mais relevantes em tempo recorde. Essa é a proposta do Google Pinpoint , ferramenta on-line que tem acelerado investigações jornalísticas e a exploração de grandes quantidades de dados desorganizados.
O sistema faz parte do Journalist Studio , suíte de aplicações da Google News Initiative (GNI) projetadas para colaborar com o desenvolvimento de um ecossistema de notícias ainda mais qualificado. A ideia é, principalmente, otimizar a rotina nas redações e o tempo dos profissionais de imprensa, reduzindo o período utilizado na consulta a grandes volumes de conteúdos e, consequentemente, aumentando o espaço para encontrar boas histórias e construir as melhores narrativas.
No Brasil, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) deu o pontapé inicial e anunciou, recentemente, que irá publicar duas grandes coletâneas de documentos de interesse público, mensalmente, para exame dos usuários por meio da plataforma.
A decisão é fruto da parceria formalizada recentemente com a GNI, divulgada durante painel exclusivo na 16ª edição do Congresso da Abraji , que contou com a participação de Marco Túlio Pires, diretor do Google News Lab no Brasil , e Reinaldo Chaves, coordenador de projetos na Associação, na semana passada.
“Queremos ao mesmo tempo facilitar o acesso a essas informações e também permitir que as pessoas possam usar todas as grandes funcionalidades do Pinpoint, como pesquisar rapidamente e facilmente em milhares de documentos por entidades como pessoas, empresas/organizações e localizações. Sem dúvida isso poderá ajudar muitos jornalistas brasileiros”, explicou Reinaldo Chaves.
O Pinpoint já oferece bases de dados disponibilizadas por redações americanas, como o The Washington Post e Big Local News, mas qualquer jornalista com acesso à ferramenta pode construir suas próprias coleções, fazendo o upload de documentos e arquivos. Eventos, fatos, nomes de indivíduos, instituições e ambientes/regiões registrados nesses papéis digitais são identificados, assimilados e estruturados automaticamente pela plataforma.
Aprendizado de Máquina
O Pinpoint utiliza o aprendizado de máquina para imprimir as respostas mais interessantes para determinada ação de busca, após percorrer enormes quantidades de materiais, em diversos formatos. A tecnologia faz a triagem automática após sincronização dos conteúdos e inicia a marcação dinâmica de referências para buscas rápidas, até mesmo a partir da transcrição de gravações e identificação de letras escritas à mão.
No lugar do famoso comando “Ctrl + F”, atalho para a caixa de pesquisas em documentos, os profissionais terão ajuda para uma utilização melhorada dos mecanismos da pesquisa do Google e do Mapa de Informações , com o reconhecimento óptico de caracteres e as tecnologias de fala para texto, para escanear PDFs digitalizados, imagens, e-mails, arquivos de áudio e até manuscritos arquivados no Google Drive. A ideia é tornar o processo de investigação de dados mais fácil e com menos risco de consumo de informações falsas.
“O diferencial do Pinpoint é que ele usa o mesmo motor de inteligência artificial da busca do Google para identificar automaticamente as pessoas, os locais e até as empresas mencionadas nos documentos e nos áudios. Ou seja, você vai poder cruzar e encontrar numa fração de segundo todas essas informações, em centenas ou milhares de arquivos ao mesmo tempo. Muitas redações já estão usando o Pinpoint ao redor do mundo, e o Boston Globe recentemente ganhou um Pulitzer com uma matéria que usou o Pinpoint durante a investigação”, acrescentou Marco Túlio, ao longo da oficina.
A análise dos materiais também pode ser feita em outras línguas, como o inglês, o espanhol, o francês, o italiano e o polonês. A tecnologia funciona para os uploads feitos pelos próprios usuários em suas pastas na nuvem.
Jornalismo investigativo
O Pinpoint já se provou útil para projetos de investigação, como o relatório do USA TODAY sobre 40.600 mortes relacionadas ao COVID-19 em lares de idosos, o Reveal’s Look sobre o “desastre de teste” do COVID-19 nos centros de detenção da Imigração e Alfândega dos EUA (ICE), bem como um artigo do Washington Post sobre a crise de opióides.
A velocidade do Pinpoint também ajudou os repórteres em projetos de curto prazo, como o exame do Rappler, com base nas Filipinas, dos relatórios da CIA da década de 1970 e situações de notícias de última hora, como a verificação rápida dos fatos do Verificado MX, com base no México, das atualizações diárias da pandemia do governo.
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