Brasil
Músicos utilizam poder das canções como instrumento educacional
Com a experiência de quem há 25 anos une a música à educação, o compositor e professor de História Gerson Guimarães, 56, uniu a história de um menino que não sabia ler, a música e um circo para mostrar uma realidade muito conhecida na população brasileira: o aprendizado tardio da leitura. Disso nasceu o espetáculo musical Circo do Só Ler, vencedor do Prêmio Braskem de Teatro na categoria Melhor Espetáculo Infantojuvenil em 2014.
Na peça teatral, um menino que não sabia ler vê tudo mudar com a chegada de um circo bem diferente à sua cidade, que a convida para uma viagem no mundo mágico da literatura infantil. Na trajetória, ele é desafiado a aprender a ler, para assim entender como a letra forma uma palavra e como as palavras contam histórias.
“Por não saber ler, o menino vê o ingresso do circo todo em branco e chega a reclamar com o palhaço que o bilhete não estava preenchido. Ao perceber que o ingresso estava correto e que, na verdade, o menino não conseguia entender a mensagem, a trupe do circo o leva para uma viagem no mundo mágico da literatura que desperta seu interesse não só pelas palavras, mas por conhecimento”, detalha o educador.
Gerson teve a ideia de montar o espetáculo através de um convite para ser mestre de cerimônia da formatura do filho que estava concluindo o Ensino Fundamental. Acostumado a lidar com adolescentes, o professor precisou recorrer ao lúdico para entreter o público que participava do evento. Um show de mágica, uma apresentação no power point e uma canção foram a solução.
“A música é invisível, porém muito poderosa. É um grande instrumento de educação e transformação. Independentemente de ser professor ou não, qualquer pessoa pode levar ensinamentos através de canções para as salas de aula e para a vida”, conclui com o professor compositor.
A música como norteador de destino
Há quem diga que a música é terapêutica. Outros vão além e garantem que ela salva vidas. Para o designer e cantor Igor Lisboa, o contato com a música foi um divisor de águas e mudou seu destino. “A música me ajudou a ser disciplinado. Tive um momento muito complicado na minha vida, quando eu passei no vestibular, mas reprovei no Ensino Médio. A sensação era que eu tinha queimado uma etapa. Então, foi um momento muito ruim e, de alguma forma, tocar instrumentos me ajudou a ter disciplina de novo para concluir o Ensino Médio”, lembra Lisboa que, aos 16 anos, aprendeu os primeiros acordes.
Começou com a guitarra. Logo despertou interesse pelo violão, teclado, baixo e só parou quando se percebeu multi-instrumentista. O amor pela arte se expressava também através de desenhos. Igor sempre gostou de desenhar, pintar e lidar com artes visuais. Daí a formação em Design. Mas sua verdadeira paixão, se tornou também o seu instrumento de trabalho. “Encontrei na música algo que faz eu me sentir muito bem. Diferente de outras experiências artísticas que eu tive até então, a música tem um papel de destaque na minha vida”, conta.
Autor de 19 singles e com 2 EPs lançados, Igor Lisboa já participou de algumas bandas de rock em Salvador, mas, há quatros anos, prefere trilhar a carreira solo. Em seu mais novo álbum, intitulado Desgaste Completo, as canções são como pílulas de conforto para mentes e corpos cansados, uma resposta a várias situações desafiadoras que o artista e o mundo têm vivenciado. Dentre elas, a pandemia. “A arte é uma forma de compartilhar com outras pessoas que estão lidando com os mesmos sentimentos e questões que provocam angústia”.
A temática ambiental é outra fonte de inspiração para as composições autorias. Na pauta musical e ecológica, destacam-se canções como Aquecimento Global, cuja letra não esconde indignação. “Não tenho palavras para isso. A questão não é mais: como evitar o aquecimento global. A questão é pensar em meios de sobrevivência para a raça humana”. A atmosfera do disco é de enfrentamento de problemas, sejam individuais ou coletivos. As letras são um convite à reflexão. “As canções são poderosas. Podem e devem ser usadas como veículo para transmitir mensagens”, conclui.
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