Economia

Indefinições entre Planalto e Economia impõe volatilidade e nova alta nos juros

26/08/2020

Os juros futuros abriram com viés de alta e, em seguida, marcaram máxima nesta quarta-feira avançando levemente perante as taxas do fechamento da sessão regular. Analistas são uníssonos em mencionar receio com a trajetória fiscal, com a condução da política econômica e com a indefinição de programas que estimulem a economia passada a crise sanitária. O dólar em alta moderada apoia o movimento observado nas taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) neste início de sessão marcado pelo exterior misto.

O DI para janeiro de 2022 abriu a 2,76% ante 2,75% no ajuste de terça e marcou máxima a 2,80%. O DI para janeiro de 2025 abriu a 5,74% ante 5,75% no último ajuste e marcou máxima a 5,81%. O DI para janeiro de 2027 abriu a 6,77% ante 6,76% no ajuste de ontem e marcou máxima a 6,81%.

Na terça-feira, a alta das taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI), provocada pelo receio com o futuro das contas públicas, só perdeu força por conta da queda do dólar no período vespertino da sessão. Com isso, os DIs que subiram mais de 16 pontos-base nas máximas intraday de alguns contratos desaceleraram e fecharam em leve alta na sessão regular.

A frustração da Segunda-feira (24) com o adiamento do anúncio do “Big Bang” de Paulo Guedes por desentendimento de valores no Renda Brasil com o Planalto somou-se a um novo desconforto vindo do “mise en scène” político ontem. O ministro da Economia foi ausência importante ontem no anúncio do novo Minha Casa, Minha Vida. No evento, o presidente Jair Bolsonaro chamou o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, de PG2, num dia marcado por mais disputa entre os liberais da equipe de PG, o ministro, e a ala desenvolvimentista.

Até o momento, as propostas da Economia sobre de onde tirar o dinheiro para elevar o valor do Renda Brasil, o novo Bolsa Família, são rejeitadas por palacianos. Sobre o Casa Verde Amarela, reportagem do Estadão/Broadcast evidencia que o setor da construção civil ficou frustrado com as condições do novo programa habitacional.

Como resumiu a CM Capital Markets nesta quarta-feira, “com a agenda de indicadores esvaziada, o destaque continua sendo a preocupação com o quadro fiscal do governo, acentuada ontem pela ausência do ministro Paulo Guedes no lançamento do programa habitacional do governo”.

Mais cedo a FGV divulgou que Índice Nacional de Custo da Construção – M (INCC-M) apresentou variação positiva de 0,82% no mês de agosto, desacelerando em relação a alta de 0,84% registrada em julho. No ano, o INCC-M acumula alta de 3,39% e nos 12 meses até agosto a alta acumulada é de 4,44%.

Autor: Karla Spotorno
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