Economia
Taxas fecham em baixa com varejo fraco e apetite pelo risco no exterior
A melhora do apetite pelo risco nos mercados internacionais ajudou a curva de juros a desinclinar comparando as pontas curta e longa, mas as taxas que caíram com mais força foram as da parte intermediária. O varejo restrito de janeiro veio mais fraco do que apontava a mediana das estimativas e, até por ser referente ao período pré-coronavírus, corroborou as apostas de queda da Selic em maio. Enquanto isso, a expectativa de aprovação pelo Senado dos Estados Unidos do pacote trilionário proposto pelo governo Trump para o combate ao coronavírus estimulou o “risk on,” favorecendo ativos de economias emergentes.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou a sessão regular em 3,68%, de 3,771% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2022 encerrou na mínima de 4,99% (5,594% ontem no ajuste), pela primeira vez abaixo dos 5% desde o dia 17, véspera da decisão do Copom. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 9,08%, de 9,484% ontem.
O exterior deu hoje um desafogo para a curva, amparado nas apostas na aprovação do pacote de Trump, que no fim do dia ainda reforçou os ânimos após afirmar que é preciso “salvar as empresas por causa do desemprego”. Porém, a percepção é de que o alívio não é consistente. As preocupações com o cenário fiscal, após o aumento dos gastos em função da epidemia, seguem no pano de fundo, assim como o pessimismo com a agenda de reformas. “O cenário fiscal pós-crise nos próximos anos segue desafiador, mas hoje os ativos de risco vão bem”, avaliou o estrategista de Mercados da Harrison Investimentos, Renan Sujii. Essa cautela explica o fato de a curva longa não ter devolvido hoje todo o prêmio acumulado na sessão de ontem, marcada por expressivo ganho de inclinação.
Além disso, afirma, com as condições técnicas do mercado muito abaladas, os movimentos têm sido erráticos e de grande amplitude. “Num dia corrige muito e no outro, recupera parte”, disse.
Os vencimentos até o miolo permaneceram regidos pelas perspectivas monetárias de curto prazo. As vendas do varejo restrito, com queda de 1% em janeiro ante dezembro, mais do que apontava a mediana (-0,4%) das previsões, decepcionaram, ainda que janeiro seja considerado um mês fraco para as vendas porque as famílias priorizam o orçamento para o pagamento de impostos de começo do ano, como IPVA e IPTU. “É um dado muito ruim porque não tem nada ainda do coronavírus”, observou Marcela Kawauti, da economista-chefe do SPC Brasil.
Segundo o banco Haitong, a precificação da curva para o Copom de maio hoje à tarde era de -33 pontos-base,ou 70% de possibilidade de corte de 25 pontos-base e 30% de chance de redução de 50 pontos.
Autor: Denise Abarca
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