Geral
Credores criticam plano de recuperação da Avianca
Apresentado à Justiça na última sexta-feira, o plano de recuperação judicial da Avianca é tido como frágil, vago e de difícil aprovação, segundo advogados envolvidos no caso.
A proposta da companhia aérea é criar uma “Unidade Produtiva Isolada” – espécie de empresa que ficaria com os direitos de pousos e decolagens (no jargão do setor, slots) da Avianca, além dos aviões arrendados – e leiloá-la. Essa nova empresa não herdaria as dívidas da aérea e receberia um aporte de US$ 75 milhões de algumas instituições, entre elas o fundo americano Elliott Management – que é credor dos irmãos Efromovich, donos da Avianca, em outros negócios. É um modelo parecido de recuperação foi utilizado pela Varig, cuja UPI foi comprada pela Gol.
O problema do plano da Avianca é que os slots, bastante disputados pelas companhias aéreas principalmente em aeroportos saturados como o de Congonhas, não são propriedade das empresas. Resolução da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), publicada em agosto do ano passado, afirma ser vedada a “comercialização ou cessão, gratuita ou onerosa (dos slots)”.
Uma fonte ouvida pelo jornal O Estado de S. Paulo afirmou que o risco de o plano ser barrado na Justiça é grande, pois dependerá de um aval da Anac e ainda poderá enfrentar questionamentos de outras companhias aéreas, que podem se sentir prejudicadas pela “transferência” dos slots para uma compradora da UPI.
O advogado Gledson Campos, do escritório Trench Rossi Watanabe, diz que o plano é desvantajoso para credores e, como está, não deverá ser aprovado. Para ele, a proposta de criar uma UPI sem dinheiro da Avianca não dá segurança a credores.
O advogado Felipe Bonsenso, especializado em direito aeronáutico, afirma que, em 2010, uma corte especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) se manifestou sobre o tema, proibindo o modelo proposta agora pela Avianca na recuperação judicial da Pantanal. “Diferentemente de outros países, como Inglaterra e EUA, no Brasil a comercialização de slots é vedada e os mesmos não fazem parte dos ativos das companhias aéreas.”
Procurada, a Avianca não quis se pronunciar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Autor: Renée Pereira e Luciana Dyniewicz
Copyright © 2019 Estadão Conteúdo. Todos os direitos reservados.
Mais lidas
-
1ACIDENTE
Colisão entre carros deixa três mortos e dois feridos na BR-316, em Cacimbinhas
-
2RÚSSIA
Brasil não compra briga com EUA e ignora potencial de relações com Coreia do Norte, diz analista
-
3HISTÓRIA
A saga de Lampião e Maria Bonita, 83 anos após a chacina de Angicos
-
4EDUCAÇÃO
Estado inicia nesta segunda pagamento da segunda parcela dos precatórios do Fundef
-
5JUSTIÇA
Zé Felipe acusa Virginia de ocultar patrimônio e pede bloqueio de R$ 200 milhões