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Michelle Obama fala de racismo, feminismo, Trump e futuro político em livro
A ex-primeira-dama americana Michelle Obama visitou na segunda-feira, 12, a sua antiga escola de ensino médio, Whitney M. Young Magnet High School, em Chicago, e fez uma roda de discussão com 20 estudantes que receberam trechos do seu livro de memórias, “Minha História”.
Nesta terça-feira, 13, no dia do lançamento do livro, ela conversará com a apresentadora Oprah Winfrey em um ginásio esportivo de sua cidade – foram vendidos dezenas de milhares de ingressos para o evento, com preços entre US$ 3 e US$ 3 mil.
O livro descreve a educação de Michelle no sul de Chicago, bem como a sua época na escola e na Universidade de Princeton. Em trechos recebidos pelos estudantes, ela escreve sobre a sua visão econômica e política do mundo durante a infância e a adolescência. Michelle diz que conhece a ansiedade de ser “parte do desafio universal de encaixar quem você é, com de onde você veio e para onde quer ir.”
Traduzida para 28 idiomas, “Minha História” começou a ser vendido nesta terça-feira no mundo todo. Michelle promoverá seu livro com uma turnê digna de uma estrela do rock, com palestras nos Estados Unidos e no Reino Unido mediadas por figuras famosas como a escritora Chimamanda Ngozi Adichie e as atrizes Reese Witherspoon e Sarah Jessica Parker.
Essa grande turnê contrasta com o tom íntimo da obra, na qual Michelle se esforça para superar o arquétipo clássico da primeira-dama e destaca experiências universais ligadas à sua vida familiar e profissional. Os trechos da obra divulgados pela imprensa chegaram às manchetes ao revelarem uma série de críticas da ex-primeira-dama ao atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“Algumas noites não conseguia dormir, zangada por isso que chegou a acontecer”, admite a mulher de Barack Obama nas últimas passagens do livro. “Foi angustiante ver como o atual presidente levou muitos americanos a duvidarem de si mesmos e a duvidarem dos outros e temê-los. Às vezes me pergunto se em algum momento chegaremos ao fundo do poço”, acrescenta.
Michelle condena Trump, a quem caracteriza como “misógino”, por ter promovido, em 2011, o falso rumor de que Barack Obama não tinha nascido nos EUA. “Donald Trump, com suas insinuações estridentes e irresponsáveis, estava pondo em risco a segurança da minha família. E nunca o perdoarei por isso”, disse.
As demais memórias se afastam da polêmica, embora não faltem reflexões sobre seu extraordinário papel como a primeira mulher afro-americana de um presidente dos EUA.
“Nem por um segundo pensei que o cargo seria fácil e glamouroso. Ninguém a quem se aplicam os adjetivos ‘primeira’ e ‘negra’ poderia pensar isso”, explica Michelle. “Eu era mulher, negra e forte, algo que para certas pessoas queria dizer ‘zangada’. Era outro clichê prejudicial, algo que foi usado sempre para encurralar as mulheres das minorias”, completa.
Ser reduzida a um estereótipo racista incomodava Michelle, mas ela tentou não cair na armadilha e manteve a cabeça erguida, exemplificando o lema que popularizaria durante a campanha eleitoral de 2016: “Quando eles se rebaixam, nós nos elevamos”.
Michelle dedica a primeira parte do livro à sua infância e adolescência em um pequeno apartamento de um bairro humilde de Chicago, em uma família descendente de escravos.
Sua análise sobre as divisões de raça e classe, o machismo e a educação pública abrem passagem para uma segunda parte com foco no início de sua vida com Barack Obama, por quem se apaixonou com “uma explosão de desejo, gratidão, satisfação e espanto”.
A ex-primeira-dama, uma brilhante advogada formada em duas prestigiadas universidades, reconhece também que sentiu um “pingo de ressentimento” no início da carreira política do marido, que a relegou a ser “mãe trabalhadora em tempo integral e mulher em meio período”.
Michelle confessa que ela e Barack fizeram terapia de casal para superar esses atritos e as sequelas de um aborto espontâneo, que os levaram a conceber por meio de fecundação in vitro suas duas filhas, Malia e Sasha.
As memórias de Michelle prometem agitar a política em um momento no qual começam a ser especulados possíveis candidatos democratas para as eleições de 2020, mas ela continua firme diante do clamor de seus admiradores.
“Não tenho nenhuma intenção de me candidatar a nenhum cargo público, nunca”, garante ela no livro. (Com agências internacionais)
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